Hoje vamos entrevistar Maick Ofel, escritor do livro “O Manual do Trouxa” e que possui um canal com o mesmo nome. Iremos entender melhor sobre seu trabalho, seu livro e o que ele quer dizer com “trouxa”.
Olá Maick Ofel, tudo bem? Um prazer poder te entrevistar. Então, poderia falar mais sobre você?
Maick Ofel: Claro! Primeiramente o óbvio: A única certeza que tenho, é que sou algo que existe e está ciente disso, portanto tudo que falo, escrevo, gravo, pode estar errado. A busca pela verdade no entanto, é sincera.
Dito isso, sou um cara que adora aprender e ensinar, ganho a vida com isso no ramo de escolas de idiomas. E também em outras áreas da minha vida como no canal do Youtube, escrevendo e produzindo cursos.
Sou de Campinas-SP. Sou uma coleção de fracassos, já tentei ser tanta coisa: Jogador de futebol, mecânico, técnico em eletrônica e músico. Me formei em publicidade e propaganda. Comecei a estudar filosofia, psicologia, neurociência, sociobiologia e outras áreas do conhecimento que me fizeram entender que quanto mais estudo, mais coisa pra estudar aparece. Então continuo seguindo esse meu impulso de buscar a verdade por trás das coisas.
Você também é libertário? Como você conheceu o libertarianismo e o quê te levou a esse caminho?
Maick Ofel: Eu tenho um certo problema com rótulos, e o motivo é simples: Eles normalmente vêm acompanhados de um senso de tribalismo e identidade de grupo. Por isso acabo explicando os conceitos e deixo que os outros coloquem os rótulos. Eu entendo o seguinte: Toda relação entre organismos vivos, será predatória, parasitária ou mutualista. As relações predatórias e parasitárias são as mais comuns no aspecto macro dos arranjos sociais humanos do que as relações mutualistas.
Por mais comuns que sejam na natureza, ainda não atingiu essa amplitude em escala macro com nós humanos, não de forma sistematizada, e isso é a visão que eu endosso. Um arranjo mutualista, que por definição é antagônico as relações predatórias e parasitárias, por consequência necessariamente deve ser voluntário. Então se por isso você me definir como um libertário, que assim seja.
Sobre o seu livro, o quê te levou a escrever ele e o quê quer dizer “trouxa”? Em qual sentido você usa esse palavra?
Maick Ofel: Foi uma consequência de não ter cometido suicídio após ter passado pelo pior momento da minha vida: Câncer em um membro da família, morte de animal de estimação, término de relacionamento de quase 8 anos, tudo isso ao mesmo tempo.
Após perceber que não iria me matar, foquei minha existência em tentar entender o motivo de minha dor e tédio, o por quê eu era como era e queria o que queria. Com isso fui lendo, estudando e comecei a criar minhas deduções. Após um tempo percebi que poderia realizar um desejo que tinha e havia abandonado: Escrever um livro.
Ele é literalmente um manual de como existir, feito por um cara comum que deseja ser extraordinário. Nele eu abordo várias áreas da filosofia (ontologia, epistemologia, moral, ética, entre outros) de uma maneira bem didática e prática, onde eu vou fazendo as reflexões junto com o leitor, buscando entender a origem daquilo que nos causa desconforto e sobre nossa condição existencial. Chego em algumas conclusões acerca de assuntos como sentido da vida, amor, ódio, viver em sociedade, frustrações, expectativas e qual é a melhor maneira de viver em sociedade.
Sobre o trouxa, eu uso no sentido do arquétipo do tolo do tarot que basicamente é o protagonista da própria existência, que o destino depende de outras coisas além da própria essência – ele pode cair no precipício ou ser tão leve que flutua sobre o mesmo. Então é um lembrete constante de que por mais que eu estude, aprenda, ensine, eu posso estar errado e não controlo absolutamente nada.
Interessante isso. Você também possui um canal com o mesmo nome de seu livro. Nele você fala principalmente sobre o conteúdo das suas ideias ou mais alguma coisa? Quais outros temas você aborda e te interessam?
Maick Ofel: Meu canal é uma salada de coisas. Começou com a proposta de ser um canal de filosofia com humor e se transformou em algo mais existencialista, beirando um nihilismo motivacional, e hoje eu defino como um canal de Neosimplismo.
Neosimplismo é a linha de pensamento filosófico que eu criei. É um forma de buscar entender um fenômeno fazendo uma análise multidisciplinar, usando a ontologia e epistemologia, rejeitando dogmas e assumindo que além da própria consciência, é muito difícil ter certeza de algo, então eu combino várias areas do conhecimento e busco fazer análises sobre as coisas que nos causam desconforto.
Com isso, o canal possui conteúdo de desenvolvimento pessoal, política, sedução, relacionamento, reflexões sobre nossa existência e como deixar ela menos desconfortável.
Quais autores ou obras inspiraram suas idéias?
Maick Ofel: Hoje em dia eu admiro muito o neurobiólogo e primatologista Robert Sapolsky, mas meu escritor favorito ainda é o Schopenhauer. Também gosto muito do material do Sam Harris, principalmente por sua didática.
Já conhecia o Gazeta Libertária antes? Se sim, o quê acha de nosso site?
Maick Ofel: Eu ouvi falar, acho que já cheguei a ler artigos. Eu dei uma pausa nos meus estudos focando mais em filosofia política em 2018, e acabei migrando para outras áreas após aquele período.
Acho fenomenal que haja iniciativas assim, de promover uma reflexão que saia do status quo que vivemos. Me sinto lisonjeado de ter sido convidado para uma entrevista!
Como foi sua jornada até chegar às ideias que você segue hoje?
Maick Ofel: Já fui um cara um pouco mais conservador em alguns aspectos devido a minha origem religiosa (fui cristão por 26 anos). Depois comecei a pender pra algo próximo de um social-democrata, e em 2016 me tornei libertário. Comecei a ver vídeos no Youtube após conversar com um aluno que me mostrou essa visão de mundo, depois passei a ler alguns autores como Bastiat, Ayn Rand, Mises, Hoppe e Rothbard. Com o tempo isso foi se solidificando.
Fora do aspecto político, tive que aprender a não ter dogmas. Com isso conheci sobre ilusões cognitivas (nosso cérebro cria uma versão funcional da realidade e isso nos ilude). Dois livros que foram fundamentais nesse processo foram Livre arbítrio e Despertar, ambos do Sam Harris.
Depois que conheci a sociobiologia e neurociência, foi como se tivesse enxergado pela primeira vez. Uma área ia me levando a outra, e os conhecimentos iam se complementando, é uma experiência realmente fascinante, descobrir que não sabe nada e que não é culpa minha, como poderia ser? Sinto-me como uma criança descobrindo o mundo a cada nova experiência. A diferença é que a criança tem 36 anos hoje.
De onde veio a inspiraçao para suas idéias?
Maick Ofel: De perceber que já tinha passado pela pior experiência que um organismo vivo pode passar: Estar vivo querendo deixar de existir. Pensei “Ah, já conheço o inferno, agora quero conhecer o paraíso”.
Você têm algum livro novo em andamento?
Maick Ofel: Sim, será uma sistematização do Neosimplismo. Já comecei a escrever e estou fazendo alguns estudos sobre as áreas que irei abordar. Tais como comportamento, livre arbítrio, do que é feito o universo, nossas vontades, a ilusão de existir um “eu”, entre outras coisas.
A ideia é um livro que sirva de ferramenta analítica para qualquer fenômeno que um sujeito se proponha a entender.
Quais autores e suas obras você mais gosta e te inspira?
Maick Ofel: Arthur Schopenhauer: Aforismos para sabedoria de vida. Ele e o pré-socrático Parmênides me influenciaram bastante.
Possui mais outros projetos além do livro e do canal?
Maick Ofel: Sim, atualmente eu tenho um curso de desenvolvimento pessoal. No momento são 20 alunos que estão buscando evoluir em diversas áreas da vida, eu abri minha própria escola de inglês online e presencial, isso ocupa muito do meu tempo; também pretendo me formar em psicologia e fazer algumas especializações em neurociência.
Foi um prazer entrevistá-lo. Se quiser deixe uma mensagem para nossos leitores.
Maick Ofel: Foi um prazer! Convido vocês a conhecerem o trabalho que faço no canal e caso gostem, meu livro. Se tivesse um conselho para dar, seria: foque em ter um psicológico saudável. É a ferramenta inicial para todo o resto. Beijo do trouxa!
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