A importância dos irmãos Lumière e de George Méliès para o cinema

A invenção do cinema foi bem complicada, uma espécie de corrida caótica. Entre os corredores estavam nomes como: Thomas Edison, George Eastman, W. K. L. Dickson, Louis Le Prince, Louis e Auguste Lumière, R. W. Paul, Georges Méliès, William Friese-Greene e Thomas Ince. Quando um obtinha vantagem, outro ultrapassava, e então um terceiro disparava à frente com uma nova invenção

Nenhum desses homens foi o único inventor do cinema e não há uma data precisa para seu nascimento. Em 1884, o industrial George Eastman, de Nova York, inventou o filme de rolo, em vez de em slides individuais. Na mesma década, o inventor Thomas Edison e seu assistente W.K.L. Dickson descobriram um modo de girar uma série de imagens estáticas em uma caixa que dava a ilusão de movimento e inventaram o cinetoscópio.

No final da década de 1880, na Inglaterra, Louis Le Prince havia patenteado uma máquina do tamanho de uma pequena geladeira e filmado na ponte de Leeds e em outros lugares. George Eastman voltou à corrida com uma nova ideia: furos ao longo da borda do rolo de filme, que permitiam mantê-lo corretamente preso na câmera. O problema central enfrentado por esses engenheiros, inventores e industriais era que uma fita de filme não podia mover-se continuamente diante de uma lente aberta da câmera. Ela precisava parar, expor-se por uma fração de segundo, depois avançar e repetir essa ação em stacatto: segurar-expor-avançar; segurar-expor-avançar.

Os irmãos Lumière, que vinham de uma família de fotógrafos, notaram que máquinas de costura funcionavam de maneira similar e adaptaram a tecnologia. Eles fizeram a caixa menor do que a enorme câmera de Le Prince e a retrabalharam de tal forma que seu cinematógrafo pudesse registrar e projetar imagens.

Esses detalhes mostram que a invenção do filme não foi trabalho de um só homem. Por sua vez, quando ficou claro que o cinema seria um fenômeno mundial lucrativo, muitos desses pioneiros tentaram obter os direitos autorais por sua contribuição para o processo. As batalhas pelos direitos foram desagradáveis, e cada pedacinho do processo entrou nas disputas judiciais.

Porém, mesmo com esse tumulto nos primórdios do cinema, ainda assim é possível exaltar as grandes contribuições de três nomes em específico para o que viria a ser conhecido como sétima arte. São eles: Auguste Lumière, Louis Lumière e Georges Méliès.

Irmãos Lumière pioneiros do cinema

Auguste Lumière à esquerda, e seu irmão Louis Lumière à direita. Ambos tiveram grande importância na origem do cinema. Fonte: história em Foco

A importância desses dois irmãos franceses é tão grande que historiadores reconhecem o dia 28 de dezembro de 1895 como o nascimento do cinema. Afinal, foi neste fatídico dia que os irmãos exibiram um programa curto com seus filmes documentários para um público pagante em uma sala no Boulevard des Capucines, em Paris.

Entre esses, incluía-se um filme hoje famoso em plano único chamado A chegada de um trem à estação de La Ciotat (L’arrivée d’un Train En Gare de La Ciotat). A câmera foi colocada perto dos trilhos, de modo que o trem aumentava gradualmente de tamanho conforme se aproximava, até parecer que atravessaria a tela e invadiria a sala. Conta-se que, na época, muitas pessoas na plateia levantaram-se assustadas, acreditando que um trem estava realmente entrando na sala.

Em pouquíssimo tempos, os irmãos Lumière enviaram filmes e projecionistas para todos os continentes com tal velocidade que, em um ou dois anos, a maioria dos países já havia visto o famoso trem em La Ciotat. Isso é impressionante se for falado que ainda estavam no final do século XIX.

Alguns dos filmes dos irmãos Lumière são: “A Chegada de um Trem à estação de La Ciotat”, “A Saída da Fábrica Lumière em Lyon” e “O regador regado”

Georges Méliès, outro grande pioneiro do cinema

George Méliès, outro grande gênio que contribuiu para origem do cinema. Fonte: The Famous Birhtday.

Georges Méliès foi o inovador, aquele que desenvolveu e possibilitou que o cinema pudesse se tornar uma arte por si, com suas próprias características. É graças às suas inovações que o cinema se expandiu tão rapidamente em seus primórdios.

E quais foram essas inovações? O que faz Méliès ser tão importante?

Considerado um dos melhores ilusionistas de sua época, Georges Méliès estava na platéia quando os irmãos Lumière exibiram pela primeira vez em público sua nova invenção, o cinematógrafo, o qual retratava a chegada de um trem na estação de desembarque.

Ele se apaixonou pelo que viu e então buscou comprar um cinematógrafo com os próprios irmãos Lumière, mas eles não quiseram vender, pois acreditavam que o cinematógrafo possuía fins científicos. A recusa não impediu Méliès, pois pouco tempo depois ele conseguiu um protótipo da máquina, e a transformação do cinema se deu graças a essa aquisição, a sua inventividade e suas habilidades como ilusionista.

E o provável começo dessa transformação se deu após um problema em seu protótipo de cinematógrafo. Um dia, enquanto filmava um ônibus em movimento, a câmera de repente pifou. Ao voltar a filmar, um carro fúnebre aparecera no lugar do ônibus e, ao assistir a filmagem, Méliès percebeu que o ônibus “se transformara” em um carro fúnebre. Nascendo assim o que ele chamou de Stop Trick (literalmente truque de parar).

Fundou uma companhia cinematográfica, a Star-Films, e montou estúdios de gravação equipados com uma série de funcionalidades, como iluminação (natural e artificial), cenários amovíveis, camarins e instalações para os atores, zona técnica, etc. Foi aqui que desenvolveu tudo aquilo que viria a se tornar a sua imagem de marca e futura linguagem do cinema, combinando artes teatrais, tecnologia e efeitos especiais. Alguns dos modernos processos de montagem nasceram nestes estúdios, como o corte, a paragem da câmara, o stop-motion, a sobreposição de imagens, as transições por dissolução (fade-in, fade-out), a manipulação gráfica da imagem, a utilização de ilusões de óptica e muitos mais.

Méliès possui em sua vida prolífica mais de 500 filmes, apesar de que muitos se perderam. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, as pessoas não tinham mais tempo nem disposição para consumir filmes, o que foi levando cada vez mais Méliès à falência. Em ataques de fúria ele chegou até mesmo a queimar cenários, figurinos e filmes. Fora que para tentar amenizar a crise financeira ele buscou vender alguns de seus filmes, e o destino deles foi uma empresa que os derreteu visando transformá-los em produtos químicos para serem utilizados para fazer as solas de sapatos. Consta que ainda sobraram pouco mais de 200 de seus filmes.

O de maior destaque é o reverenciado “Viagem à lua”, de 1902. Uma obra excepcionalmente longa para a época, com 14 minutos. A imagem fantástica do foguete atingindo um olho na lua viria a tornar-se um dos grandes ícones visuais do século XX.

Cena em que icônica do filme ‘Viagem à lua’, de George Méliès. Fonte: Terra.com.

Conclusão

Planos, cortes, close-ups e movimentos de câmera – são esses os elementos técnicos causadores de emoção da produção cinematográfica em seus primórdios. E é inegável que Georges Méliès foi o grande responsável por algumas dessas e até de outras inovações. Como também é inegável que as contribuições dos irmãos Lumière foram a porta de entrada para o que o cinema viria a ser. E apesar da tendência realista em seus filmes, que deve-se ao interesse puramente científico dos irmãos, ainda assim ambos dedicaram seus esforços a construir imagens e registrar o mundo. Mas a sua importância reside acima de tudo, no fato de terem sido uma alavanca para a construção e propagação dos primeiros filmes.

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