Não é de hoje que Lula e os demais petistas se referem ao impeachment sofrido por Dilma, em 2016, como “Golpe”. Tal afirmação sempre foi uma tática do PT para dar a ideia de que o partido sofria perseguição política.
No entanto, o velho discurso, pronunciado por Lula em uma conferência recente na Bolívia, se mostrou um tiro no pé do petista. A acusação de golpe atingiu em cheio vários apoiadores do impeachment de Dilma, e causou revolta até entre aliados do atual presidente.
Temer rebate a acusação
Michel Temer (MDB), ex-presidente interino do Brasil, sempre foi o principal alvo da acusação de “Golpe” contra Dilma. No entanto, dessa vez o emedebista resolveu se manifestar contra a acusação.
“Ao contrário do que ele (Lula) disse hoje em evento internacional, o país não foi vítima de golpe algum. Foi na verdade aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição.”
escreveu Temer nas redes sociais.
Ainda em resposta à acusação de que teria destruído o Brasil, Temer afirmou que:
“as únicas coisas que destruiu durante seus dois anos e meio na Presidência foram os índices econômicos negativos”.
Reação negativa até entre aliados
O discurso de Lula sobre o “Golpe” recebeu reações negativas até de alguns aliados do seu governo. Afinal, entre os que votaram a favor do impeachment da Dilma, estão alguns ministros do petista.
Entre eles estão Simone Tebet, Juscelino Filho, André de Paula, Paulo Teixeira e Paulo Pimenta. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), criticou a fala de Lula.
Segundo ele, ao afirmar que o impeachment contra Dilma foi “Golpe”, Lula estaria incluindo a atual ministra do Planejamento, Simone Tebet, por tabela.
O presidente ataca sua ministra do Planejamento chamando-a, por tabela, de “golpista”. Tebet votou a favor do impeachment de Dilma. Dividir o governo e o Brasil: o que o país ganha com isso?
Pedido de impeachment contra Lula
Houve até quem pedisse impeachment contra o petista pelo discurso sobre o “Golpe”. O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), protocolou um pedido de impeachment contra Lula.
A justificativa é a de que o presidente estaria cometendo crime de responsabilidade ao tratar a retirada de Dilma Rousseff do poder como “golpe”.
Segundo o deputado:
“Ao afirmar em discurso oficial e público que o impeachment de Dilma Rousseff foi um golpe de Estado, Lula atenta contra os Poderes e contra a Constituição Federal.”
O impeachment de Dilma
Desde que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment os petistas inconformados vem afirmando que tal processo foi um “Golpe”. Esse jargão vem sendo usado deste então para afirmar que havia uma conspiração política contra o PT (e isso inclui as acusações contra Lula na Operação Lava Jato).
Golpe ou jogada política?
Todo estado é um golpe na figura institucionalizada do roubo em larga escala, como diria o economista e filósofo Murray Rothbard. A própria estrutura estatal efetiva um golpe permanente contra as liberdades individuais.
No entanto, cada estado possui seu modus operandi e os mecanismos que seus defensores reconhecem como “legítimos”. Por mais que nenhum estado seja legítimo do ponto de vista ético/libertário, o impeachment é um processo “legítimo” a partir do ponto de vista do sistema democrático.
Caso algum impeachment tenha ocorrido de acordo com a Constituição de um determinado país, não é possível considera-lo como um golpe. E como é apontado por vários especialistas na constituição brasileira vigente, Dilma foi devidamente deposta devido ao crime de irresponsabilidade fiscal.
Sendo assim, a grande questão pode ser respondida: Dilma sofreu um golpe? Do ponto de vista democrático, não.
Ainda assim, um verdadeiro golpe contra todos os indivíduos brasileiros permanece em voga todos os dias: a dominação e expropriação destes por meio do estado.
Fora isso, é evidente que opositores políticos tenham aproveitado esse mecanismo “legítimo” como oportunidade para retirar Dilma do poder.