Com a recente invasão por parte da Rússia à Ucrânia, algumas dúvidas surgem a respeito dos motivos para esse ataque. Frente ao excesso de informações vindas por todos os lados, organizamos os principais fatos a respeito do tema.

Primeiro, iremos aqui entender a situação do território ucraniano em seu contexto político. A Ucrânia, apesar de ser um país pequeno territorialmente, em comparação com a Rússia, é um local onde há muitas divisões étnicas.

Em algumas partes, como na Crimeia, Donetsk e Carcóvia, de forma predominante a população fala russo. Sendo assim, há uma grande influência étnica e cultural da Rússia nessas regiões a leste da Ucrânia, diferentemente da parte mais ocidental, como Kiev e Liviv. Em cidades como Donetsk, por exemplo, muitos desejam se tornar parte da Rússia, iniciando movimentos separatistas.

Não por acaso, Putin resolveu tirar proveito disso para alegar que a “operação militar especial” no leste ucraniano é para “proteger aqueles que se consideram russos”, pois estaria acontecendo um genocídio de pessoas da etnia russa na região leste ucraniana. Porém, com esta invasão, a Rússia está descumprindo um acordo político chamado Memorando de Budapeste que diz respeito sobre Garantias de Segurança.

Memorando de Budapeste

O Memorando de Budapeste foi um acordo político assinado em 5 de Dezembro de 1994, em Budapeste, na Hungria, após à adesão da Ucrânia ao Tratado de Não-proliferação de Armas Nucleares, oferecendo garantias de segurança por seus signatários que, em troca, segundo o tratado, garantiria a segurança ao uso da força contra a integridade territorial, a independência política da Ucrânia e também de segurança contra ameaças.

Originalmente, foi assinado por três potências nucleares: Estados Unidos, Reino Unido e Rússia. Porém, França e China logo após emitiram declarações de formas individuais como garantia. Com isso a Ucrânia cedeu todo seu arsenal, que era considerado o terceiro maior arsenal de armas nucleares do mundo.

Ucrânia buscando a Otan como forma de defesa

A entrada da Ucrânia para a Otan se dá ao fato de, em 2014, Putin ter anexido a região da Crimeia à Rússia, descumprindo assim, por parte da Rússia, o memorando de Budapeste.

Com isso, a Ucrânia pediu ajuda da Otan, estando temendo novas investidas do lado russo. Porém, pediu ajuda pelo fato de a Otan ser um tratado de defesa – Como dito no artigo 5° do tratado do Atlântico Norte, criado em 4 de abril de 1949, em Washington D.C., Estados Unidos – não de ataque, como foi algumas vezes alegado, não havendo nenhuma ameaça aos russos.

O acesso russo as águas quentes

Este é um dos fatos mais importantes para a Rússia, pois sem a Ucrânia – mais precisamente a Crimeia, que atualmente é um território anexado da Rússia – os russo não possuem acesso aos portos de água quente, que no caso é o Mar Negro. Isso se dá pelo fato de que sem a Ucrânia a Rússia não possui uma rota de saída para o mundo naval. Pois o acesso que tem, como no caso do porto de Vladivostok, suas águas congelam durante 4 meses do ano e está cercado pelo Japão. Porém, do outro lado do território russo há o Báltico, que para sair é necessário passar pelos estreitos da Dinamarca e Noruega, ambos países membros da Otan.

Estados Tampões

Os Estados Tampões surgiram para definirem territórios que são geralmente neutros, estando localizados entre fronteiras de dois países ou potências que estavam competindo.
No caso da Rússia, a Ucrânia era um de seus estados tampões, pois visava sua proteção contra o Ocidente.

Questões emocionais entre russos e ucranianos

Há forte laços históricos, religiosos e culturais entre ambos os países. Isso se dá pelo fato do antigo Povo Rus ser considerado ancestral comum de bielorrussos, ucranianos e russos. Seus primeiros ancestrais haveriam surgido em Kiev, e só depois migraram para a região de Moscou. Sendo assim, na visão de Vladimir Putin, eles seriam “um único povo”.

A economia russa

Para Navalny, um crítico de longa data do governo Putin, a invasão ao território ucraniano foi realizada para que seja encoberta a degradação da economia russa. Ou seja, devido a economia russa se encontrar em condições ruins, o “fator Ucrânia” seria um ótimo pretexto para que seja desviado o foco.

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