Durante uma conversa no podcast On Purpose with Jay Shetty, nos EUA, a cantora de funk Anitta defendeu que deveria haver um “teto de riqueza” limitando até quanto uma poderia manter consigo de renda. Em seguida, ela afirmou que o valor restante confiscado (obviamente pelo estado) deveria ser usado para “beneficiar a sociedade”.
Com seu discurso equivocado, Anitta repete o mesmo raciocínio falacioso de outros famosos que repetiram o mesmo, como o youtuber Felipe Neto.
“Ninguém deveria ter bilhões”
De passagem por New York, durante sua primeira turnê internacional, a funkeira afirmou durante sua participação no podcast On Purpose with Jay Shetty, que após um certo valor atingido por cada um, o dinheiro deveria ser doado e investido em projetos que beneficiem a sociedade. A cantora sugeriu a criação de “um limite de dinheiro que cada pessoa pudesse ter”. Também disse que cada um poderia ter até um certo valor, e que a partir dele a pessoa deveria “doar”.
A cantora reconhece que muitos merecem a fortuna que possuem, mas que mesmo nestes casos deveria haver um teto de riqueza:
“Entendo que o dinheiro vem para aqueles que trabalham duro, que se esforçam, mas, para além desse teto, você não precisa de mais. Ninguém precisa ter tanto. Você precisa dividir”
disse a cantora
Ela ainda sugeriu para que tipo de obras tal dinheiro deveria ser destinado:
“Se você quer construir uma escola, legal. Se você quer proteger a Amazônia, legal. Ninguém precisa de bilhões, estou falando de necessidade”
O raciocínio falacioso por trás da ideia de “teto de riqueza”
Anitta, com sua ideia de teto de riqueza, segue o raciocínio socialista falacioso de que há pessoas pobres porque há pessoas ricas. Ou seja, para alguns concentrarem riquezas, os demais devem ser empobrecidos.
Neste mesmo raciocínio, também há a ideia falaciosa de que a única forma dos mais pobres serem beneficiados seria por meio da expropriação da riqueza dos mais ricos. Tal raciocínio é fruto da visão equivocada da economia, é sempre um jogo de soma zero.
É verdade que, em alguns modelos econômicos, alguns indivíduos enriquecem somente às custas das demais pessoas. Um exemplo disso são as ditaduras socialistas, onde seus governantes enriquecem às custas do restante da sociedade. Os próprios estados em geral são assim, com os políticos e burocratas vivendo às custas do restante da sociedade.
Mesmo que hoje em dia grande parte das pessoas não enriqueça por meios legítimos, não é possível afirmar que todas as pessoas ricas tenham enriquecido por meios ilícitos.
De fato, a maioria das pessoas não vive em uma economia totalmente livre, e o Brasil é um dos países mais distantes disso. Mas mesmo nestes países, e no Brasil em particular, há pessoas que enriqueceram por meios legítimos ou sua herança pode ser rastreada até por empreendedores honestos.
Diferente do estado ou de qualquer forma de socialismo, em uma economia de mercado livre (mesmo que relativamente livre), indivíduos só conseguem enriquecer beneficiando outros indivíduos por meio dos seus produtos e serviços. Na mesma economia de mercado livre, indivíduos mais pobres podem melhorar sua situação graças à ampla oferta de empregos, ou até mesmo beneficiando consumidores com suas habilidades.
De fato, Anitta reconhece que grande parte dos ricos enriqueceu por meios honestos, mas nem mesmo estes ela poupa da sua proposta de teto de riqueza. Seu raciocínio segue o mesmo raciocínio equivocado de achar que a única forma de beneficiar os pobres é por meio da expropriação dos ricos.
Dando mais poder ao Leviatã
Além de tal medida ser antiética e antieconômica, ela gera resultados contrários aos desejados pelos seus proponentes. Defensores do teto de riqueza alimentam a ilusão de que o estado e seus representantes são pessoas sempre benevolentes e não indivíduos autointeressados. E no caso dos governantes e burocratas, podemos ter a certeza de que são um bando de ladrões.
Ao defender o teto de riqueza, seus proponentes acreditam que os políticos e burocratas irão de fato realizar as ações que eles esperam, como as citadas pela Anitta: proteção do meio ambiente, alívio aos mais pobres, investimento em saúde e educação, etc.
Basta um mínimo de conhecimento sobre como os estados realmente funcionam para saber que irão primeiro enriquecer a si e seus conchavos em primeiro lugar, bem como comprar apoio para suas políticas e investir em formas de se manter no poder. Óbvio que os políticos irão dar uma esmola aqui e acolá para enganar os incautos e fazer parecer que estão ajudando em algo.
Isso não é nada diferente do que políticos já fazem por meio dos impostos advindos da população, inclusive a mais pobre.
Que Anitta dê o exemplo
Se Anitta e outras celebridades que defendem teto de riqueza se preocupam tanto com os mais pobres, eles podem eles mesmos impor sobre eles um teto de riqueza e doar o valor excedente para a causa que acharem melhor. O que eles não deveriam é defender que pessoas que enriqueceram por meios honestos sejam expropriadas de sua riqueza.
E se Anitta e os defensores do teto de riqueza se preocupam tanto com os mais necessitados e com suas causas sociais e ambientais, eles mesmos deveriam dar o exemplo e renunciar a grande parte de sua fortuna. Ao menos seria algo voluntário e de quebra ainda coerente com o posicionamento deles.
E se querem combater toda forma de enriquecimento injusto, deveriam desprezar publicamente os regimes socialistas, bem como o próprio estado que enriquece políticos, burocratas e empresários politicamente conectados às custas da população, inclusive os mais pobres que eles dizem defender.