As verdadeiras causas da atual crise econômica

As verdadeiras causas da atual crise econômica

Que uma crise econômica iminente se aproxima é algo que nem os economistas mainstream e chefes dos bancos centrais negam. No entanto, erram em apontar a paralisação da economia durante a pandemia e a guerra na Ucrânia como as causas principais da atual crise que está tomando conta do mundo.

A explicação para a crise atual já foi dada pelos economistas austríacos. Estes mesmos economistas já alertavam sobre a crise nestes últimos anos após a crise de 2008. Eles também já apontavam para as verdadeiras causas que foram muito anteriores as citadas pelos economistas mainstream.

E é justamente a Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE) que será usada para explicar atual crise econômica (e que também explica as crises anteriores).

Pandemia e guerra na Ucrânia intensificaram a crise, mas não a causaram

Muitos economistas tentam apontar a paralisação da economia devido as políticas de combate ao Covid, e também a guerra da Ucrânia, como as causas da atual crise econômica que está em andamento. De fato ambos os acontecimentos causarem uma desaceleração da economia e crise de abastecimento.

Os próprios lockdowns impostos pelos governos acabaram gerando sérios prejuízos para as empresas e indivíduos, algo que já havia sido alertado, principalmente pelos economistas austríacos. Mesmo que a doença tivesse um certo risco, não parecia razoável arriscar a sobrevivência e bem estar das pessoas, além de ser antiético impor uma paralização em suas atividades.

A guerra da Ucrânia também trouxe sérios impactos econômicos. Por um lado, a guerra obstruiu canais de escoamento de produtos da Rússia e Bielorrússia. Por outro, as sanções impostas contra a Rússia privaram os países dos principais produtos exportados por esse país.

Apesar destes acontecimentos terem impactado fortemente a economia mundial, eles não são a causa principal da crise. Na verdade, fazer as pessoas crerem que essas são as causas – além de ser um equívoco – impede de entenderem as verdadeiras causas, que se ignoradas, continuarão a serem colocadas em prática e ameaçar cada vez mais o bem estar da sociedade.

A TACE nos fornece a explicação correta.

A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos como explicação da crise

A Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos (TACE) foi desenvolvida inicialmente pelo economista Ludwig von Mises, e teve sua exposição ampliada por outros economistas, como Murray Rothbard e Jesus Huerta de Soto.

Segundo a TACE, a expansão da oferta de dinheiro pelos bancos centrais e o estado gera uma queda artificial na taxa de juros, o que leva os produtores a obterem mais crédito facilmente e dar início a projetos de longo prazo, que demandam mais recursos.

Tal processo seria sustentável em uma economia baseada em poupança, que aumentaria a oferta de crédito e recursos disponíveis para sua produção. No entanto, a impressão de dinheiro pelos bancos centrais causa uma distorção deste processo natural de geração de riqueza.

como bem explica o economista Robert Murphy:

“Para mover o maior volume de empréstimos, os bancos têm que reduzir as taxas de juros, mas esta redução não se deve a uma mudança genuína na poupança ou nas preferências das famílias. Ao contrário, o corte nas taxas de juros reflete meramente a vontade dos bancos comerciais de reduzir a quantidade de reservas que eles estão mantendo para “respaldar” seus depósitos de clientes existentes. O influxo de novos créditos e taxas de juros mais baixas provoca um boom. Os empresários fazem cálculos baseados no “crédito barato” e iniciam projetos de longo prazo, contratando trabalhadores e licitando os preços das matérias primas. Enquanto a política de crédito barato continuar, as pessoas se sentirão prósperas.”

No entanto, Robert Murphy alerta que tal processo não poderá durar por muito tempo:

No entanto, o boom não pode durar. Só porque os bancos comerciais decidem emprestar dinheiro – mesmo que as famílias não tenham se engajado em mais economia – e cortado as taxas de juros, na verdade não cria mais barris de petróleo bruto, capacidade de fábrica ou estoque em armazéns. Se a economia estava originalmente em um equilíbrio de longo prazo com a taxa de juros mais alta, agora está embarcada em uma trajetória insustentável com a taxa de juros artificialmente mais baixa.”

E continua

Durante o boom, alimentado por um influxo de financiamento não garantido e crédito artificialmente barato, os empresários embarcaram em todos os tipos de projetos que eram praticamente insustentáveis: simplesmente não havia economias “reais” suficientes para completá-los todos.

Quanto mais cedo os empresários perceberem o erro de seus caminhos, melhor. Dito isto, quanto mais cedo os bancos acabarem com suas políticas de crédito barato, mais rápido eles poderão apodrecer investimentos ruins no início.”

Isso é inclusive a explicação para a formação de bolhas seguidas da expansão da oferta de dinheiro pelos bancos centrais, como foram os casos da Crise dos Pontocom e Crise dos Subprimes (2008), todas previstas pela economistas austríacos.

No entanto, ao invés dos governos deixarem os maus negócios quebrarem, eles mantém o estímulo artificial do crédito para que esses negócios continuem funcionando. A desculpa para isso é “não podemos permitir o desemprego”.

O problema é que enquanto mais investimentos continuam sendo direcionados para os projetos de longo prazo, eles são desviados da produção de bens mais demandados pela consumidores agora. Isso aumenta a escassez de bens de consumo mais desejados pela público, enquanto recursos são investidos em negócios inviáveis no cenário econômico presente.

Há outro efeito pernicioso associado a expansão da oferta de dinheiro:

Os primeiros recebedores – trabalhadores dos novos negócios, fornecedores de insumos dos novos negócios, burocratas estatais, políticos – são beneficiados às custas dos últimos recebedores.

Com o dinheiro extra, e como ainda mantém sua demanda para o consumo presente, irão consumir mais dos bens de consumo disponíveis. No entanto, como não houve um aumento prévio da produção destes bens, eles terão sua oferta reduzida.

Quando o novo dinheiro chegar para os próximos recebedores (empresários e trabalhadores da indústria de bens de consumo, aposentados, etc), eles se defrontarão com uma oferta menor de bens de consumo, enquanto mantém sua demanda ainda alta por estes bens.

Com isso, terão recebido o novo dinheiro com um poder de compra reduzido em relação aos que receberam primeiro, já que agora precisam de mais dinheiro para comprar menos bens. Esse é o fenômeno causado pela inflação. Ao contrário do que economistas mainstream dizem, a inflação não é o aumento dos preços, mas a expansão da oferta de dinheiro. O aumento dos preços é uma consequência disso.

Esse aumento na demanda por bens de consumo leva consequentemente a um aumento de preços. Este aumento de preços por sua vez, sinaliza ao mercado que há mais demanda por bens de consumo. Como consequência, o aumento no preço dos bens de consumo aumenta a demanda por insumos e meios de produção, o que leva a um aumento nos preços dos insumos e meios de produção já alocados nos projetos de longo prazo. Como consequência, estes últimos se confrontam com a realidade de não haver uma demanda real para seus produtos agora.

O ideal seria os maus negócios liquidarem e liberarem recursos para a produção dos bens mais desejados pelos consumidores no presente. No entanto, como dito antes, os governos intervem para evitar que estes negócios quebrem.

Os estados por meio dos principais bancos centrais vem imprimindo dinheiro indiscriminadamente nós últimos anos (como você pode conferir aqui, aqui e aqui). Tal medida foi tomada principalmente no ano de 2021, na tentativa de aliviar as consequências da paralisação da economia no combate ao covid.

No entanto, como já explicado neste artigo, tal procedimento trará consequências ruins, e dada a situação da economia atual, talvez já não estejam tão longe de acontecer.

O quê fazer diante da crise econômica que está por vir?

Como já dito, há infelizmente a possibilidade de que o estado tente intervir na crise e como a já foi deixado claro, isso irá complicar ainda mais a situação. O que resta é torcer para que os estados evitem intervir, o que é pouco provável. Aqueles que puderem se precaver agora, juntando o máximo de mantimentos e bens valiosos, faça. Ao que tudo indica, essa será uma das maiores crises econômicas que o mundo já enfrentou.

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