Depois de dez anos como secretária em uma construtora, Ana Lúcia perdeu seu emprego. Ela ficou preocupada e começou a pensar no que fazer. Porém, precisou organizar a festa de aniversário de seu filho, cuidou de tudo: doces, decoração, bolo. A festa foi um sucesso, elogiada por todos, e amigos começaram a pedir dicas para as próprias festas.

Ana Lúcia teve uma ideia: “Por que não transformar isso em um negócio?” Empolgada, começou a estudar o mercado, fornecedores e tendências. Passou noites sem dormir, planejando cada detalhe de sua nova empreitada. E assim nasceu sua empresa de organização de festas infantis. Com esforço e dedicação, seu negócio deslanchou. Ela passou a ser conhecida por sua criatividade e perfeccionismo, sempre superando as expectativas de seus clientes, que não hesitavam em indicá-la para outros.

Tudo parecia caminhar bem, não fosse por um pequeno detalhe: o Estado. A avalanche de impostos, taxas e a burocracia sufocante rapidamente transformaram o sonho de Ana Lúcia em um pesadelo. A cada nova contratação, um novo encargo trabalhista. A cada novo cliente, mais tributos e complicações burocráticas. As mãos do Estado sempre estavam estendidas, não para ajudar, mas para confiscar o fruto do seu árduo trabalho.

Ana Lúcia descobriu da pior maneira possível que o Estado não é o guardião do trabalhador, mas o seu algoz. Quanto mais ela se esforçava para crescer, mais era sufocada por um aparato estatal que incentiva o fracasso. Infelizmente, mesmo com talento e disposição, acabou sucumbindo ao mesmo destino de tantos outros empreendedores.

Quantos negócios promissores jamais veem a luz do dia por causa desse aparato parasitário chamado Estado? Cada imposto, cada taxa, cada regulação é um tijolo a mais no muro que separa o trabalhador de sua própria liberdade. Afinal, quem em sã consciência tentaria abrir um negócio, sabendo que o verdadeiro sócio, aquele que não investe, não trabalha e não arrisca nada, é o governo, sempre pronto a tomar sua fatia?

A complexidade do sistema tributário brasileiro, um verdadeiro manicômio fiscal, cria obstáculos significativos para o surgimento e o crescimento das empresas. Com uma das maiores cargas tributárias do mundo, as empresas são frequentemente obrigadas a destinar uma parte expressiva de seus recursos para o pagamento de impostos, o que reduz o capital disponível para investimentos e inovações.

Além disso, a multiplicidade de tributos, a exemplo do ICMS, PIS, Cofins, e ISS, gera uma confusão administrativa. As taxas escorchantes e o emaranhado fiscal são, na verdade, um fardo opressor que suprime qualquer chance de crescimento empresarial no Brasil.

E como se não bastasse, a burocracia age como uma segunda camada de opressão. Processos que deveriam ser simples e ágeis — como abrir uma empresa ou conseguir uma licença — transformam-se em um pesadelo sem fim. Cada carimbo, cada formulário, é uma pedra no caminho do empreendedor, forçando-o a dedicar recursos e tempo apenas para manter-se em conformidade com as estúpidas exigências estatais.

Exigindo uma equipe robusta e especializada para gerenciar a conformidade fiscal, essa carga impõe um peso ainda maior sobre pequenos e médios negócios, que acabam desperdiçando tempo e recursos preciosos em burocracias administrativas, ao invés de direcioná-los para a produção e o crescimento sustentável.

De acordo com o Banco Mundial, o empresário brasileiro é obrigado a desperdiçar 1.958 horas anuais apenas para cumprir as exigências burocráticas do sistema fiscal. Essa energia poderia ser direcionada para inovações, captação de novos clientes e aprimoramento de sua equipe, mas ao invés disso, é drenada pela interferência estatal. Não surpreende que o Brasil ocupe a 125ª posição no ranking global de ambiente de negócios, atrás de países como Argentina e Paraguai. E, como sempre, quem mais sofre são os pequenos empresários, esmagados pelas exigências tributárias e regulatórias.

Esse entrave é um resultado direto do intervencionismo, que sufoca os investimentos e restringe o acesso ao crédito. Com taxas de juros exorbitantes e escassas linhas de financiamento para novos empreendimentos, o empreendedor brasileiro enfrenta enormes dificuldades para expandir seus negócios. No Brasil, o sucesso é penalizado com mais impostos e regulamentações, criando um ciclo vicioso que impede o florescimento do mercado. Mesmo o Simples Nacional, uma tentativa de aliviar a carga fiscal, ainda pune o empreendedor de sucesso, pois à medida que sua receita cresce, ele é castigado com uma carga tributária ainda mais pesada.

Empreendedores como Steve Jobs, Jeff Bezos ou Larry Page e Sergey Brin, que começaram seus negócios em garagens, jamais teriam florescido no Brasil. Jobs, por exemplo, iniciou a Apple com apenas mil dólares, quantia que seria insuficiente para sequer cobrir as despesas de deslocamento para Brasília, onde teria que gastar muito mais em hotéis, viagens e, principalmente, no trabalho de cortejar tecnocratas. Esses “favor” do Estado, seja a autorização para fabricar, o certificado de registro ou a licença de produção, seriam os obstáculos iniciais que bloqueariam qualquer chance de sucesso.

Em um ambiente verdadeiramente livre, esses empreendedores se concentraram no que realmente importa: a inovação e a criação de valor. No Brasil, porém, o Estado cria barreiras artificiais que só beneficiam aqueles com acesso privilegiado ao poder, penalizando o pequeno empreendedor que deseja apenas oferecer algo novo ao mercado. Ao invés de liberar as forças produtivas do país, o intervencionismo estatal age como um guardião das ineficiências, protegendo burocratas e elites estabelecidas, enquanto sufoca a inovação e impede que os mais talentosos e criativos prosperem.

No Brasil, não nos falta talento. Temos pessoas tanto ou mais brilhantes que os empreendedores de outras nações, prontas para inovar e criar valor. A diferença essencial, porém, está no ambiente institucional em que essas pessoas são forçadas a operar. Em economias mais livres, os empreendedores são incentivados, suas ideias são premiadas, e os riscos que assumem são recompensados pela possibilidade de sucesso no mercado. Aqui, no entanto, nossos empreendedores são tratados como criminosos em potencial, constantemente caçados por um aparato regulatório que mais parece um esquema de extorsão legalizado. As mentes mais brilhantes da nossa nação são sufocadas por uma burocracia que age como uma rede de pesca, prendendo a criatividade e a iniciativa sob o pretexto de “regulamentação”.

Enquanto isso, os verdadeiros criminosos — aqueles que perpetram o verdadeiro roubo sistemático — estão confortavelmente instalados atrás de suas mesas de escritório, redigindo regulações estúpidas e arbitrárias que nada mais são do que um convite ao suborno e ao favoritismo. Eles não produzem nada de valor; pelo contrário, extraem riqueza daqueles que trabalham e inovam, criando uma classe parasitária de burocratas que prosperam apenas pela coerção e pela força. Em um cenário assim, o progresso e a criação de riqueza tornam-se impossíveis, pois o Estado age como o maior obstáculo ao livre mercado e à iniciativa individual. Ao invés de encorajar a produção e a cooperação voluntária, ele incentiva a submissão e o medo, promovendo um ambiente onde apenas os privilegiados ou os que jogam pelas regras corruptas conseguem sobreviver.


Shares:
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *