Durante muito tempo nós ouvimos que o maior problema de uma sociedade é a falta de serviços públicos de qualidade. Isso virou um discurso comum dentro do meio político, que dá origem às promessas de melhorar tais serviços (o carro-chefe para muitas campanhas). Quem nunca ouviu um político dizer que, caso seja eleito, irá melhorar a educação, a saúde, a segurança e o transporte? É dessa forma que o discurso é posto em prática, mas, no final das contas, a promessa nunca é cumprida. O problema disso não é apenas o populismo barato utilizado para alcançar o cargo, mas, sim, o fato de que é impossível existir um serviço público de qualidade. É uma ilusão que muita gente, infelizmente, cai.

O Estado usa a cultura da agressão como sua fonte para manter o poder. Se cultiva, com ela, a mentalidade de que sem seus “serviços” os mais pobres irão sofrer nas mãos do capitalismo; e que sem o Estado, o “1{6f48c0d7d5f1babd031e994b4ce143dfcbd9a3bc2a21b0a64df4e7af5a5150a1} mais rico irá, com toda a certeza, organizar cartéis para colocar o preço de seus produtos lá nas alturas, forçando o proletário a trabalhar como um escravo para sobreviver”. Isso não passa de um conjunto de duas falácias que, por falta de conhecimento, muitas pessoas caem com facilidade. Sendo elas o apelo à emoção e a falácia non sequitur consequencialista. Sabendo disso, podemos começar a dissecar todo o discurso estadista, começando pelas empresas “privadas” que recebem subsídios do governo federal e estadual para se manter no mercado.

Com o Estado dando subsídios para empresas consideras por ele como “tesouro nacional”, nós podemos perceber vários problemas grandes que acabam por limitar a liberdade do indivíduo, sendo eles: a criação de monopólios, oligopólios, desvio de dinheiro e uso de impostos para financiá-las. Vamos utilizar as empresas de saneamento básico como exemplo: a SABESP, do estado de São Paulo. Todos sabem que o estado de São Paulo sofre com a falta de saneamento básico em muitos lugares, e isso acaba por facilitar a proliferação de doenças diversas nessas regiões. Aprendemos isso desde crianças durante o Ensino Fundamental, sendo reforçado no Ensino Médio. Contudo, nos são dadas duas possíveis soluções para o problema enfatizadas pelos intelectuais: 1) a estatização da SABESP e 2) a melhora do serviço por meio de fortes manifestações. O que muitos não percebem é que a primeira opção gera um monopólio estatal e, por consequência, a falta de incentivos para melhora dos serviços; e que, inclusive, este é o motivo da SABESP já ser um monopólio! É impossível resolver um problema causado por um monopólio, fortalecendo a ideia de criar um monopólio ainda pior, pois isso pode acarretar em uma carta coringa do Estado para se perpetuar no poder por muito mais tempo.

Dois grandes exemplos de que a estatização e monopólios não funciona de maneira alguma são as duas maiores tragédias ambientais que o Brasil já presenciou: a de Mariana e a de Brumadinho. Diferente do que se fala, a empresa Vale do Rio Doce não é totalmente privada, tampouco se preocupa com lucro de suas ações, pois ela já recebe subsídios estatais para não falir por conta da ação do mercado.

Além disso, o Estado é seu principal acionista, tendo em mãos suas Golden Share, que nada mais são do que ações especiais que a Vale possui, possibilitando com que o detentor delas possa mandar e tomar decisões importantes pela instituição. Sabemos que estes dois desastres não foram causados por acaso, mas, sim, por falta de fiscalização e pela fraude da mesma, tendo o fiscal comprado pelo Estado para não sujar a imagem do precioso tesouro nacional (a Vale).

Se a péssima qualidade das represas viesse à tona, a Vale, com certeza, sofreria diversas represálias. Assim, os outros países iriam praticar escárnio do produto brasileiro. Isto posto, a melhor opção foi ocultar os maus resultados das represas feitas pela empresa. Como resultado obtido, tivemos estes dois desastres ambientais, o que nos permite concluir que a estatização da Vale do Rio doce não foi, nem é e nem será, de longe, uma solução.

Outro grande exemplo de monopólio estatal que não funciona, e é utilizado como carta coringa, é a previdência social. Ela possui uma estrutura de sistema de pirâmide, em que o mais pobre paga em dobro para sustentar a aposentadoria dos privilegiados do funcionalismo público. Este, por sua vez, detentor de diversos privilégios por participarem da máquina pública.

No atual sistema de previdência, você é obrigado a utilizá-lo, não apenas por exigência da CLT, mas também porque não existe outra opção livre dentro do país para gerar uma poupança. Desse modo, a população fica refém do Estado, que continua roubando todo o lucro.

A previdência, além de ter uma péssima margem de lucro, ainda rende muito menos do que o esperado para obter uma aposentadoria digna, rendendo abaixo da inflação e tendo seu multiplicador em decimais abaixo de zero. É um valor ridículo ao compararmos com quanto uma carteira de Bitcoin comum multiplica ao ano. Isso se dá pelo simples motivo que muitas pessoas não conseguem enxergar: o monopólio garantido pelo governo federal. Tudo é mascarado apenas para poder dizer “sem minha ajuda, você não iria se aposentar”.

Com todos estes problemas gerados por ação estatal, paremos e pensemos: por que não existem empreendedores que solucionam o problema? A resposta é que, por conta da ação estatal, acaba-se não apenas por prejudicar o consumidor, mas, também, por prejudicar todos aqueles que tentam solucionar o problema por meio do empreendedorismo.

Aumentando a burocracia para criar empresas, dando subsídios para aquelas consideradas “Tesouro Nacional” e garantindo monopólio estatais, eles tiram nossa liberdade de criar negócios, alimentando a cultura tóxica de que o lucro é algo ruim para o consumidor, justificando, assim, a criminalização de todos aqueles que tentam criar soluções. Ora, se empresas estatais competissem com empresas privadas, as empresas estatais não gerariam lucro, pois a concorrência, com certeza, seria mais eficiente em seu serviço.

Com a empresa advinda de um Estado falindo, o governo obviamente iria voltar a fechar a concorrência com a desculpa de demonizar o empresário nacional e estrangeiro, vendendo frases como “eles estão levando nossas riquezas para os detentores do grande capital”, para fechar o mercado a fim de se perpetuar como um parasita. Todos já sabem como esta história acaba. O maior problema de bloquear a ação empreendedora é retirar a liberdade de seu povo em prol de uma narrativa de welfare. Acaba-se com o capitalismo, limita-se a livre associação entre os indivíduos, e tira-se, assim, toda a possibilidade de um futuro melhor. Tanto por fechar o mercado de poupanças quanto por garantir o monopólio de empresas de serviços básicos e infraestrutura. Tudo isso acaba impedindo a roda da economia girar e impossibilitando a prosperidade de uma população enriquecer. Esses são os maiores perigos da estatização.

Referências

A Anatomia do Estado — Muray N. Rothbard
As 6 Lições — Ludwig Von Mises
Previdência Social: O Estado criando reféns — Paulo Garcia
Privado, público, gratuito e de qualidade! Ep. 6 — Gabriel Schreiber Belli

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