O “exemplar” governo chinês usa de repressão para alcançar o covid zero

O "exemplar" governo chinês usa de repressão para alcançar o covid zero

O governo chinês – que foi tido como “exemplo” pela mídia mainstream e políticos devido às medidas sanitaristas rígidas durante a pandemia – vem impondo restrições severas à população para atingir a covid zero. As duras medidas para combater a covid voltaram nas duas últimas semanas, após o retorno de casos de contaminação com o vírus.

O plano do governo chinês para atingir a covid zero

Para evitar propagação da covid, o governo chinês vem usando dura repressão contra os civis há mais de duas semanas para mantê-los em confinamento. Após uma queda no número de casos, houve um aumento de contaminações entre os chineses. No entanto, o número de casos é relativamente pequeno, tendo tido 348 novos casos de covid desde o início de março.

A região metropolitana de Xi’an, com cerca de 13 milhões de habitantes, é a que mais vem sofrendo com as repressões. Os habitantes foram proibidos de deixar suas casas, além da restrição de estoques de muitos de alimentos e outros itens essenciais, como remédios.

Na cidade, foram confirmados mais de 1.600 casos de covid desde 9 de dezembro de 2021. Na plataforma social chinesa Weibo, frases como “estou com dificuldades de comprar comida” e “fornecimento instável de itens de primeira necessidade” se tornaram assuntos-tendência.

De acordo com especialistas em saúde pública, o cumprimento estrito de medidas de controle da pandemia tem muita relação com a campanha agressiva da China para alcançar a chamada “covid zero” no país.

Um dos objetivos políticos para manter a ‘covid zero’ é garantir que os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, em Pequim, não sejam sabotadas por algum surto doméstico

diz Chunhuei Chi, professor de saúde pública da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos.

Ele ainda diz que:

Além disso, o governo chinês precisa manter sua legitimidade para governar o país, tanto em casa quanto no exterior. Domesticamente, eles precisam manter surtos internos sob controle para exibir sua governança. Internacionalmente, precisam provar que a China é antes um salvador do que o iniciador da pandemia global. A forma de atingir esses objetivos é mostrar como Pequim consegue cumprir a meta da covid zero

No entanto, para outros a política reflete a falta de responsabilização do governo chinês.

De acordo com Wang Yaqiu, pesquisadora-chefe sobre a China na organização Human Rights Watch (HRW):

Para autoridades locais na China, um dos objetivos mais importantes é atingir a covid zero, já que ela significa um avanço na carreira de muitos deles, se atingirem essa meta

Ainda segundo a pesquisadora:

Se há abuso dos direitos humanos ou o acesso à saúde e à alimentação é restrito, não importa para as autoridades locais, porque elas não serão responsabilizadas.

Dura repressão contra o povo chinês em nome da loucura do covid zero

O governo chinês, em sua sanha por atingir a meta de covid zero custe o que custar, está impondo restrições severas para manter toda a população em lockdown, e também aplicando punições brutais contra os “temoisosos”. O lockdown por sua vez, como esperado, vem causando verdadeiros estragos na vida dos chineses.

Um dos efeitos mais drásticos do lockdown no país foi a redução do abastecimento de vários ítens essenciais, como alimentos e medicamentos, causado pelo impedimento dos funcionários de logística continuarem trabalhando.

Em entrevista ao site de notícias DW, um chinês informou que:

Acho que as autoridades só vão pensar em como evitar que o surto local se espalhe, e enquanto a gente não estiver morrendo de fome devido aos cortes no abastecimento de comida, não vão prestar muita atenção ao bem-estar dos residentes em lockdown

A situação vem causando cada vez mas indignação e desespero na população chinesa. Na rede social Weibo um internauta diz:

Muitos ainda não têm comida suficiente em casa, e quem está em quarentena não recebeu suprimentos por cinco a seis dias

Além da escassez de ítens essenciais causada pelo lockdown, o governo chinês ainda impõe punições severas contra todos os que não seguirem as restrições sanitárias.

Em vários vídeos revoltantes divulgados nas redes sociais (como esse), é possível ver casos de pessoas sendo duramente reprimidas simplesmente por não seguirem as absurdas restrições sanitárias.

Também circulam vários vídeos comoventes de pessoas desesperadas com fome pedindo para que o governo chinês ponha fim as restrições sanitárias e à insanidade do lockdown.

Abaixo, você pode ver um desses vídeos:

pessoas desesperadas por falta de alimentos na China

O plano covid zero é um fracasso

Mesmo com mais de 80% da população chinesa totalmente vacinada, o governo chinês não conseguiu sua meta almejada de covid zero. Ainda assim, insiste na loucura dessa meta, mesmo prejudicando toda a população e reprimindo com severidade e violência aqueles que não se calam diante deste absurdo.

Alguns especialistas argumentam que isso se deve ao fato da população idosa em grande parte não querer se vacinar e também a pouca eficácia do tipo de vacina usada a Synovac. No entanto, apesar do aumento de casos e contaminação, os óbitos por covid ainda são bastante raros, o que torna as restrições severas mais absurdas ainda.

Ainda segundo as informações mais atualizadas sobre vacinação, vacinados transmitem a doença na mesma taxa que não vacinados, o que já refutaria a alegação de que a não vacinação de uma porcentagem minúscula da população seja a única responsável pela contínua propagação do vírus.

Governo chinês é um exemplo a ser seguido. Do que não fazer

A meta de covid zero, tão elogiada por vários sites e jornais como um exemplo a ser seguido, se mostrou além de inalcançável, uma verdadeira experiência dantesca de violação às liberdades individuais. Esses mesmos portais e jornais parecem evitarem ao máximo comentar sobre o caso. Talvez porque nem eles engulam mais a mesma enganação a qual estavam presos.

Independente se as medidas são eficazes ou não, cabe aos indivíduos decidirem como lidar com situações que atinjam suas vidas, assumir os riscos que quiserem. Para aqueles preocupados com a possibilidade de pegar a doença, bastava tomarem as medidas necessárias.

Mas muitos jornalistas, políticos e burocratas, aspirantes a ditadores com ânsia por controle social, nem sequer cogitaram essa possibilidade em nenhum momento. Partem da ideia de que indivíduos nem sempre são capazes de tomar suas próprias decisões e precisam dos cuidados do estado e de especialistas que sabem (ou julgam que sabem) o que é melhor para os outros.

Por sorte, a maioria dos países já não está mais sob a ditadura sanitária, no entanto, lamentável que o povo chinês ainda esteja sob essa situação absurda e desumana. Com um exército de pretensiosos que julgam saber o que é melhor para todos, não duvido que ficamos muito longe de ver isso acontecer em nosso país e em outros.

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