Em um artigo recente, a Folha de São Paulo se mostrou um tanto preocupada com a ascenção de memes sobre política, que segundo o site seriam uma forma de “violência política”.

O texto chega até mesmo a citar um relatório emitido pelos pesquisadores Fielitz e Ahmed, da Radicalisation Awareness Network (RAN). No relatório intitulado “Não mais engraçado: o uso do humor por extremistas de direita”, os autores afirmaram que era importante estudar o que eles chamam de forma de comunicação violenta e que as organizações mundiais deveriam se atentar quanto a isso.

O autor do texto (identificado com o pseudônimo ‘AmericaLatina21’) afirma que andou estudando o fenômeno, e diz ser crescente entre bolsonaristas, o que o preocupa. Ainda segundo ele, essa forma de comunicação “violenta” é usada por grupos de “extrema-direita” como forma de normalização da violência contra determinados grupos, como homossexuais e negros.

Para ele, o fato de muitas pessoas, em geral bolsonaristas, rirem de memes que envolvam humilhação contra pessoas pertencentes aos grupos citados, sinaliza que estas mesmas pessoas possuem preconceitos “velados” e que utilizam deste de tipo de humor para externaliza-lo sem culpa.

Para ele, não há nenhum outro motivo para as pessoas rirem destes memes, sequer a possibilidade de simplesmente acharem engraçado. Também não cogita a possibilidade de muitas vezes ser uma sátira contra pessoas bem específicas destes grupos que pressionam por um tratamento privilegiado disfarçado de “justiça social”.

Talvez o viés ideológico do próprio autor do texto, onde tudo que saia do seu espectro de esquerda progressista seja jogado na “extrema-direita” cheia de ódio, seja a explicação mais plausível para esse seu julgamento.

Isso não anula o fato, é claro, de que muitos destes memes e piadas possam ser julgados de mau gosto e desrespeitosos. Mas há formas de lidar com este tipo de situação sem atacar a liberdade. Basta as próprias pessoas ofendidas boicotarem e proibirem em seu meio este tipo de discurso e conteúdo.

A liberdade de associação e desassociação, além de regras privadas em mídias e plataformas, inclusive no meio virtual, são a verdadeira solução ética e eficiente para evitar este tipo de coisa.

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