Aumenta número de americanos portando armas carregadas diariamente

Porte de armas nós EUA

O número de proprietários de pistolas nos EUA que as portam carregadas dobrou de 2015 a 2019, de acordo com novas pesquisas conduzidas pela Universidade de Washington.

Os dados provêm da Pesquisa Nacional de Armas de Fogo (NFS) de 2019, uma pesquisa online com adultos americanos que vivem em lares com armas de fogo, incluindo quase 2.400 proprietários de armas de mão. Em comparação com estimativas de pesquisas anteriores conduzidas pela UW, o novo estudo sugere que, em 2019, aproximadamente 16 milhões de proprietários haviam portado uma arma carregada no último mês (bem acima dos 9 milhões em 2015) e 6 milhões haviam portado todos os dias (o dobro de 2015).

Publicado em 16 de novembro no American Journal of Public Health, o estudo também descobriu que uma proporção maior de proprietários de pistolas realiza o porte em estados com regulamentos de transporte menos restritivos. Nesses estados, aproximadamente um terço dos proprietários informaram ter portado suas armas no mês passado, enquanto, nos estados com regulamentações mais restritivas, apenas cerca de um quinto o fez.

“Entre o aumento do número de pessoas que possuem essas armas de fogo e o número de pessoas que as portam todos os dias, houve um aumento impressionante no porte de armas nos EUA”, disse o autor principal do estudo Dr. Ali Rowhani-Rahbar.

Outras descobertas relatadas no novo estudo foram que:

  • Cerca de 7 em cada 10 proprietários disseram que portavam uma arma carregada como proteção contra outra pessoa, muito acima do número de pessoas que disseram ter portado como proteção contra um animal, por exemplo, ou para o trabalho;
  • 4 em cada 5 proprietários que relataram portá-las eram homens, 3 em cada 4 eram brancos, e a maioria tinha entre 18 e 44 anos.

Os pesquisadores apontaram algumas limitações do estudo, tendo sido perguntado aos respondentes se eles as portavam, e com que frequência, mas não onde. É possível que uma pessoa residente em um estado com um tipo de restrição de permissão pudesse ter portado sua arma de mão em outro estado com leis diferentes. O estudo também não perguntou se o respondente portava uma arma de mão visível ou escondida.

Este gráfico mostra que a grande maioria dos proprietários de armas de mão justificou o porte como medida de proteção contra outra pessoa. Rowhani-Rahbar, et al./American Journal of Public Health

Embora os dados sejam de 2019, os pesquisadores dizem que as conclusões são oportunas, seguindo a decisão da Suprema Corte dos EUA que, em junho, derrubou uma lei que dificultava o porte de armas de mão no estado de Nova York. Os estados, em geral, têm se tornado menos restritivos ao longo dos anos em relação ao porte de pistolas – mais de 20 não requerem permissão para o porte atualmente, em comparação com apenas um estado em 1990. As diferenças destacadas neste estudo sugerem que este comportamento pode ser responsivo aos tipos de leis que regem o porte nos estados.

“A decisão da Suprema Corte já resultou no afrouxamento das leis relacionadas ao porte em alguns estados”, disse Rowhani-Rahbar. “À luz dessa decisão, nosso estudo reforça a importância de estudar as implicações do porte de armas de mão para a saúde e segurança pública”.

Texto original aqui

O infindável debate sobre as armas

Comumente em debates sobre esse assunto, surgem argumentos baseados em estatísticas. Um argumento feito pelos libertários, contudo, não se baseia em estudos com os efeitos de afrouxamento ou aperto de restrições, mas na própria legitimidade da existência de tais restrições.

O estado é um ente ilegítimo que exerce o poder pela força e pela manipulação da verdade. Todas as suas tentativas de exercer seu poder por meio de leis, decretos e normas são inválidas, pois sua própria existência não pode ser logicamente defendida.

O direito de propriedade privada não pode ser suprimido por estudos estatísticos. Mesmo que os estudos mostrem que a sociedade ficou pior com o afrouxamento de medidas, o argumento continua o mesmo, pois em nada tem relação com os efeitos da ação, mas com as características de seu fundamento.

Uma cidade privada pode restringir o uso de armas de fogo de seus habitantes pelo fato de ser propriedade privada de seus donos. O estado não possui esse direito, e os argumentos recheados de estatísticas fogem completamente do ponto principal.

Ainda, aqueles que desejam adquirir armas de fogo para causar dano e cometer crimes não são verdadeiramente limitados por leis e decretos. A possibilidade de causar dano pelo uso de um dispositivo ou objeto não pode ser utilizado como argumento para seu banimento, pois inocentes e aqueles que apenas querem se proteger e proteger suas famílias serão penalizados por erros que não cometeram.

Por fim, estudos que mostram pioras significativas na segurança pública com o afrouxamento de restrições ao porte e posse de armas de fogo devem ser encarados com suspeita, não apenas por existirem estudos que mostram exatamente o oposto, mas devido ao fato da imensa maioria dos proprietários de armas não a terem utilizado para cometer crime algum.

Quantos milhões de proprietários privados existem em países como Brasil e Estados Unidos? E quantos desses utilizaram suas armas legais para cometer crimes no mês passado? Para entender o que quero dizer, creio que essa pergunta nem mesmo necessite de uma resposta.

Gabriel Camargo

Autor e tradutor austrolibertário. Escreve para a Gazeta com foco em notícias internacionais.

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