O colapso da Evergrande

Como dito em outro artigo sobre o tema, o colapso da Evergrande Group, “é apenas questão de tempo para não apenas a Evergrand mas também todo o sistema imobiliário chines colapsar”.  Acontece que todo o problema que a construtora veio passando não é exclusividade dela, mas também de todo o mercado imobiliária chinês, e hoje isso já está bastante claro.

Incorporações como a Sinic, Fantasia, Kaisa, tsunake e outras, vem sofrendo bastante com a falta de vendas nas últimas semanas no país asiático, afinal com um mercado mostrando fortes sinais de fraqueza a confiança para um cliente antecipar 1/3 do valor de um imóvel não existe.

O receio desse cliente é compreensível, já que hoje existe a grandes chances de qualquer investidor/cliente do setor imobiliário na China de receber um grande calote/golpe, já que muitas das empresas desse mercado estão endividadas e sem vendas.

Tentativas da Evergrand de manter clientes

No dia 21 de outubro a evergrand decidiu para a surpresa de muitos, adiantar o pagamento de títulos de credores internacionais, quando o esperado foi de que a gigante chinesa efetuasse o pagamento de atrasados aos fornecedores, compradores de residências e credores locais.

O pagamento de Us$ 83,5 milhões de dólares nada mais foi do que uma estratégia de marketing para atrair mais investimentos para a empresa, com a ideia de transparecer tranquilidade, o que foi uma atitude precipitada e isso ficou claro com o quase calote ocorrido no dia 10 desse mês pela Evergrand.

A empresa falhou parcialmente no pagamento de 3 títulos no valor de 148 milhões de dólares ao Banco Alemão DSMA, conseguindo honrar apenas 2 dos 3 compromissos, tendo então que renegociar o título não pago, para quem não sabe a China Evergrande Group é a empresa que abriu os olhos do mercado global para a atual situação do mercado imobiliário chinês.

No momento, empresa está passando por um tipo de acordo chamado de “Grace period” (período de carência) no mercado financeiro, desde seu primeiro calote no mês de setembro. Esse acordo é uma forma de segunda chance que as empresas tem para pagar suas dúvidas após um primeiro calote, caso as empresas venham a falhar nessa fase, a declaração de calote pode ser efetivada, iniciando assim o processo de falência da empresa.

Uma vez que uma empresa declara falência abre-se um processo de venda forçada judicialmente, onde todos os bens da empresa são usados para quitar as dívidas junto a seus credores, que pode ser não apenas investidores, mas também: fornecedores, bancos, funcionários, governos.

Esse caso levantou ainda mais o alerta para a situação do mercado imobiliário chinês,demostrando sua atual fragilidade. Devido a tais acontecimentos, os investidores hoje apenas querem tirar seu dinheiro desse mercado.

Dificuldade em adiar a falência

Devido a toda essa falta confiança, nas empresas imobiliárias chinesas, os clientes (compradores de imóveis) também estão bastante receosos em adquirir qualquer imóvel de qualquer empresa imobiliária na China, já que não sabem quais empresas irão realmente entregar seus imóveis ou não, devido a falta de clareza nesse momento quais empresas estão trabalhando no negativo.

Todo esse cenário está fazendo com que exista uma pressão muito negativa para o mercado imobiliário chinês, como se não bastasse o setor está com uma dívida gigantesca, os investidores estão em fuga do país asiático devido não apenas a crise enfrentada no setor imobiliário, mas também devido a desaceleração da economia Chinesa, que aponta para o fim do ciclo de expansão econômica da China.

Além da fuga de investidores e a desaceleração econômica, os clientes das empresas de imóveis na china já estão sem coragens/confiança de efetivar compras por não terem segurança de que irão receber sua casa caso seja encomendada, formando assim um cenário perfeito para a destruição de um mercado.

As datas para o possível anúncio de falência já são especulados por muitos do mercado de investimentos, tendo como maior probabilidade da data de 28 de dezembro deste ano, onde a empresa terá que honrar um pagamento de 50.4 milhões de dólares, e se baseando em indícios da atual situação da empresa, acreditasse ser muito difícil.

Segundo o Finanvel Times a China Evergrande Group desistiu das negociações para descarregar uma participação em seu braço de administração de imóveis e disse que as vendas de imóveis despencaram cerca de 97% durante a temporada de pico de compra de casas, piorando sua crise de liquidez.

Em declarações à bolsa de Hong Kong na noite do dia 20 de out, a Evergrande acrescentou que não fez nenhum progresso nas vendas de ativos e pode não ser capaz de cumprir suas obrigações financeiras. Suas ações despencaram até 14% na quinta-feira, após retomar as negociações após uma paralisação de três semanas.

Dificuldade de em manter acordos

Já em noticia do dia 20 out dada pela Bloomberg afirmava que a Evergrande, controlada pelo bilionário Hui Ka Yan, disse que encerrou as negociações para vender 50,1% de suas ações na Evergrande Property Services Group Ltd. por cerca de HK $ 20 bilhões ($ 2,6 bilhões. As negociações, no entanto, não terminaram com êxito para a gigante asiática, não conseguindo efetivar a venda, alegando difícil negociação frente as dividas da empresa.

Segundo palavras da empresa: o acordo de administração de propriedades desmoronou mesmo depois que funcionários do governo da província natal de Evergrande, Guangdong, ajudaram a intermediar as negociações.

O revés vem dias antes do fim do período de carência de um cupom de bônus em dólar que Evergrande deixou de pagar em setembro. A nota de 8,25% do desenvolvedor com vencimento em março de 2022 estava sendo negociada a 23,8 centavos de dólar na quinta-feira (21 out), mostram dados compilados pela Bloomberg.

Economia chinesa fortemente atingida pelo problema

Hoje as cidades chinesas são as cidades mais alavancadas no mercado imobiliario do mundo, prova disso são os dados de preço de imoveis frente a renda do cidadão chinês, onde mostram que para a aquisição de uma casa hoje em Beijing (Pequim) um chines levaria em media 16 anos e 9 meses para conseguir pagar, isso se aplicasse toda sua renda no pagamento desse imovel.

Frente a todo esse cenário, as ações das empresas imobiliária Chinesas apenas derretem no último ano com a Evergrande liderando a corrida ao fundo do poço já perdendo mais de 87% do valor de mercado apenas esse ano, seguida pela Fantasia, empresa voltada para a construção de edifícios de classe média na china que teve uma queda de 81% no seu valor de mercado no período de um ano e em terceiro lugar vem a Kaisa com 77,2% de desvalorização também no período do último ano.

Todas as empresas vêm sofrendo com o mesmo problema falta de liquidez e como consequência de tal ausência de dinheiro acabaram dando calote em seus compromissos, sendo esse o reflexo do atual mercado imobiliário chinês.

Empresas estrangeiras também são atingidas

E não é apenas o mercado Chinês que vem sofrendo com tamanha crise, ela também atingiu muitas empresas estrangeiras, especialmente os bancos, segunda uma análise de fundos emitida pela Morningstar mostra que UBS, Blackrock e HSBC (Maior banco Inglês) estavam acumulando mais títulos do desenvolvedor até recentemente, quando já estava claro que a empresa (evergrand) estava passando por dificuldades financeiras.

O UBS aumentou sua participação nas emissões da Evergrande em 25 por cento entre janeiro e o final de maio em seu fundo asiático de bônus de alto risco, ficando altamente exposto a crise.  

O colapso da Evergrand é iminente

O cenário atual pressiona fortemente o mercado imobiliário chinês para uma falecia inexorável, para assim consequentemente esse mercado passar por uma correção, correção essa que já ficou claro para muitos que é necessária, pois um mercado com 60 milhões de imóveis vazios não é um mercado saudável com eficácia, uma hora ou outra a conta de todo esse desperdício de recursos iria chegar.

Após anos de incentivos estatais com programas de ajuda a moradia, hoje o mercado imobiliário chinês agoniza em busca de algum milagre para sair dessa situação e a China se vê em uma situação bastante complicada, tendo seu segundo maior mercado de geração de emprego desmoronando, trazendo um risco enorme a sua economia como um todo, fique atento aos próximos capítulos dessa história.

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