Bolsa de Santiago despenca após vitória de Boric no Chile

Os ânimos não andam muito exaltados no Chile, ao menos na parte dos negócios. Nesta segunda, dia 20, Gabriel Boric se converteu o mais jovem presidente da história do país andino. No entanto, após esse resultado da sua vitória, o índice S & P IPSA iniciou o dia em queda de 7, 27%, e encerrou despencando em 6,18%, representando uma desvalorização de 5%. 

O dólar bateu a alta histórica de 878 pesos chilenos (R$5,77), superando o recorde anterior, ante aos 854 pesos, em março de 2020, marcado pela pandemia do covid-19. Havia, ainda, a expectativa de economistas, que a cotação da moeda norte-americana chegasse aos 900 pesos (R$5,91) até o fim do dia. Enquanto os rendimentos dos títulos de dólar disparavam, o ETF iShares MSCI Chile registrava queda de 7,7% nas negociações pré-mercado em Nova York. 

Para entender esse tombo, cabe analisar como os investidores tendem a  operar tendo em vista políticas que promovem mais liberdade ao mercado

Em sua agenda de governo, Boric pretende criar um estado grande, o que consiste no aumento da carga tributária aos mais ricos e as grandes empresas (principalmente a indústria mineradora), a extinção do sistema atual de aposentadorias para financiar um sistema público de contribuição universal —, sem maioria no congresso e população dividida.

O grande problema estará entre umas medidas que Boric pretende tomar, que é arrecadar mais para gastar mais e quando o governo começar a imprimir muito dinheiro na economia ao nível de ter mais moeda circulando do que o país adquire produzindo bens e serviços, a inflação se elevará (ou seja, diminui o poder de compra do consumidor). 

Consequentemente, o dinheiro perderá seu valor mais depressa e isso tornará mais complicado os investidores conseguirem “lucro” nos investimentos, já que eles necessitam se valorizar acima da inflação, se não fica num jogo de soma zero ou no prejuízo. 

O que esperar das promessas de Boric no Chile?

Aos 35 anos, Boric derrotou em uma disputa altamente polarizada o candidato de direita José Antônio Kast com 55, 9% dos votos.

Esse foi considerado o maior segundo turno de eleições no Chile (a cerca de 8,3 milhões de habitantes) desde a redemocratização, em 1988, e a primeira corrida eleitoral após os protestos de 2019, a qual manifesta  contra o governo de Sebastián Piñera, por diminuição da desigualdade social que culminaram com o apelo da nova assembleia constituição.  Boric esteve presente nas manifestações.

O presidente recém-eleito, dentre seus projetos, deseja implementar reformas na previdência, saúde, educação e a mais moderada tributária; inclusive temas como diversidade, minorias e mudança climática; expandir o estado para aumentar os gastos de programas sociais.

O Brasil não tem uma relação comercial tão estreita comparável com a Argentina, até por não fazerem divisa. 

A eleição de Boric deve mostrar um afastamento ainda mais profundo dos países latino-americanos por conta das diferenças ideológicas dos governos, mas a aproximação entre os países pode ser determinada logo em 2023, com o governo que ganhar as eleições no Brasil em 2022. 

 

Lucas Guimarães

Internacionalista e cursando MBA em Gestão de Negócios. Atualmente, trabalha na consultoria ULTRAMARES NEGÓCIOS INTERNACIONAIS e integra o grupo internacional Students for Liberty Brazil.

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