Escrito por: Paulo Costa (@PauloDroopy) e Elaine M. C. de Oliveira
Revisado por: Gabriel Barnabé (@GB_Barney01)
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A qualidade de ensino a qual seus filhos recebem sempre foi uma das maiores preocupações dos pais. Eles procuram sempre o que é melhor para suas crianças e escolher entre diversas escolas, sejam estatais ou privadas, caso possam pagar, acaba sendo um desafio, mesmo no mercado de ensino atual.E eles não estão errados em serem tão exigentes, contudo, há uma falsa sensação de poder de escolha a qual muitos não enxergam. Não existem, de fato, tantas diferenças assim quando se trata do conteúdo ensinado e do método para fazê-lo. Mesmo aqueles os quais optam por uma das “melhores escolas do país” acabam sofrendo com isso.
O problema está justamente no modelo aplicado atualmente, em especial no ensino estatal. O que acontece quando se coloca os alunos em sala de aula, sem se preocupar com suas peculiaridades em relação à aprendizagem, é justamente a tentativa de igualá-los à força [1]. Todos os responsáveis pela aplicação desse modelo se esquecem que eles não sabem de todas as necessidades de cada estudante, dos objetivos dessas crianças e de seus pais. Cada indivíduo é único e tem o seu próprio ritmo de aprendizado, leitura e raciocínio. Quando um aluno não consegue acompanhar o professor e o restante da sala, ele é reprovado como forma de punição e, quando é o caso de um estudante com uma maior facilidade para assimilar a matéria do que o restante da sala, ele é impedido de pular a série ou de ignorar as matérias as quais já sabe, sendo obrigado a diminuir o seu ritmo para acompanhar os demais. Essa tentativa pífia de igualar todos faz com que os dois extremos sejam prejudicados e tenham a ajuda necessária ou a possibilidade de se destacarem completamente negadas.
Os problemas da rede pública vão além dos citados acima. A falta de professores, a superlotação de alunos, com salas chegando a comportar até 40 alunos, profissionais desmotivados ou sem recursos para trabalhar, falta de segurança, prédios sem estrutura ou completamente vandalizados, servindo como depósito de crianças apenas. Todos os anos, uma legião de analfabetos funcionais, incapazes de interpretar um simples texto e que possuem dificuldades de se expressar e entender conversas do próprio cotidiano, são empurrados para frente e se formam sem saber o básico ou sem ter aprendido o que realmente interessava.
O ponto em comum entre as escolas públicas e as particulares que mais chama a atenção é o currículo escolar. Ambas ensinam basicamente o mesmo conteúdo. Isso ocorre por causa da centralização e padronização impostas pelo Ministério de Educação, eliminando assim a competição e possibilidade de inovação no setor [2]. Não há pluralidade de ideias, como muitos dizem haver. Não existem outros currículos a serem seguidos e que competem com o MEC, sem mencionar a imposição estatal de matricular as crianças na escola a partir dos quatro anos de idade [3].
Alguns pais estão lutando contra essa imposição e optando por ensinar os seus filhos em casa, atendendo as suas necessidades de aprendizado, alcançando resultados significativos e conseguindo um maior controle sobre o material e a estratégia de ensino. Pais homeschoolers contam com o auxílio de plataformas de ensino online, como a Khan Academy, livros didáticos, apostilas e materiais dos mais diversos disponíveis na internet e de forma totalmente gratuita e também com a ajuda de outros pais os quais também praticam o que é conhecido como homeschooling [4]. No entanto, um problema com o qual quem opta por essa solução tem de enfrentar, causado, mais uma vez, pelo próprio estado. Os governantes ameaçam tirar a guarda de seus filhos e processá-los sob a alegação de abandono intelectual [5] simplesmente por se negarem a matriculá-lo em uma instituição educacional sob o comando direto ou indireto do estado, mesmo que eles estejam proporcionando uma educação superior àquela imposta pelo MEC.
O maior motivo para o estado caçar aqueles os quais fogem de seus métodos educacionais é garantir que seu controle sobre a população e a sua própria existência não sejam ameaçados. Somente através de uma educação compulsória, planejada de forma centralizada, os indivíduos podem ser condicionados a defender o estado e o coletivismo. Esse condicionamento faz com que os estudantes tornem-se gado estatal e façam tudo o que os governantes queiram, seja defender agressão ou o crime institucionalizado.
A educação domiciliar é uma das principais ferramentas para enfraquecer e, eventualmente, desmantelar o estado, acabando com o seu capital psicossocial, que, assim como o arrecadamento de impostos, é uma das principais maneiras dele se perpetuar. Isso deve ser posto em prática e defendido por todos aqueles os quais buscam por maior respeito à propriedade privada e liberdade de fazer o que bem entender com ela. É o poder de escolher como viver sua própria vida que está em jogo nessa guerra entre o estado e as famílias que decidem se isentar da educação por ele fornecida.
Referências bibliográficas:
[1] Murray N. Rothbard, Educação: Livre e Obrigatória, (Ed. São Paulo, Instituto Ludwig Von Mises Brasil), capítulo 2.2, página 33. Disponível em: <https://amzn.to/36H9mqC>
[3] https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm
[5] CP – Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 Art. 246 – Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.
Muito bom esse artigo!