Neste artigo, a especialista em homeschooling, Nasiyah Isra-Ul, conta como apresentar histórias de sucesso da prática ajudou a quebrar os mitos e etigmas em torno da educação domiciliar.

Está aberta oficialmente a temporada de volta às aulas, e houve muito burburinho sobre como é o retorno às aulas dos alunos que estudam em casa e outros que estão em comunidades de aprendizagem não convencionais. Desde a pandemia de Covid-19, a educação não convencional tornou-se extremamente popular. As matrículas escolares continuam a diminuir à medida que mais famílias optam por sair do sistema único para outras opções, como microescolas e cooperativas.

Como alguém educado em casa e pesquisadora na área, venho observando de perto o crescimento expressivo do número de famílias que adotam esse modelo de ensino. Esse movimento tem influenciado a maneira como a grande mídia retrata a educação não convencional, com uma abordagem que, nos últimos anos, tem sido surpreendentemente mais positiva – embora ainda haja algumas exceções. No entanto, ainda parece que, para grande parte da sociedade, as pessoas não compreendem totalmente o que fazemos e por que escolhemos esse caminho, mesmo com o crescente aumento da população que opta pela educação domiciliar. Isso fica evidente no recente apelo da Scientific American para regulamentar a educação domiciliar a nível federal e na produção constante de conteúdo estigmatizante sobre a educação domiciliar nas mídias sociais.

Durante décadas, desde o surgimento moderno da educação domiciliar na década de 1970, ela foi erroneamente retratada como algo restrito a um grupo pouco diversificado, socialmente isolado e economicamente inacessível para a maioria dos americanos. Esses estigmas prejudiciais alimentam narrativas de que a educação domiciliar resulta em abuso, negligência ou falta de preparo acadêmico.

Felizmente, as coisas estão começando a mudar. A pandemia facilitou aos alunos que estudam em casa compartilharem suas experiências livremente e para os que não estudam em casa entenderem os benefícios da educação domiciliar, ajudando a quebrar estereótipos prejudiciais. Além disso, desde a pandemia, os números de educação domiciliar entre comunidades de baixa renda e minoritárias aumentaram drasticamente, levando mais pessoas a se envolverem em conversas críticas sobre os estigmas da educação domiciliar e como redefinir a narrativa.

Contar histórias pode mudar a narrativa

Quando adolescente, fundei uma organização sem fins lucrativos chamada Homeschool EmpowerED, que serve como uma rede nacional para promover a conscientização sobre a educação domiciliar e capacitar famílias e líderes que buscam encontrar ou criar comunidades de apoio usando a tecnologia. Sempre foi um meu sonho criar uma série de vídeos e curtas-metragens que mostrassem as experiências autênticas de famílias de diferentes origens que educam em casa. Meu objetivo é ajudar as pessoas a perceberem que o que estamos fazendo está transformando a educação para melhor.

No final do mês passado, o Homeschool EmpowerED lançou seu primeiro documentário em curta-metragem, destacando as diversas formas como a educação em casa acontece e fornecendo um olhar mais atento sobre o que é viver a vida como educador em casa. Este primeiro filme, I Am Homeschooled: Welcome to Virginia, concentra-se nos estudantes educados em casa na área de Richmond, Virgínia, onde moro; mas futuros filmes estão planejados para cidades em todo o EUA.

Poucos dias depois do lançamento, o vídeo alcançou milhares de visualizações no YouTube. O sucesso deste documentário provou ainda mais que contar histórias é uma parte fundamental da criação de mudanças sustentáveis. Quando as pessoas se veem ou se identificam com as experiências dos outros, torna-se mais fácil iniciar conversas significativas e encontrar um terreno comum. Precisamos fomentar essas experiências agora mais do que nunca para combater a desinformação e a oposição equivocada relacionada à educação domiciliar.

O que podemos esperar para o futuro?

Acredito que um ecossistema educacional expansivo e diversificado é um sucesso. Temos o poder de criar um sistema de opções de aprendizagem e comunidades interconectadas que podem ajudar cada aluno a atingir todo o seu potencial e se transformar em um adulto bem preparado nos EUA. A educação domiciliar é apenas uma parte desse movimento maior para tornar a aprendizagem acessível, personalizada e flexível para os alunos.

A educação domiciliar e outros modelos educacionais não convencionais continuarão a se expandir e prosperar, agora e no futuro. À medida que continuamos a combater estigmas e descaracterizações, podemos mostrar ao mundo porque educamos em casa e por que isso é importante no âmbito mais amplo da liberdade educacional. Ao continuar conversando com educadores, pais, formuladores de políticas, líderes educacionais, jornalistas e comunidades inteiras, podemos ajudar o mundo a nos ver pelo que somos: destemidos defensores da liberdade na educação.

Então, ao inaugurarmos um novo ano letivo, vamos tirar um momento para refletir sobre o quão longe chegamos nos últimos anos e talvez até pensar em maneiras de nos envolvermos na determinação de onde iremos a seguir. Afinal, a mudança começa quando usamos nossas vozes para contar nossas histórias e quebrar barreiras.

Artigo escrito por Nasiyah Isra-Ul, publicado no Foundation for Economic Education e traduzido por Isaías Lobão


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