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Atualização: Em março deste ano havíamos escrito um artigo sobre a afirmação de Lula de que ele não dispensaria a possibilidade de indicar seu advogado Christiano Zanin como ministro do STF. O mesmo advogado que o defendeu contra as várias acusações contra ele, desde a participação no Mensalão até o caso do Triplex do Guarujá.
E isso vindo de alguém que afirmava em campanha que não indicaria amigo ou colega como ministro do STF. Bom, ele precisa pagar os favores, né?
Abaixo deixarei o artigo onde fiz uma análise do caso.
Nesta quinta-feira, Lula afirmou que não descarta a possibilidade de indicar Cristiano Zanin Martins, que cuidou de seus processos criminais, como ministro do STF. A informação foi dada em uma entrevista à BandNews, quando perguntado sobre quem indicaria como ministro do Supremo, já que existe a possibilidade dele indicar pelo menos três pessoas.
“Hoje, se eu indicasse o Zanin, todo mundo compreenderia que ele merecia ser indicado. Tecnicamente ele cresceu de forma extraordinária. É meu amigo, meu companheiro, como outros são meus companheiros” — disse Lula sobre a possibilidade de Zanin ser indicado à Corte.
O petista pode de indicar até três nomes, e o nome de Zanin tem sido apontado como um dos mais cotados para a primeira vaga. Ele aparece ao lado do nome apoiado por Lewandowski, Manoel Carlos de Almeida Filho, seu ex-assessor. Para quem acompanha os bastidores da sucessão, ambos são considerados favoritos.
Quem é Zanin?
Como já dito, Cristiano Zanin Martins atuou na defesa de Lula durante a Operação Lava Jato. Foi ele quem conseguiu o habeas corpus e com isso recuperou os “direitos” políticos de Lula. Graças a isso, Lula pôde se candidatar à presidência e ser eleito pela terceira vez presidente do Brasil.
Por meio dos apelos de Zanin e manobras do STF, Lula teve alguns processos que recebeu anulados e outros arquivados. Com isso, já não há mais nenhum risco de prisão para o petista. Ao menos no momento.
Além de ter atuado na defesa de Lula, ele também está atuando como advogado do caso polêmico entre a Americanas e o banco BTG.
Outro caso notório envolvendo o advogado ocorreu em setembro de 2020. Na ocasião, a casa de Zanin havia sido alvo de mandado de busca e apreensão emitido pelo juiz da Lava-Jato do Rio, Marcelo Bretas. Bretas investigava esquema de fraudes no sistema S e na Fecomercio fluminenses.
À época, Zanin considerou abuso de autoridade a “invasão” do escritório e da casa de um advogado com mais de 20 anos de carreira. A denúncia acabou sendo arquivada. Bretas, por sua vez, foi afastado esta semana pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Este último caso é um tanto suspeito, pelo fato do mandante da investigação ter sido afastado após a sua operação ter sido realizada. Isso nos leva a suspeitar das maquinações que operam às escondidas no sistema judiciário e no estado como um todo.
Indicação nada suspeita?
Lula nega que o fato de Zanin tê-lo defendido das acusações da Lava Jato seja determinante na indicação dele como ministro do STF. Apesar da indicação não ter sido concretizada ainda, já se pode ter certeza de que ela acontecerá e é mais do que evidente que há uma troca de favores.
Essa troca de favores já havia começado quando Zanin foi indicado por Lula para presidir a cooperação jurídica internacional como parte da equipe de transição. Para aqueles que enxergam além dos óculos romantizadores que a narrativa midiática tenta nos impor, a política é muito mais movida por troca de favores do que pela busca do “bem comum”.
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