Um caso recente da jovem brasileira Mary Hellen, de 21 anos, que foi presa por tráfico de drogas na Tailândia, exemplifica a incoerência de certos “conservadores” principalmente da ala bolsonarista, sobre tirania estatal e leis absurdas.

Os mesmos que, com toda a razão e coerência, se opuseram às leis sanitárias absurdas que retiraram o direito dos indivíduos de decidir como lidar com o covid, parecem ainda não terem entendido que punir indivíduos por vender substâncias que outros compram voluntariamente é igualmente absurdo e tirânico.

O caso

No dia 14 de fevereiro, ao chegar em Bankgok na Tailândia, Mary Hellen foi presa por tráfico de drogas, carregando cerca de 15 kg de cocaína em sua bagagem. Junto com ela foram presos outros dois brasileiros que ainda não tiveram suas identidades reveladas a pedido da família.

A jovem é natural de Pouso Alegre, Minas Gerais, onde morava com a mãe e 4 irmãos. Segundo a irmã, ela havia conhecido um rapaz, que é um dos dois outros presos, e alega que não sabia que havia drogas em sua bagagem.

Segundo o G1, a Tailândia possui leis rígidas quanto o tráfico de drogas, podendo punir o réu com prisão perpétua ou morte dependendo da quantidade de drogas.

Alguns conservadores comemoram a prisão da jovem na Tailândia

Vários perfis de pessoas que se intitulam conservadoras, principalmente da ala bolsonarista, publicaram vários posts nas redes sociais, principalmente no Twitter, comemorando a prisão de Mary Hellen e dos rapazes.

Muitos dos mesmos que com razão se opuseram contra a ditadura sanitária devido ao covid, estão comemorando a possível execução da jovem que praticou um ato não violento, ela estava apenas vendendo uma substância que outros desejam comprar.

Segue abaixo alguns tweets de alguns “conservadores” que estão contentes com a possível punição com a morte para Mary Hellen:

 

Em boa parte dos tweets, muitos apontaram a contradição entre os progressistas estarem lamentado o possível triste fim da jovem enquanto comemoraram a legalização do aborto de crianças até os 6 meses. Por mais que estejam certos em apontar esta contradição, isto não anula o enorme absurdo sobre essa jovem possivelmente ser punida com a morte por algo que não deveria ser considerado crime.

Muitos conservadores partem do raciocínio equivocado de associar uso de drogas com crimes ou até mesmo afirmar que as drogas são a principal causa da criminalidade. Logo, para eles, ao combater as drogas a criminalidade será reduzida ou até mesmo eliminada.

Este é um raciocínio equivocado que retira todo o fato da índole e responsabilidade pessoal do sujeito que pratica o crime, como se existisse uma fórmula geral contendo todas as variáveis que levam alguém ao crime. Neste ponto os conservadores cometem o mesmo erro que os progressistas, substituindo as drogas pela pobreza e desigualdade como fatores determinantes do crime.

Alguém pode apontar alguns fatos envolvendo criminalidade e drogas, como os crimes violentos praticados por traficantes, casos de usuários que roubam e matam para sustentar o vício, entre outros.

No primeiro caso, o crime dos traficantes é o uso da violência contra inocentes e não a venda drogas. Já no caso dos viciados, são pessoas mais sujeitas à dependência devido à fatores independentes das drogas, como problemas psicológicos e emocionais.

O mesmo se aplica ao alcoolismo e isso não justifica criminalizar bebidas alcoólicas.

O que pode acontecer com a jovem presa na Tailândia

Apesar da Tailândia possuir penas rígidas para o tráfico de drogas, o advogado da jovem afirma que é muito provável que ela não receba essa punição levando em conta outros casos onde as penas foram mais brandas. No entanto, ainda não há nenhuma confirmação do que possa acontecer.

Assim que foi presa, Mary Hellen enviou um áudio para a irmã pedindo que chamasse um advogado conhecido pela família que poderia ajudar no caso e trazê-la de volta ao Brasil.

Até o momento, não há nenhuma informação por parte do governo da Tailândia sobre o que pode acontecer a Mary Hellen, restando apenas torcer para que a única medida justa seja aplicada: devolvê-la à sua família.

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