Em entrevista ao Estado de Minas, a economista brasileira, Sandra Utsumi – radicada em Portugal há 16 anos – afirma que está havendo uma grande fuga da classe média no país devido as baixas expectativas de melhoria econômica. Utsumi, que é diretora executiva do Banco Haitong, afirma que o Brasil está se tornando um exportador de mão de obra qualificada (predominante bens classe média do país) por não ter condições de gerar oportunidades melhores, principalmente para os mais jovens.
E mais:
Segundo projeções do Banco Haitong, o Brasil deverá crescer apenas 0,8% neste ano, e com previsão de apenas 0,3%, para o ano de 2023. A projeção não difere muito da que viu na última década, quando o Produto Interno Bruto (PIB) avançou para 0,3% ano.
Segundo Utsumi “é muito pouco para uma economia com o potencial da brasileira”. Para ela, o país não conseguirá se livrar da recessão que em que o mundo já entrou, com extensão prevista entre o último trimestre de 2022 e o primeiro de 2023. A contração econômica, combinada com inflação ainda alta e juros subindo, pesará fortemente sobre os consumidores, que serão duramente atingidos pelo desemprego e redução da renda (pela inflação).
Para Utsumi, o Brasil “deveria crescer, em termos reais, acima de 2% ou 3% ao ano”. Ela também afirma “o que avanço que o país viveu no boom do início dos anos de 1970 e na época do Plano Real é algo pouco esperado”. E ainda ressalta que “estruturalmente, o Brasil deveria, para competir com outros países emergentes, crescer consistentemente”.
Apesar das previsões do Banco Haitong, é possível que a desaceleração econômica seja muito maior do que o previsto, uma vez que o próprio índice de inflação ficou acima da previsão dos economistas e dos bancos centrais, mesmo com suas estimativas levando em conta os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia.
Aquilo que os economistas austríacos já alertavam nós últimos, já é admitido pelos economistas mainstream: a recessão econômica está vindo. E será destrutiva.