Ainda que a guerra entre a Rússia e Ucrânia esteja ocorrendo do outro lado do mundo em relação ao Brasil, fortes consequências da recente invasão russa ao território ucraniano já estão sendo sentidas imediatamente nos mercados globais, após o começo do conflito e podendo gerar um efeito em cadeia na economia brasileira. 

Em tempos de preocupações elevadas, como escalada bélica e situação de tensão geopolítica, países de quase o mundo todo se esforçam para pressionar a Rússia em retaliação pela invasão e o desastre humanitário sofrido pelos ucranianos. 

As sanções aplicadas à Rússia, por exemplo, a retirada de bancos do sistema internacional de pagamentos Swift e o congelamento parcial das reservas internacionais, podem inviabilizar as importações vindas da Rússia para o Brasil, mesmo que haja vontade de se fazer negócios.  

Quando observamos o cenário do comércio internacional, o grande risco para o Brasil por enquanto é não garantir suprimento de adubos e fertilizantes que já estavam sendo entregues. A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) assinala que existe risco que o estoque de fertilizantes do Brasil deve suprir somente pelos próximos três meses, segundo dados referentes do mercado

O temor bate frente com o dito pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, que afirma haver o bastante com duração até outubro deste ano. 

Com efeito, o conflito na Ucrânia pode impactar o setor agropecuário visto que o Brasil importa de Belarus e da Rússia um quarto de todo fertilizante usado por aqui. Com a Rússia e Belarus enfrentando sanções, o Brasil está cogitando negociar a compra de fertilizantes do Canadá, em hipótese da guerra se estender, esses produtos poderão se tornar escassos, fazendo seus preços subirem. 

Além disso, Tereza Cristina diz que a atenção sobre a safra de verão, como o milho, conta com conversas constantes com as indústrias, com produtores, com a parte logística e infraestrutura de modo a avaliar os cenários podem acontecer.

Para se ter uma ideia, a Rússia representa 62% das importações brasileiras de produto russo em 2021. No ano passado, esse insumo atingiu o valor recorde de US$ 3,5 bilhões, um aumento de 98% em comparação a 2020.

Outro fator que pode complicar essa situação é o bloqueio da Rússia do sistema de pagamento do Swift (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias), pois o desafio será garantir o abastecimento do mercado interno do insumo. A única alternativa é se os russos segurarem as exportações para valorizar o produto, já que não há opções no momento para os consumidores desse produto. 

Analistas preveêm que o conflito no Leste europeu pressionará a disparada da inflação no Brasil. Com uma piora do quadro inflacionário, o Banco Central pode ser levado a aumentar a taxa de juros, o que afetaria as perspectivas para o crescimento da atividade econômica nesse ano.  

Com base no Relatório Focus, a mediana das previsões para a inflação aponta para 5, 60%, e o mercado financeiro avalia que 2022 vai terminar com um PIB de 0,30%, taxa Selic de 12,25% ao ano e o dólar a R$ 5,50.

Shares:
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *