Muito se ouve “como a iniciativa privada resolveria XXXXX?” e as respostas podem ser diversas até mesmo para o mesmo problema apontado. Algumas pessoas podem prefirir resposta Y, outras resposta Z. O ponto a ser levantado não é esse, mas, sim, o exercício de raciocínio para se chegar a uma solução ou, pelo menos, para se entender o caminho para a solução.
Problema → Demanda
Se existe um problema a ser resolvido, então há necessidade por solução. Da pergunta: “como os pobres teriam plano de saúde?” podemos claramente perceber que há uma demanda para planos de saúde de baixo custo. Dessa demanda, alguém pode oferecer uma saída com o objetivo de lucrar, isto é, vendendo a solução aos interessados.
Então, alguém poderá perceber dentro disso possibilidades de se ofertar a saída. Se há um mercado ainda não explorado, as vantagens são ainda maiores, pois não há concorrência imediata. Soluções não muito elaboradas podem começar a ajudar e, com o tempo, podem evoluir para formas ainda melhores para se lidar com os problemas (demanda por melhorias e redução de custos).
Ao entrar em um mercado já estabelecido, por exemplo o de telefonia, você precisa se diferenciar da concorrência: percebendo necessidades ainda não atendidas. Elas podem até estar despercebidas, mas, ao entrar em um mercado em que nada ou muito pouco se foi explorado, mesmo as ideias iniciais mais imperfeitas podem já trazer algum resultado. Portanto, podemos constatar um grande atrativo para um mercado ainda não explorado em relação a um mercado já estabelecido: o empreendedor tem uma segurança a mais e uma maior tolerância à falhas e limitações da solução.
No exemplo do plano de saúde o empreendedor pode perceber que, simultaneamente com essa demanda, existem médicos inexperientes e aprendizes procurando ocupação e experiência com o fim de usar isso para oferecer um serviço médico de baixo custo; ou até mesmo perceber que há uma demanda para planos de saúde que cubram menos doenças por um preço menor; ou até mesmo podem perceber que se aumentar os preços de seus planos mais altos poderá diminuir o preço dos mais básicos.
Além disso, caso alguém se sinta incomodado ao presenciar pessoas passando necessidade, surge aqui mais uma demanda para empreendimentos filantrópicos. Nestas, até mesmo empresas de outros ramos podem doar dinheiro em troca de serem vistas como caridosas, combinando até mesmo em promoções para aumentar suas vendas como “A cada X produtos comprados ajudamos uma paciente necessitado”. Além do que foi citado existem várias soluções para esse problemas, até mesmo podem existir soluções que ainda nem somos capazes de imaginar.
Note, nas soluções apresentadas, que alguns modelos básicos como: unir demandas para uma solução juntamente com o problema de médicos procurando experiência, o empreendedor usou a demanda de atendimento de baixo custo. Assim, uma demanda resolveu a outra em sua proposta de solução.
Ao colocar parte dos custos de um plano barato em um plano de saúde mais avançado, o empresário conseguiu usar seu lucro em um bem para suprir o custo de outro menos lucrativo, ou seja: um produto pode servir de propaganda do outro. Essa tática é adotada em vários setores, sendo um exemplo a venda de um vídeo game por um preço muito baixo (podendo até ser menor que seu custo de produção) para depois lucrar com os jogos vendidos aos donos do aparelho.
Na solução da caridade podemos ver dois modelos: a demanda das pessoas por se sentirem bondosas; a demanda por status, isto é, querer que sejam reconhecidas publicamente como bondosas. Isso tudo soma-se com a demanda por atendimento de pacientes necessitados. Ademais, o segundo modelo é sobre demanda de empresas por fazerem promoções chamativas ou, também, para se passarem por filantrópicas.
Chega a parecer estranho o pensamento de que um problema que afeta as vidas das pessoas não possa despertar nelas uma vontade de que esse problema seja resolvido. Por exemplo, o pensamento de que se um orgão estatal não fizesse estradas as pessoas iriam preferir deixar de ir aonde querem ir e os comércios deixariam de receber pessoas apenas por não quererem pagar voluntariamente pela construção das estradas. Isso parece mais estranho ainda quando são apontados problemas que podem colocar a nossa existência em risco, a exemplo das doenças virais. Chega a ser engraçado o pensamento de que as pessoas prefeririam morrer do que pagar voluntariamente por algo.