sexta-feira, junho 2, 2023

Devemos nos aliar com Marxistas?

Saudações a todos os leitores, por mais uma vez eu venho aqui defender uma pauta que pode ser considerada controversa por muitos libertários, mas aqui estou. Peço somente que todos os leitores primeiramente completem a leitura deste tópico antes de tecer suas críticas, minhas colocações serão as mais claras a medida das minhas capacidades como escritor, dito isso vamos ao tema.

Devemos nos aliar com marxistas? Antes de responder esta pergunta vamos primeiro analisar o que é o Marxismo, ao menos o que eu me refiro como “Marxismo Ortodoxo”, aquele que é defendido nas obras de Karl Marx, no qual chamarei somente de marxismo por simplicidade.

O que defendem estes Marxistas? Bem, marxistas defendem que o estado assim como a propriedade privada são ilegítimos, sendo a propriedade privada — na definição marxista: direito de uso e se aplicando sobre os meios de produção, meios que produzem meios de consumo e/ou outros meios de produção — é legitimada pelo estado, fundamentando-se na ideia que o estado confiscara os bens dos trabalhadores e os concedia como propriedade a uma classe dominante. Assim, como o próprio Marx exemplificou:  no feudalismo os servos eram explorados pelos nobres, enquanto que no capitalismo seria a classe operária, os proletários, são explorados pela burguesia.

As ideias marxistas são baseadas no Materialismo Histórico e no Valor Trabalho, vou rapidamente explana-las, tenha em mente que esta é a estrutura argumentativa marxista:

Primeiramente, Valor-Trabalho denota que o valor de uma dada mercadoria é a soma de seus insumos e o trabalho socialmente necessário para produzi-la, esta ideia é defendida principalmente Adam SmithDavid Ricardo e Karl Marx. Tendo sido refutada pelo surgimento da revolução marginalista pelo qual demonstra que o valor de uma dada mercadoria é atribuído pelo consumidor por uma unidade, sendo estas unidades sempre alocadas de forma a satisfazer o a maior utilidade que o indivíduo reconhece em seus juízos de valor, nas palavras de Rothbard elucidando sobre: “quanto maior é a oferta de um bem, menor é a utilidade marginal; quanto menor a oferta de um bem, maior é a utilidade marginal.”

Mas qual a importância de entendermos o que é dito no valor-trabalho? Simples, para Karl Marx como há um valor objetivo para toda a mercadoria a diferença entre este valor e o salário do trabalhador que a produziu é conhecido como a mais-valia, sendo esta capitada pela burguesia por meio da propriedade privada sobre os meios de produção, assim expropriando parte do trabalho do operário, a forma que a classe dominante faz é pela alienação da classe dominada, esta explicada pelo Materialismo Histórico.

O Materialismo Histórico se opõe ao idealismo, um método que defende que a sociedade é definida por fatores materiais, como economia, biologia, geografia e desenvolvimento científico, no qual ideias seriam reflexo da imagem construída pela classe social dominante, sendo que o poder destas ideias sobre os dominados diretamente relacionado com a edificação ideológica que esta elite constrói dentro das mentes, fornecendo sua visão de mundo no qual alienam a classe dominada e dessa forma que a ideologia permeia a consciência de todos, transformando-os em objetos de uso e de exploração, assim a manutenção da estrutura econômica se dá mediante essa inversão da realidade, que se encontra no direito, na religião, e nas mais diversas formas de controle de pensamento para manter a estrutura de poder.

Quanto a parte histórica trata-se a sucessão de um modo de produção por outro ocorre devido a inadequação desse mesmo modo de produção e suas forças produtivas. Exemplo: no final da Idade Média, quando houve o desenvolvimento do comércio no qual alterou as dinâmicas sociais provocando a implosão do feudalismo e originando outro novo sistema: o capitalismo. Marxistas compreendem que o capitalismo nasceu a partir das contradições do sistema feudal, e os burgueses ao criar a sua oposição, o proletário, gerou o seu próprio algoz.

A visão Materialista Histórica então parte da questão de que a produção e a troca de mercadorias são os pilares de toda ordem social, de forma universal por estar presente todas as sociedades que se tem conhecimento. Sendo assim, a repartição destes produtos e divisão dos homens em classes é determinada pelo tipo e a forma que de uma sociedade produz e trocar as suas mercadorias.

Sendo assim Marx denota que o estado uma ferramenta de exploração e expropriação e não deveria existir, desta forma o Socialismo é idealizado como uma ideia de transição no qual a Revolução do proletariado ocorre e o estado liberal burguês é substituído pela ditadura do proletariado no qual é um regime de transição que vem a socializar todos os meios de produção e assim atingir a forma final do desenvolvimento de uma sociedade humana: O Comunismo, uma sociedade sem classes e sem estado e livre de qualquer tipo de exploração.

Vendo que o Comunismo e o Marxismo Ortodoxo levam a um fim Anarquista, devemos nos aliar aos marxistas para derrubar o estado? OBVIO QUE NÃO! As ideias marxistas são contrarias as ideias austro-libertárias, defendem coletivismo forçado e a maximização total do estado para então a sua dissolução/absorção, não tem como ser defendido sem contradizer os princípios libertários, além de antiéticas são epistemicamente inválidas, mesmo estas sendo supostamente anárquicas em sua conclusão, obviamente é questionável a sanidade de um indivíduo que quer fundir estas duas ideias, tanto que deixo aqui algumas publicações na Gazeta Libertária derrubam estas concepções:

História e a nulidade epistemológica dos fatos
A Ética Argumentativa por Vinícius Scheffel
A tragédia dos bens comuns
Igualitarismo: a glorificação da decadência
Como a taxação de grandes heranças empobrece uma sociedade

Então caros leitores, me expliquem DE ONDE que alguns libertários tiveram a brilhante ideia de tratar liberalismo e libertarianismo como ideais aliáveis!?

Liberais são claramente coletivistas por defenderem a existência do estado, assim violando os princípios libertários na sua tentativa de socializar os bens de terceiros para completar seus objetivos arbitrários e injustificados em nome da utilidade do roubo institucionalizado.

Mas veja que todas estas ideologias têm questões em 2 campos: Material e Ideias

Materialmente os Liberais são menos danosos que os marxistas, que eles vão violar o seu direito de propriedade, mas provavelmente estes fazem isso de forma que seja menos nociva e com menores distorções, sendo claro que a chance de um paredão ou um holocausto é baixa.

Ideologicamente as posições se invertem, pois liberais passam-se pela ideia que são palpáveis que pode ser posta em pratica e que as ideias libertárias são inerentemente impossíveis de ser praticadas ou somente “um joguete semântico”, para desavisados isso gera uma convergência da janela de Overton para estas ideias, impedindo que haja um avanço para a única solução valida: O Libertarianismo.

Ainda há uma questão mais deletéria, pela similaridade em pautas há a maior possibilidade de causar confusão e consequentemente a captura de pautas pelo establishment, de forma que pautas que deveriam ser defendidas por meio de desobediência civil e resistência cultural ao estado são apresentadas como pautas políticas na qual há uma tolerância dos mandos e desmandos de uma gangue criminosa.

Não se enganem, liberais parecem ser uma boa escolha curto prazo para os desavisados e os pragmáticos, que tem a tendência de focar somente em questões materiais, mas no longo prazo, quando a ideia de “devemos reduzir o estado” vinda dos liberais transmutar para “devemos manter o estado como está”, esta decisão se revelará uma péssima estratégia para um libertário, pois essa decisão com pouca clareza de mente acabou por fortalecer o seu futuro adversário ao aceitar um inimigo na sua trincheira; e como o foco não fora consolidar as bases libertárias o desfasamento de tal pensamento se torna evidente, por fim o liberalismo cresceu de forma que as ideias libertárias são eclipsadas, pois o desconforto material não é mais existente e os incentivos de busca pelo conhecimento das ideias libertárias diminui.

Note que ainda haverá “Libertários” pragmáticos defendendo que “Reduzir o estado” e “Abolir o estado” são pautas que podem ser conciliadas, para a surpresa de ninguém estas não podem ser de maneira alguma conciliadas, pois a pauta de abolir é clara: Não deve haver estado algum, já a pauta de reduzir é mais sutil, ela implica que há um tamanho ideal do estado, assim fazendo com que um pragmático acabe passando a mensagem errada e ajudando os Liberais, não é por simples ofensa que eu chamo qualquer “Libertário” pragmático de idiota útil.

Mas se isso não for o suficiente para os idiotas úteis eu deixo um exercício mental que pode ser realizado na pratica a pedido dos nossos “companheiros ‘libertários'”: Com um cassetete em mãos, eu, repetidamente, golpearia o Pragmático em questão, de forma que começasse a causar um certo desconforto mas minhas mãos pelas repetições, dada a primeira parte do experimento sucedida seria feita uma pergunta bem simples da minha parte: “Você que quer que Pare ou que Diminua?” Acho que este exemplo amistoso poderá trazer clareza de pensamento para os fantoches de liberal.

Uma mensagem que deixo para todos os libertários: Refutem todos os Liberais e removam fisicamente os “libertários” pragmáticos, pragmatismo não é libertarianismo.


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