Ensino Domiciliar e Empreendedorismo – Uma Relação Espontânea

Nota do Editor | O texto abaixo relata o aprendizado adquirido através da relação familiar no cotidiano. Relação essa que pode nos blindar, em alguma medida, contra a influência estatizante que nos cerca.

O Exemplo Que Surge Cedo

Aprendi a palavra “empreendedorismo” quando tinha 12 anos. Eu tinha acabado de começar meu primeiro negócio, e minha mãe me informou que agora eu era uma “empreendedora”.

Eu não sabia o que a palavra significava, mas gostei do jeito que soou. Melhor ainda, eu gostava de ter um negócio. Eu estava vendendo bonecas feitas à mão, feitas dos modelos que eu mesma havia projetado.

Vendi cada uma por 24 dólares, e esse valor, aos 12 anos, era um bom dinheiro. Só precisaria de quatro vendas para ganhar quase 100 dólares, e eles aumentariam significativamente o saldo que rabiscava na tampa do meu cofrinho.

Esse número me animou quando comecei. Mal sabia eu que o superaria muitas vezes nos anos em que me mantive no negócio.

O dinheiro era legal. No entanto, o mais importante era estar aprendendo lições do mundo real, sobre a vida, negócios, habilidades e oportunidades que me serviriam bem em meus futuros empreendimentos, como entrar no mundo das startups e me tornar uma coach de desenvolvimento profissional.

Porém, isso não aconteceu até me tornar adulta, quando percebi o quanto foi vantajoso ter sido educada em casa e quanto adquiri do pensamento empreendedor. Há algumas razões tangíveis para isso.

Mergulhando no Mundo dos Negócios

Cresci vendo meus pais se envolvendo em negócios. Eu me sentava na mesa da cozinha para fazer contas pela manhã, enquanto minha mãe fazia o almoço a alguns metros de distância. À tarde, saía com meus pais para fazer tarefas, e assistia minha mãe fazer transações no banco e tomar decisões na loja.

Eu não percebi isso na época, mas o mundo de uma mãe educadora é muito diferente do mundo de uma mãe com filhos na escola pública.

O mundo da escola pública é dividido em segmentos: idade dividida por série e dias divididos por período. Isso acaba criando abismos entre a escola e o trabalho e as atividades cotidianas.

O mundo da educação domiciliar, por outro lado, é orgânico. É um mundo completo: trabalho e diversão, aprendizagem e recreação.

A Prática Imediata Aumenta o Nível do Aprendizado

O mundo adulto não é uma coisa distante para se envolver “algum dia”. É só uma parte da caixa de areia que as crianças brincam diariamente. Então as conexões entre o que “as pessoas fazem” e “eu poderia fazer isso” acontece organicamente.

Enquanto o aluno da escola pública está preso na sala de aula, a criança educada em casa está assistindo o jardineiro parar e cuidar do gramado do vizinho.

A possibilidade é apresentada: “e se eu fizesse isso?” Depois de um cortador de grama e um cortador de ervas daninhas, nasce um novo empreendimento de jardinagem.

Claro, isso não significa que um aluno de escola pública não possa começar um negócio também. Muitos podem, tenho certeza. Mas a criança educada em casa tem duas vantagens distintas:

  1. Elas têm mais clareza para as oportunidades de empreendedorismo.
  2. A chance de surgir oportunidades é maior, porque eles estão mais expostas ao mundo real.

Isso faz uma grande diferença.

Liberdade Para Buscar Oportunidades

Quando estava no meu primeiro emprego, lembro-me dos filhos do meu chefe, que foram educadas em casa, entrando no escritório para vender bolos.

Eles tinham feito a conexão. Seu pai tinha um monte de funcionários famintos, eles tinham habilidades na cozinha, e essas duas coisas anda bem juntas. Eles fizeram cookies, Rice Krispy Bars e alguns cartazes bonitos e trouxeram para o escritório numa sexta-feira por volta da hora do almoço. Se bem me lembro, tiveram bons lucros.

Empreender é Praticar

É nossa inclinação natural, quando crianças, imitarmos o comportamento dos outros no mundo real. Pense em quanto as crianças pequenas adoram brinquedos como caixas registradoras e cozinhas.

Crianças pequenas tendem a brincar imitando; quando as crianças envelhecem, elas começam a gravitar em direção à emulação e experimentação do mundo real.

Quando há menos distinção entre coisas que você “tem que fazer” e coisas que você “quer fazer”, entre “coisas de criança” e “coisas de adulto”, é muito mais fácil para os mundos se misturarem.

E, em um nível prático, as crianças educadas em casa têm mais tempo. Se você não está esperando por sinais, intervalos e outros alunos, seu trabalho escolar não demora muito.

A maioria das crianças com que eu crescia, podia fazer seu trabalho em duas ou três horas por dia, o que as deixava com o resto do dia para brincar. Literalmente. Eles podiam brincar, explorar seus interesses, se divertir.

Como a Brincadeira Evolui Para o Empreendedorismo?

Muitas vezes, é uma transição orgânica das brincadeiras para o empreendedorismo: uma linha tão tênue que nem é perceptível a olho nu.

Comecei meu negócio de construir bonecas por acidente. Eu estava brincando com padrões de tricô, encontrei uma ideia de que gostei e fiz a boneca – apenas por diversão.

Então eu dei para minha irmãzinha como um presente – apenas por diversão.

Uma das mães educadoras que eu conhecia amou a boneca e perguntou se ela poderia comprar uma. Fiz um modelo personalizado e vendi – apenas por diversão.

E então eu percebi que era um processo que eu poderia aperfeiçoar – e ganhar dinheiro com isso. E, lentamente, minha capacidade para encontrar as oportunidades surgiram. Mas tudo se originou da brincadeira.

No Ensino Domiciliar a Criança é Tratada Como Indivíduo

Há muitas coisas valiosas pelas quais somos naturalmente atraídos. Mas é só quando nos é dada a liberdade para brincar, explorar, experimentar e descobrir como elas são valiosas podemos mantê-las.

E já que estamos apenas brincando, é sempre divertido. E como é sempre divertido, continuamos. E já que continuamos, é mais provável que tenhamos sucesso.

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Artigo escrito por Hannah Frankman, publicado em FEE Stories, traduzido por Isaias Lobão, adaptado por Billy Jow.

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