Entrevista com um dos fundadores do Instituto Hoppe

Hoje entrevistamos Rick Theu, participante e um dos fundadores do Instituto Hoppe. Confira o que ele tem a nos dizer:

  • Quem é Rick Theu?

Eu sou um homem simples. Praticante de leitura, humor negro, adoro filosofia, liberdade e conversar. Cursando bacharelado em direito, tentando um mestrado em filosofia, escrevi alguns artigos e dois livros de ficção, ajudei a traduzir alguns livros, fiz algumas aparições em Podcasts. Sou um amante de café e churros. Esse é o resumo da ópera.

  • Como surgiu o seu interesse no libertarianismo?

Surgiu no ensino médio — na época das pedaladas da Dilma Rousseff e fui procurar sites sobre economia e estudos. Acabei caindo em Marco Filósofo, Mídia sem Máscara (Olavo) e Ideias Radicais. Deste último fui me adentrando no meio libertário brasileiro, tais como Instituto Mises Brasil, Instituto Rothbard, Universidade Libertária e outros. Nesse interim fui vendo alguns vídeos, mas rapidamente parei e passei a apenas ler os livros dos autores da Escola Austríaca de Economia. Paralelamente, a filosofia me causou espanto na escola com Descartes e disso passei a ler mais sobre, comprando livros e percebendo que a Escola Austríaca de Economia também desenvolvera uma filosofia além da economia política. Nisso vi que o libertarianismo era uma doutrina multividente. Logo depois, em um post do Facebook, vi um link pra grupo no Whatsapp chamado Dont Tread on Me (não pise em mim), então passei a fazer parte do meio libertário na internet — onde também conheci o VAP.

  • Como surgiu a sua ideia de parceria com o Vinícius para criação do Instituto Instituto Hoppe?

Foi ideia de uma brincadeira mas que ganhou corpo com tempo. Depois de fazer alguns trabalhos de diagramar alguns arquivos de uns livros, a gente passou a trabalhar mais a ideia de fazer um site de posts diários — não ocorre no nosso, infelizmente — e depois que soubemos que o livro “Man Economy and State” poderia ter sido lançado mas não foi e outras obras foram lançadas, passamos a almejar traduzir as obras que entendemos ser importantes pro libertarianismo, e que são desprezadas pelos grandes centros.

  • Além dos projetos de tradução de livros e produção de artigos, que outros projetos você pensa em fazer no Instituto?

O Instituto Hoppe tem como projeto além dos livros, fazer tradução de palestras e sair do papel o Hoppecast (não roubem o título, por favor) que seria um podcast de entrevista e bate papo com pessoas do meio libertário desconhecidas mas influentes também.

  • Quando você decidiu se dedicar ao Direito? Era um interesse antigo, dos tempos de infância e adolescência, ou surgiu apenas na reta final do Ensino Médio?

Eu escolhi o direito no ensino médio. Nunca tive uma profissão na infância que me cativasse. No ensino médio eu queria economia e filosofia. Mas economia não fechou turma e filosofia eu não via mercado de trabalho. Fiz umas pesquisas e vi direito. Então li alguns livros, gostei e optei pelo curso – não me arrependo. Pretendo seguir na carreira e me aprofundar mais.

  • Quais intelectuais brasileiros e estrangeiros que marcaram até o momento a sua vida?

Não sou um grande conhecedor de intelectuais brasileiros. Nem mesmo estrangeiros eu conheço tantos, mas os principais são Kant, Hoppe, Taleb, Mises, Platão, Aristóteles e Epicuro. A filosofia ocidental como um todo, principalmente no aspecto de ideias de liberdade, dúvida, propriedade, crítica ao estado, busca por conhecimento reconhecendo a limitação, sempre foram meus alicerces. Mas acho que já tive momentos que gostei de Hume, Nietzsche, Sartre e Demócrito. Do Brasil eu li Pondé — e gosto até certo ponto. Também há Clóvis de Barros, que me inspiro como docente e amante da filosofia. Não digo que gosto ou me influencio por MFS por não ter lido, mas parece ser bacana. Miguel Reale também é alguém que marcou minha trajetória, mais pelo seu curso de direito do que por minha admiração por ele.

  • Dentre esses que foram citados, quais são os que fariam parte dos livros de cabeceira, sem os quais não poderia ficar?

Os principais livros que li e que acho que não poderia ficar sem são TSC de Hoppe, CRP de Kant, Ação Humana de Mises – talvez fundamento último e cálculo econômico também. Ética da liberdade de Rothbard e a coleção de história de filosofia, também meu dicionário de filosofia. Esses livros eu folheio toda semana. Sempre presentes.

  • O que você acha das críticas dos neoiluministas ao Libertarianismo?

Acho as críticas falaciosas e desonestas. Acho que foi um movimento passageiro que teve sua apoteose com o embate contra o libertarianismo mas que depois não deu certo, não vejo mais como relevante.

  • Quais grupos políticos você enxerga como uma maior ameaça ao libertarianismo? Socialistas ou Liberais?

Pra mim a política é o inimigo do libertarianismo por ser uma forma sistemática de agressão. Não importa qual. O socialismo é perigoso pela intensidade da agressão, o liberalismo pela mentira e por confundir a imagem do libertarianismo. Vejo ambos como nefastos e que devem ser combatidos. Não sou adepto a ideia de menos pior. O mal é o mal. O maior, o menor, o do meio. Se tiver de escolher, eu prefiro não escolher nenhum — mesmo que eu sofra as consequências.

  • Muitas páginas de filosofia nas mídias alternativas, dentre elas vale destacar o CoA (Contra Acadêmicos), colocam as ideologias como um obstáculo  para as pessoas entenderem a realidade. Libertarianismo é ideologia? 

Depende do que você define como ideologia. Não vejo como o libertarianismo deturpa a realidade. Ele não cria nenhum ente abstrato fictício — como luta de classes ou coisa do gênero. Ele apenas diz que é ilegítimo agredir a propriedade de alguém pacífico. Isso impede alguém de entender a realidade?

  • Como você analisa os libertários que defendem e se dizem pró Bolsonaro? Isso manchou o movimento pela luta da liberdade no Brasil?

Não gosto de movimento libertário. Sou adepto de difundir a ideia de forma honesta e orgânica, sem tentar controlar ou centralizar. Eu tento passar de uma forma simples, mesmo que a curto prazo seja fraco, creio que será mais importante lá na frente. Eu entendo a defesa do Bolsonaro por parte dos libertários, mas não apoio. Acho que tira o foco da ideia central e relativiza a integridade da doutrina. Quando passamos a nos unir com um adversário, automaticamente abandonamos parte de nós para estar com ele, mesmo que a finalidade seja “um mal menor”. No final, você optou por não seguir sua doutrina na totalidade para unir-se com outro inimigo. No final, você prefere brigar do que defender sua ideia.

  • Murray Rothbard é o maior e mais importante nome do Libertarianismo?

Rothbard é um ‘monstro sagrado.’ Creio que ele é o principal. Hoppe é muito importante também, mesmo não tendo — na minha visão — a envergadura intelectual do Murray. Os outros também são ótimos, como Salerno, Rockwell, Kinsella, Block. Todos geniais, mas ainda sim vejo Rothbard acima, junto de Rick Theu e VAP na torre dos Titãs do intelecto superior ??

  • O que você acha da inciativa da Gazeta Libertária? 

A ideia do Gazeta me parece ótima. Mais uma plataforma pra trazer a ideia de liberdade e da propriedade privada. Quanto mais melhor, pois aí a competição vai fazer o negócio melhorar e se difunde ainda mais as ideias e traz mais consistência ao ideário.

  • Por último, e aproveitando para agradecer sua participação, qual mensagem deixa para os futuros libertários?

Não espere nada de ninguém e faça sua parte. O Libertarianismo está em suas mãos. Se fizer um pouco hoje, amanhã poderá ver uma mudança. Alguns homens precisam colocar a mão na lama para manter a dos outros limpas. Está na hora de sujarmos a nossa para que no futuro fiquemos limpos.

Na foto, Rick Theu. Contato via https://instagram.com/ricktheu?utm_medium=copy_link

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