Partes do discurso proferido pelo presidente Lula que foi pronunciado durante o 26° encontro do Foro de São Paulo se espalharam pela Internet e chocaram grande parte dos brasileiros. Dentre outras afirmações, o petista comentou que a “extrema-direita” acusa a esquerda de ser comunista e ele afirma que é algo da qual eles deveriam se orgulhar. Os presentes no evento deram uma salva de palmas como sinal de concordância com o discurso do presidente.
Abaixo você pode conferir o trecho em vídeo:
A acusação de ser comunista sempre foi algo que incomodou a esquerda mais “moderada” que apoia Lula, sendo tomada como mera “teoria da conspiração”. Em um tuíte do ano passado, o famoso youtuber Felipe Neto (que chegou a demonstrar apoio à Lula até algum tempo) afirmou que tal acusação era uma mera tática para demonizar a esquerda:
Por que dizem que o Lula é comunista? É simples de entender… pic.twitter.com/SuSjc7DMYf
— Felipe Neto ? (@felipeneto) October 8, 2022
Agora os críticos de Lula têm uma prova da própria boca de Lula de que tal acusação não é sem fundamento:
Lula acaba de afirmar que tem orgulho de ser chamado de COMUNISTA.
— Rubinho Nunes (@RubinhoNunes) June 30, 2023
Quero ver agora o malabarismo que a imprensa limpinha vai fazer para continuar dizendo que Lula é um democrata. pic.twitter.com/K5uTyAVBgh
Como Rubinho Nunes mesmo perguntou: como a grande mídia (assim como a esquerda simpática à Lula) irá justificar essa fala de Lula enquanto nega que ele seja comunista?
O estigma do comunismo
Já é de longa data que o fantasma do comunismo – devido às experiencias de regimes sanguinários como a extinta URSS e a China Maoista – assombra grupos que se identificam como direita no Brasil. É verdade que muitos governos usaram de tal medo como justificativa para impor outra tirania no lugar, como bem mostrado pelo economista e filósofo libertário Murray Rothbard, em ‘A Traição da Direita Americana’. No entanto, é inegável que tal medo não é desprovido de suas razões, uma vez que experiências socialistas totalitárias ainda existentes, como a Cuba castrista, Venezuela chavista, Nicarágua e Coreia do Norte ainda estão aí impondo seus regimes sanguinários.
E o fato de líderes socialistas, como Lula, insistirem em uma aproximação com ditadores como Daniel Ortega e Nicolás Maduro, faz com que as pessoas fiquem um tanto apreensivas e preocupadas com que tipo de políticas eles pretendem impor aos seus respectivos países. No caso do Brasil, 52% das pessoas entrevistadas pelo Data Folha no Brasil afirmaram ter medo de que Lula instaurasse um regime comunista no Brasil, tendo como referência as experiências desastrosas de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
“Ah, mas isso não é comunismo”
A afirmação de que tais regimes não sejam comunistas ou que não haja a mínima possibilidade do Brasil se tomar comunista é bastante comum nos círculos mais intelectualizados da esquerda, como se isso pudesse desmerecer a preocupação de pessoas receosas de tal regime. Obviamente que o comunismo vai muito além dos regimes citados, que poderiam ser melhor descritos como socialismo totalitário e que o comunismo de conselhos e o anarcocomunismo estariam muito distantes de tais regimes (ao menos na teoria).
No entanto, quando boa parte do público que teme o comunismo fala em tal ideia, são os regimes socialistas totalitários presentes em Cuba, Venezuela e Nicarágua que eles têm em mente. Quer chamemos tais regimes de comunistas ou nos refiramos à eles pelos nomes que lhe cabem, a preocupação com a possibilidade de um regime similar se instaurar no Brasil não é uma preocupação “boba”.
E é falso afirmar que algo similar a tais regimes não possa vir a existir no Brasil. O próprio Lula simpatiza com as políticas estabelecidas em tais países pelos regimes socialistas que a eles governa. Se ele até agora Lula não aplicou tais políticas, foi devido à oposição tanto dentro do Congresso quanto por parte de boa porção da população brasileira.
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