O conflito entre o estado de Israel e o grupo terrorista palestino Hamas que se iniciou neste domingo retomou a atenção do mundo para mais um conflito militar. E junto a ele um confronto de opiniões sobre este evento, assim como foi no caso da guerra entre Ucrânia e Rússia, com cada pessoa ou grupo tomando um estado como o lado certo da história. Até mesmo no meio libertário, onde teoricamente todos deveriam rejeitar qualquer forma de estado, houve aqueles que tomaram um determinado estado como o lado certo na história. Na maioria das vezes o estado de Israel.
Mas neste caso, qual deveria ser a postura libertária correta diante deste conflito?
Início do atual confronto
Os primeiros ataques realizados pelo grupo terrorista Hamas contra civis israelenses e de outras nacionalidades ocorreram na manhã do último sábado em uma zona rural da Faixa de Gaza. Os cidadãos israelenses e turistas de outros países estavam participando de um festival musical chamado Festival Nova, quando o espaço foi bombardeado por mísseis vindos do território palestino.
Após isso, terroristas do Hamas começaram a atirar nos civis, sequestrando vários deles. Até agora foi confirmado o número de 250 corpos de vítimas do ataque terrorista no local.
Após o ataque o governo de Israel reagiu atacando várias áreas da Palestina, onde alegadamente haviam bases de atuação do Hamas. Após os ataques, houve ao menos 430 palestinos mortos em Gaza, além de 2.200 feridos, segundo o Ministério da Saúde da Palestina. O Ministério também informa que a maioria dos atingidos eram civis.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou que a contraofensiva do estado israelense irá continuar e que não cansará até que tenham esmagado o Hamas. Mais que isso. Ele também afirmou que a forças militares de Israel irão tornar Gaza em uma área deserta e que os civis palestinos que quiserem se salvar deverão fugir para outros lugares pois “não ficará pedra sobre pedra”.
Escolhendo um lado
Desde o início dos conflitos entre o estado de Israel e o grupo terrorista Hamas, as vertentes políticas, da direita para a esquerda, vem assumindo de que lado estão em relação à este confronto. Por um lado, há aqueles, principalmente da direita neoconservadora, que mostram total apoio ao estado de Israel e a todas as medidas que eles acreditam serem necessárias para manter a “paz” no Oriente Médio, já que partilham da crença de que somente os EUA e Israel são capazes disso.
Por outro lado, a esquerda, principalmente a ala comunista, assume apoio incondicional ao Hamas. E isso mesmo ciente de todos os métodos criminosos e desumanos que o grupo terrorista utiliza para atingir seus objetivos. E aqui cabe uma breve explicação do porquê a esquerda ainda assim o apoia.
Como para a esquerda toda a dinâmica social se resume a uma luta de classes – e hoje em dia a maior parte da esquerda estende este conceito para sexo, gênero, nacionalidade, etc – e tudo se resume a uma luta entre oprimido e opressor, a esquerda julga qualquer conflito aos olhos desta dinâmica. Sem falar na questão do status de quem é oprimido e quem é opressor.
Para a esquerda, certos grupos – brancos, ricos, ocidentais, heteronormativos, cis – são opressores de outros grupos – pessoas de outras cores, lugares, orientações sexuais diferentes, gêneros diferentes – e que mesmo a violência praticada por um indivíduo de um grupo “oprimido” contra um individuo de um grupo “opressor” nunca será “proporcional”. Isso porque, como já dito, a esquerda não enxerga a dinâmica social a nível individual e de forma particularizada, mas como uma dinâmica entre grupos opressores contra oprimidos e leva em conta a soma destas agressões (ou supostas agressões, muitas vezes).
Além disso, a esquerda também considera a capacidade de dano de um determinado grupo. Para ela, qualquer ato de violência praticado por um indivíduo de um determinado grupo “oprimido” contra outro indivíduo de um determinado grupo “opressor” não pode ser julgado da mesma forma que se julgaria a agressão do segundo. Logo, na visão da esquerda, um grupo minoritário, com menos poder bélico e representando um grupo oprimido, como os palestinos, não pode ter seus atos julgados com o mesmo peso que se deve julgar os atos do exército israelense.
Mas ainda há um segundo motivo para a esquerda apoiar o Hamas, e possui caráter estratégico. A esquerda é inimiga declarada do imperialismo americano. E não é pelos motivos corretos, como os libertários consistentes fazem. Mas apenas porque a existência do imperialismo americano é um empecilho para seu plano de trazer o comunismo ao mundo.
Já que o Hamas além de se opor ao estado de Israel, também se opõe ao estado americano, a esquerda enxerga o Hamas como um aliado estratégico, assim como a maioria dos regimes islâmicos.
Qual deve ser a posição libertária?
Segundo o libertarianismo, o estado é o monopólio territorial do uso da força e da aplicação da lei, bem como portador do direito exclusivo de extorquir os residentes de determinado território via impostos. E, como qualquer estado, o estado de Israel não possui legitimidade alguma. No entanto, o estado não existe em um vácuo. Há pessoas e suas respectivas propriedades residindo em tal território.
Logo, a guerra não é meramente um conflito entre estados. Ela atinge principalmente os residentes dos territórios dos estados envolvidos. E uma vez que tais indivíduos estão tendo suas vidas e propriedades agredidas pelos invasores, eles estão legitimados a resistir e até mesmo executá-los como legítima defesa.
Em tal situação, como no atual ataque do Hamas ao território israelense, os cidadãos israelenses deveriam dispor de armamento pesado para resistir aos agressores. No entanto, essa não é a atual situação, já que apenas o estado de Israel pode dispor de tal tipo de armamento. Sendo assim, o mínimo que o estado israelense pode fazer é executar todos os terroristas que invadirem o território israelense e atentar contra a vida dos civis israelenses inocentes.
Por outro lado, não devemos cair no erro da direita política, que assume erroneamente que todas as ações do estado de Israel sejam justificáveis, incluindo os bombardeios de residências e espaços públicos em território palestino. Mesmo que a justificava seja a de destruir as bases do Hamas. Nenhum objetivo que seja pode justificar a violação dos civis inocentes, sejam eles palestinos ou quaisquer outros.
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3 respostas para “Israel X Palestina: qual deve ser a posição libertária diante deste conflito?”
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Excelente artio ????
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Texto muito bom mostrando com clareza a perspectiva libertária sobre o tema. Minha ressalva é sobre a grande quantidade de erros de português. Deveria ser revisto!
Parabéns!-
Obg pelo alerta. O artigo já foi revisto!
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