O apoio de Alckmin a Lula mostra o que realmente move a política

O apoio de Alckmin à Lula mostra o que realmente move a política

A decisão de Alckmin entrar nas eleições de 2022 como vice de Lula surpreendeu um número considerável de pessoas. A surpresa não seria para menos, quando lembramos de como era a relação de Alckmin com o ex-presidente petista. E isso nos mostra o que realmente importa na política.

O plano para entrada do ex-tucano como vice de Lula nas eleições de 2022 já vinha se desenrolando nós últimos meses desde o ano passado. Nesta quarta-feira, Alckmin se afiliou ao PSB, partido aliado do PT, como um passo decisivo para confirmar sua formação de chapa com Lula.

Segundo o colunista do g1 e da GloboNews, Natuza Nery, a previsão é que a chapa Lula-Alckmin seja oficialmente anunciada em abril deste ano.

Em um discurso durante a afiliação, Geraldo Alckmin disse:

Quero cumprimentar o PSB pela decisão de apoiar o presidente Lula para a presidência da República. É ele. Nós temos que ter os olhos abertos para enxergar, a humildade para entender, que ele é, hoje, quem melhor interpreta o sentimento de esperança do povo brasileiro. Aliás, ele representa a própria democracia, porque ele é fruto da democracia

O histórico da relação entre Lula e Geraldo Alckmin

Essa aliança entre Alckmin e Lula com direito ao primeiro fazendo elogios ao ex-presidente contrasta bastante com o histórico da relação entre os dois, como se pode ver e alguns tweetes abaixo publicados durante as eleições de 2018:

Nada demais, apenas a mesma política de sempre

Essa postura dos dois aparentemente contraditória e incoerente, é apenas a velha política trabalhando. Políticos agem de forma conveniente, se adaptando ao que for necessário para garantir seu espaço no poder. Nas eleições de 2018, quando nem Alckmin nem Lula sabiam das chances reais de Bolsonaro chegar ao poder, fazia sentido se oporem um ao outro.

Bolsonaro era visto apenas como um louco com zero chances de ganhar, enquanto Alckmin via a queda do PT – devido aos escândalos da Lava-Jato dentre outros – como inevitável e que agora teria a chance de ganhar as eleições para presidente com o inimigo mais fraco.

Lula por sua vez também via a eleição de Bolsonaro como improvável, e manteve a postura tradicional do PT de oposição total ao PSDB. Como mostrado nós pronta, Lula aponta todos os erros do PSDB e vende a si mesmo como a solução.

Mas agora a situação é diferente.

Agora eles já sabem com quem estão lidando, e mesmo que Bolsonaro tenha pouco apoio nos segmentos políticos do Brasil ainda tem bastante apoio popular, assim como Lula. Ao mesmo tempo, eles também sabem como atingi-lo devido a um aumento da impopularidade do atual presidente, dentre outros fatores, os escândalos envolvendo seu filho, Flávio Bolsonaro e outras pessoas ligadas ao seu governo, bem como insatisfação pela sua gestão ter sido julgada incapaz de resolver os problemas do país.

Alckmin sabe das poucas chances que tem em concorrer ao governo de SP e ainda mais à presidência, como ficou claro com seu fraco desempenho durante as eleições de 2018. A entrada como vice de Lula se mostra o caminho mais viável para se manter na política e quem sabe, reconstruir sua carreira, caso Lula mantenha uma boa popularidade durante seu governo.

Lula por sua vez, vê o enfraquecimento de Bolsonaro como uma boa oportunidade para ganhar a eleição. Com o arquivamento das condenações contra ele e uma forte narrativa entre seu público de que ele é uma “vítima” de um segmento político que quer apenas se beneficiar da política enquanto ele quer o “bem” dos brasileiros, há uma grande chance de Lula se eleger nas eleições deste ano.

Assim como as críticas que Lula e Alckmin no passado não passava de um teatro para agarinhar votos, o mesmo se dá agora em relação à chapa dos dois para as eleições para presidência deste ano. Em matéria de “dançar conforme a música”, políticos tiram de letra.

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