Na manhã da última quinta-feira (5), a Polícia Federal havia iniciado a Operação Zangão com o intuito de prender pessoas envolvidas no comércio “ilegal” de colmeias e enxames de abelhas sem ferrão em Goiás. A PF afirma que a operação visa combater a extinção das espécies de abelhas sem ferrão que estão em extinção. No entanto, evidências científicas mostram que a domesticação pode evitar a extinção de espécies.

Operação Zangão

Durante a Operação Zangão, a PF apreendeu duas caixas de colmeias abandonadas pelos enxames de abelhas sem ferrão que nelas habitavam. O dono das caixas abandonadas não foi encontrado.

Durante investigação, a PF descobriu que o comércio do mel raro se dava por meio de anúncios publicados na internet. Dependendo da raridade da espécie da abelha (a PF não divulgou o nome), o litro do mel pode chegar a valer R$ 1,8 mil e, um enxame de mesma espécie, de R$ 500 a R$ 700.

Combate à extinção?

A alegação de que o comércio de mel de tais abelhas poderia levá-las à extinção parece ser baseada no posicionamento de certos grupos ambientalistas radicais que afirmam que a domesticação pode extinguir espécies. A base desta alegação está em algumas questões, como que a domesticação reduz o número de exemplares de uma determinada espécie em seu habitat natural, além de interferir em seu processo evolutivo.

No entanto, tais preocupações parecem exageradas, já que a redução do número de exemplares de uma determinada espécie não leva necessariamente à sua extinção. Na verdade, não há um único caso comprovado de domesticação que gerou extinção de uma determinada espécie. Quanto à interferência no processo evolutivo, a domesticação apenas mudaria o curso da evolução, gerando novas variedades da mesma espécie.

Domesticação salva espécies da extinção

Enquanto não há nenhuma prova de que a domesticação leve a extinção das espécies domesticadas, o contrário é verdadeiro: a domesticação salvou diversas espécies da extinção, com alguns dos seus exemplares selvagens chegando a coexistir com os exemplares domesticados antes de desaparecerem, como foi o caso do auroque.

Um exemplo notável é o da chichila de causa longa, um mamífero oriundo da Cordilheira dos Andes, na América do Sul. A espécie foi salva da extinção graças aos 11 casais de chinchila levados para os EUA pelo engenheiro de mineração americano Mathias F. Chapman. A espécie estava à beira da extinção no século passado.

O mesmo poderia ser aplicado ao caso das abelhas sem ferrão, que poderiam ter sua reprodução continuada graças ao interesse comercial no seu mel. Um exemplo disso é a empresa de apicultura Sulmel, em Santa Catarina, que trabalha de uma forma diferenciada, movimentando suas colmeias de abelhas entre suas propriedades por ela mesma reflorestadas.

Além de garantir uma maior diversidade no sabor do mal dada a diversidade da flora de cada local, a ação ajuda na polinização das florestas por parte das abelhas, ajudando mais ainda na conservação das áreas reflorestadas. Algo que seria mais comum, se não fossem as fortes restrições do estado sobre tal atividade.

Abaixo, um vídeo do biólogo Richard Rasmussen sobre como o processo funciona:

Uma agressão estatal ao livre comércio

E não poderia deixar de falar, é claro, do ataque flagrante à liberdade dos apicultores prejudicados pela Operação Zangão. Tal operação apenas trouxe prejuízo para os produtores e os consumidores do mel das abelhas sem ferrão, interferindo em uma troca mutuamente benéfica entre as partes. Sem falar que, como já foi mostrado, a domesticação de tais abelhas pode evitar a sua extinção.

É evidente que neste caso há um conluio entre o estado, buscando manter seu controle sobre qualquer empreendimento de modo a evitar evasão fiscal e também proteger empresas do ramo já regulamentadas da concorrência, e os ambientalistas, que possuem sua visão romântica de uma natureza preservada a todo custo. Mesmo que às custas do bem-estar humano.



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