Usamos a palavra liberdade como um bem supremo a ser alcançado/mantido. Parece que sempre estamos na busca por desatar alguns nós que nos prendem a algo. Temos a impressão de que existem forças, estruturas e pessoas tirando o nosso direito de sermos livres.
O trabalho tira a nossa liberdade de estarmos de folga. A fome tira a nossa liberdade de estarmos saciados, enquanto a saciedade nos tira a liberdade de estarmos com fome.
A liberdade de pensamento (partimos da premissa que ela existe) parece evidenciar que não somos livres para não pensarmos. Pensamos até quando não queremos executar tal ato.
Buscamos a liberdade por que nos sentimos presos a alguma coisa, e nessa busca por liberdade podemos chegar ao ápice da escravatura: a ilusão que nos faz cegos para o fato de que a liberdade nunca será plena.
Queremos falar e fazer o que quisermos, pois acreditamos que são essas coisas que demonstram o exercício da liberdade. Na defesa da liberdade total para a ação humana, caímos facilmente na teia dos monstros fictícios.
A pessoa que é escrava da liberdade transforma a própria palavra liberdade em um objeto sagrado. Essa perspectiva a coloca numa constante paranóia. Se a liberdade se torna um fetiche, ser livre só terá sentido após se passar por um processo de libertação/purificação.
Se não há liberdade para pensar em algo fora dela, a liberdade é apenas uma prisão com permissões relativas.