Ao decorrer desta série aprendemos que não existe almoço grátis, mas que há como sim ofertar produtos e serviços sem que o público pagante seja o consumidor final, e fomos mais longe: aprendemos também que só é unicamente possível realizar isto de maneira racional, eficiente e justa através de meios privados, ou seja, não compete e nem poderia competir, a um Estado tal poder.

Todavia, ainda existe ao menos um nicho específico de “defensores do Estado” a ser abordado: aqueles que o advogam para “causas nobres”. Mais especificamente, aqueles que acreditam no aparato de coerção como um Robin Hood. Os mesmos que o apontam como um Robin Hood as avessas, mas que no fim das contas, não deixam de delega-lo a tal função “matriz” de proteger, e dar de comer aos pobres e indefesos.

Esta visão quase que heróica do Estado não poderia ser mais ilusória. Não é física ou teleologicamente impossível que um governo tire pouco dos ricos e distribua entre os miseráveis, mas por outro lado, ainda sim parte de expectativas ingênuas. A injustiça de tal ato, assim como suas consequências econômicas e sociais são catastróficas, foram e ainda são frequentemente abordadas por diversos autores libertários, como: Murray N. Rothbard e Hans-Hermann Hoppe; e não é o foco deste texto.

O que cabe-me trazer aqui é frustrar as expectativas daqueles que esperam com que o Estado seja um aparato heróico algum dia, e para isto, devemos falar de incentivos. É suficiente para esta análise, apenas que eu coloque algumas cartas a mesa. A ação humana é, e deve ser estudada em uma estrutura de meios e fins, além das categorias que daí derivam. Destas categorias, importa-nos aqui apenas uma, que é a dos custos. Sendo incisivo e direto: toda ação busca a maior satisfação alcançável pelo agente, e para isto, dentro das possibilidades almejadas de igual benefício, busca-se aquelas que possuem menor custo, e toda ação possui um.

Há outro ponto importante: elevar-se ao Estado é obter o monopólio sobre as leis e a coerção “legítima”, ou seja, possuir o poder de mandar e desmandar na vida alheia, de não ser questionado, de aumentar os próprios ganhos e impor a própria visão utópica de mundo, em que a paz e o bem pairam unicamente os próprios anseios e julgamentos, tudo isso sob a proteção de fuzis, tanques, caças e outros aparatos como a propaganda, a academia, os intelectuais orgânicos, etc.

Verdades postas: é possível questionar qual será a tendência para aqueles que tomaram o poder? Por um lado, pode-se buscar ser o “bom engenheiro social”, o político refinado e popular. Por outro, há no leque a chance de obter, ou comprar seguidores quase que religiosos e viver sob a custa e proteção destes, sem que estes questionem até onde você, como rei, deva ser abençoado com as graças mundanas cedidas por Deus, frutos de absoluto trabalho nenhum.

De fato, a ação humana não é previsível em uma equação exata, e a segunda opção, menos custosa, pode não competir aos anseios de satisfação daquele que tomou o Estado. Porém, a diferença entre “ter tudo a custo de nada” e “ter pouco enquanto pode-se ter tudo” cria uma tendência intensiva para que se busque a primeira opção. Pior ainda: uma vez que o Estado é, intrinsicamente, um aparato que serve ao mal dos indivíduos por sua violência inata, não age só como um agente corruptor, mas também como um ímã para que, aqueles que busquem domá-lo, sejam os mais narcisistas, sociopatas, manipuladores e “discretamente” violentos.

O Estado não é só contraproducente e injusto, mas também desnecessário, quando almeja-se ajudar os pobres. É perfeitamente possível e plausível que se faça tal sem roubar de outrem, ou seja, sem agredir alguém. Negar isto é negar o trabalho milenar de igrejas, de orfanatos, de indivíduos que sacrificaram, muitas vezes do pouco do que tinham, para dar ao próximo. É apelar a própria ignorância e a falta da busca por tais exemplos, para advogar a tomada dos bens alheios pela força em nome da própria má fé. Deixarei ao fim deste texto links e fontes com autores que tiveram melhor trabalho, em comparação ao meu, para citar tais exemplos.

Por fim, cito aqui uma frase, da qual desconheço a autoria, mas que ouço frequentemente: caridade forçada não é caridade. É uma agressão que, como qualquer outra, aumenta a preferência temporal e limita os recursos do indivíduo atingido, forçando com que este direcione seus bens que antes seriam destinados a fins secundários, como guardar ou doar , para fins primários, como: se alimentar ou pagar uma dívida.

O Estado, como em qualquer serviço pelo qual clamam-no como necessário, faz a sua velha máxima: quebra suas pernas, lhe dá amuletas, e diz que sem ele, tu serias incapaz de andar.

Uma história de sucesso: instituição de caridade da iniciativa privada – https://www.institutoliberal.org.br/blog/uma-historia-de-sucesso-instituicao-de-caridade-da-iniciativa-privada/
Caridade Privada – Capitalismo Malvadão – https://www.youtube.com/watch?v=Ks8is2OvtII
25 maiores instituições beneficentes dos EUA https://forbes.uol.com.br/listas/2017/12/25-maiores-instituicoes-beneficentes-dos-eua/
Para melhor caridade, retire do governo a função assistencialista – https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2816
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