Holanda na contramão do lockdown

Em um artigo recente do site UOL, o articulista Erik Sadao, residente na Holanda (Países Baixos), se mostrou surpreso pela forma como os holandeses estão lidando com a pandemia, aproveitando o máximo possível as oportunidades de exercer sua liberdade individual, que o mesmo intitula como “marca registrada do país”.

Ele ressalta que o pragmatismo holandês vem marcando a forma como a população vem encarando as pandemia da COVID-19. Ele diz:

O pragmatismo é praticamente um patrimônio imaterial, uma característica unificadora que dá brio à identidade de cidadãos que residem da fronteira da Bélgica e da Alemanha às terras baixas do mar do norte da Europa. Como expatriado, morando no país há mais de quatro anos, vivi até a chegada da pandemia um pouco do sonho de uma nação que parecia blindada às mazelas do mundo em desenvolvimento.

Erik diz estar surpreso com isso e afirma que o amor dos holandeses pela liberdade é “um dos grandes entraves para o que poderia ser a resolução desta terceira fase da pandemia“.

Holanda na contramão do combate à Covid

A Holanda é conhecida por ser um dos países que mais prezam pelas liberdades individuais e mesmo durante os avanços de medidas radicais para conter o covid foi um dos que foram menos rígidos nesse sentido.

Os próprios holandeses nunca abriram mão do seu livre agir neste período e nem mesmo com o aumento de restrições que vem sendo impostas no país, a ponto até de haverem protestos da parte dos menos tolerantes às violações dos seus direitos.

Os impactos da pandemia no país

Apesar da preocupação recorrente entre os mais alarmistas em relação à Covid, de que uma maior circulação da população levaria ao aumento de surtos da doença, o país não diferiu em nada em números de casos e de óbitos, estando até melhor que muitos outros países que impõem medidas mais duras, como se pode ver no gráfico abaixo:

gráfico comparando o índice de óbitos por Covid por milhão de habitantes entre a Holanda e outros países europeus

Economia aquecida mesmo durante lockdown

Enquanto outros países europeus tiveram suas economias prejudicadas devido às restrições sanitárias impostas, a economia holandesa continuou aquecida, principalmente nos períodos de menor restrição. Como destaque, está o aumento de consumo de eletrodomésticos e artigos de luxo, o que se tornou um ramo bastante lucrativo no país.

Queda do PIB em 2020 comparado com 2019. A Holanda foi o país menos impactado comparado com seus vizinhos. Fonte: The World Bank, 2021.

Outro exemplo também são os restaurantes e salas de cinema e teatro, que mesmo com as restrições sobre o número de clientes, estão sempre lotados. Isso tudo mostra o quanto os holandeses não abrem mão do seu bem estar mesmo diante das restrições sanitárias. E isso é ótimo para a economia do país.

O que outros países podem aprender com o exemplo da Holanda

Apesar da Holanda registrar numerosos casos de contaminação por Covid todos os dias, o número de mortes é consideravelmente baixo, padrão esse que se repete em todos os países.

Mesmo diante das restrições do governo para conter a pandemia, os holandeses prezam acima de tudo sua liberdade, pois sabem que de nada adianta salvarem suas vidas ou garantir que não haja uma possibilidade remota de morrer (que é o caso mais provável) se não puderem viver da forma que lhes satisfaz, que é um direito inalienável e condição essencial para a dignidade de qualquer ser humano.

As medidas sanitárias abusivas continuam a aumentar no país

Mesmo sendo um país que tradicionalmente é recomendo pelo seu amor e respeito pela liberdade e com a população fazendo o possível para proteger isso, o governo holandês vem seguindo os passos dos demais governos europeus na imposição de medidas severas para conter o Covid.

Mesmo com o baixo número de óbitos e com a vacinação avançada, o governo holandês está impondo restrições cada vez mais severas, tentando quebrar a cultura de respeito à liberdade individual que está inscrustida no país. Ainda que os números e a realidade não indiquem nenhuma prova de que essas medidas são efetivas, a justificativa é sempre a mesma: “tudo para o bem da população”, seja lá o que isso quer dizer.

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