Do quê o TSE tem medo?

Do quê o TSE tem medo?

O TSE vem mostrando grande preocupação com as chamadas “fake news” sobre uma provável fraude eleitoral em 2018 no mensageiro Telegram. Segundo o TSE, há vários grupos, canais e usuários espalhando informações falsas de que houve manipulação de votos nas urnas na tentativa de favorecer o PT.

Segundo o TSE, essas “fake news” geralmente são associadas a grupos que apoiam o atual presidente , Jair Bolsonaro, e que temem que o mesmo perca as próximas eleições e que por isso estariam alegando de antemão que caso isso ocorra será devido a fraude nas urnas eletrônicas.

Luís Roberto Barroso, atual presidente do TSE, já havia tentado contato com representes do Telegram várias vezes para que os mesmos tomassem medidas contra os propagadores das fake news, mas sem sucesso. Não obtendo uma resposta, Barroso decidiu pelo bloqueio do mensageiro no país, alegando que isso seria uma medida “necessária” para preservar a respeitabilidade e confiança pela democracia no país.

Qual o receio do TSE afinal?

Mesmo com o TSE alegando que as afirmações sobre fraudes sejam apenas fake news, fato é que se houve ou não fraude nas urnas é algo que já vem sendo investigado pela PF. Mesmo com a PF concluindo que não há evidências que apontem para fraude, a investigação continua.

É fato que não se pode afirmar com toda a certeza se houve ou não fraude eleitoral, inclusive por parte o TSE. No entanto, o direito de afirmar algo, independente se é fatídico ou não, permanece como um direito inviolável dos indivíduos. Se o Tribunal Supremo Eleitoral tem evidências de que todas as afirmações que o acusam de fraude nas urnas são falsas, então basta que os representantes do mesmo rebatam as afirmações com provas.

O TSE alega que devido ao fato destas fake news se espalharem muito rápido e com grande alcance, eles temem que seja algo que saia do controle. Porém, basta ligar a TV, que ainda é o meio de comunicação mais usado pelos brasileiros e se perceberá uma narrativa unânime de que as acusações são fake news. Uma pesquisa breve no maior motor de busca do mundo, o Google, mostrará que a maioria dos sites de notícias seguem a mesma narrativa: as acusações de fraude eleitoral são fake news. E se está falando aqui dos sites de notícias mais acessados do país, como G1, Uol Notícias, Estadão, Folha de São Paulo, e etc. Mesmo as principais redes sociais, como Facebook, Twitter e Instagram, alertam como fake news informações que alegam haver fraude eleitoral envolvendo o TSE, como mostra este artigo do site oficial do mesmo.

O TSE simplesmente tem a narrativa dos principais meios de comunicação e formação de opinião do país a seu favor. Então toda essa preocupação não faz muito sentido.

Monopólio da formação de opinião e decisões políticas

Apesar do Telegram ter aumentado seu número de acessos no Brasil, permanece muito abaixo das principais redes sociais, inclusive do WhatsApp. Mesmo que as fakes news influenciem pessoas na hora de votar, ou até tentam levar a pauta de retorno do voto impresso adiante, fato é que ainda assim teria pouco efeito, visto que essas fakes news não alcançam a grande maioria dos eleitores.

A possibilidade de um debate sobre a volta do voto impresso não parece ser algo plausível de acontecer. Talvez a decisão sobre os rumos das eleições seja a explicação mais plausível.

Em um artigo do site oficial do TSE, é dito que:

Para as Eleições 2022, o objetivo é intensificar o trabalho para que a escolha dos eleitores por meio do voto seja legítima, sem interferência de campanhas difamatórias.

Mas o quê seria uma “escolha legítima” na hora de votar? Talvez o TSE queira dizer com isso “autenticidade” das informações que podem influenciar o eleitor na hora do voto. Mas se formos seguir essa linha de raciocínio, muitas campanhas eleitorais deveriam ser barradas, uma vez que se pautam em afirmações ideológicas sem respaldo exato na realidade.

Não faltam partidos que fazem alegações absurdas, inclusive políticas econômicas que alegam trazer benefícios e prosperidade e trazem exatamente o efeito contrário – como as políticas econômicas destrutivas propostas pelo PT e por Ciro Gomes. Ou até mesmo narrativas absurdas, como a de racismo estrutural e dívida histórica coletiva, predominantes no PSOL.

Some-se a isso os pseudodireitos, como direito a não discriminação, direito a serviços públicos e renda mínima custeada pelos impostos (leia-se roubo) da maior parte da população, o que vai contra os únicos direitos de fato: os direitos naturais de vida, liberdade e propriedade. E ainda há aqui violação a liberdade de expressão, que deveria ser sagrada, e não só neste caso de censura do Telegram, mas em várias outras situações quando um dado discurso vai contra a narrativa imposta.

A explicação mais plausível deste controle é o medo do TSE ser contrariado e precisar se justificar diante daqueles que custeiam seus privilégios com impostos. E também o receio de que algum candidato favorito possa ser passado nas eleições caso um candidato indesejável seja eleito graças as fake news.

Não se faz aqui, é claro, nenhuma defesa do Bolsonaro. O mesmo faz parte do problema. A democracia por si só é um erro. Mas isso merece um outro artigo.

O que se discute aqui é a atitude insensata e injusta de fazer com que milhões de pessoas que – não possuem relação alguma com as fake news – sejam privadas de usar o Telegram, muitas vezes para trabalho, socialização e até para estudos e entretenimento.

É um absurdo que pessoas inocentes sejam prejudicadas pelo autoritarismo e mandos e desmandos de pessoas que não se contentam em serem sustentados com pomposos salários e benefícios arrancados da população e todo o status e demais privilégios de cargos que os torna quase deuses na Terra.

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