A Crise energética na China e seus impactos sobre a economia global

Em virtude de vários fatores como: A alta de commodities, escalada do preço do petróleo e a promessa do governo de reduzir o consumo de energia por estar em uma transição para “energia limpa”, dentro outros – tudo isso têm impactado e provocado uma crise energética na China. Dado esse cenário, fornecedores já estão sentindo os efeitos no abastecimento de cadeia global

O que está acontecendo na China? 

No final de Setembro, a China começou a deflagrar uma série de apagões programados e blecautes repentinos em suas duas principais metrópoles, Pequim e Xangai, deixando em torno de 48 milhões de pessoas sem energia. Essas medidas extremas fazem parte da sequência de políticas que estão sendo tomadas pelo Partido Comunista da China (PCC) em busca de controlar a crise de energia que assola o país. 

Ruas sem iluminação, elevadores desligados, fábricas sendo orientadas a interromper a produção e, até atingindo lojas e residências. Nas províncias do nordeste do país a situação é ainda mais avassaladora: de acordo com David Fishman, pesquisador de política energética da China e gerente da Consultoria Lantau, ao menos 20 províncias da China foram instruídas a racionalizar energia. 

Algumas áreas fornecem 5 dias e param 2 dias, outras suprem 3 e cortam 4 dias, outras ainda oferecem 2 dias mas paralisam 5. Como resultado, a tendência é de aumentar todos os custos, de commodities à material de embalagens, até mão de obra e operação dos portos.

A crise que primeiramente era observada sob uma perspectiva limitada ao território chinês está ganhando tal proporção ao passo que cada vez mais subsidiárias de empresas globais estão cessando suas operações. No mês passado, alguns fornecedores da Apple, a exemplo da Eson Precision, encerraram suas cadeias produtivas por mais de 1 semana, tendo seus custos de operação elevados pelos cortes de energia.

Em resposta à crise energética, as autoridades locais têm dito para as empresas “ativar mecanismos de economia de energia e encolher a produção”, como aconteceu com a Apple, Tesla, Pegatron e tantas outras que operam no país. 

De onde vem essa crise? 

A China enfrentou uma situação semelhante em Julho, mas desta vez o momento está sendo chamado de “tempestade perfeita”. Suas indústrias estão sendo sobrecarregadas pelo alto preço de energia e cobranças de Pequim para cumprir seu compromisso de diminuir as emissões de carbono. 

Em setembro, o noticiário internacional repercutiu que a China não pode conter o estouro da bolha imobiliária no setor que gira 25% da segunda maior economia do mundo. O conglomerado Evergrande , com seus 3 milhões de funcionários, derrubou as bolsas ocidentais e fez desaparecer US $305 bilhões de créditos e recursos de fornecedores e compradores de 1,6 milhões de habitações não entregues. 

Por outro lado, o mundo continua sofrendo por um contexto de preços altos de petróleo e gás por causa da queda de estoques em período de recuperação de consumo no conjuntura de pós-pandemia da covid-19. 

Quanto à China, analistas do Goldman Sachs e Namura Holdings prevêem uma derrubada nas projeções do crescimento econômico, o PIB: de 8,2% para aproximadamente 7,7% .  

Em face à crise energética global, o governo chinês restringiu não somente a oferta interna, mas também procurou adaptar seu modelo para alcançar as metas de emissão neutra de carbono até 2035, e não ficar atrás da hegemonia dos EUA nesse quesito. A medida é cheia de boas intenções, mas imperativa e sem preparação de transição. Em resumo, o governo central decretou uma série de cortes à produção de carvão (sua principal matriz energética) e restringiu moderadamente o fornecimento de energia a várias províncias de forma autoritária.

Conclusão

Essas crises todas, na China, revelam o quanto o mundo é ainda dependente desse país, desde insumos básicos à logística internacional. Os fornecedores já aguardam duas coisas: preços mais elevados e atraso nas entregas causadas pela escassez e no transporte global. Enquanto governos socialistas dizem que “a economia a gente deixa pra depois”, o estado impõe regras que afetam drasticamente o setor produtivo e pior, o dia-a-dia do cidadão comum de gerar renda e garantir o sustento para sua família. Algo tão essencial como energia elétrica, é simplesmente tirado das pessoas num estalar de dedos pois a grande máfia controla tudo, deixando a população à mercê de suas vontades – agora você tem energia, agora não tem! Hoje você usa carvão para gerar energia, amanhã não… Até quando?


Lucas Guimarães

Internacionalista e cursando MBA em Gestão de Negócios. Atualmente, trabalha na consultoria ULTRAMARES NEGÓCIOS INTERNACIONAIS e integra o grupo internacional Students for Liberty Brazil.

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