Chegou na tarde do dia 20 a Brasília o grupo de dez magistrados afegãos que recebeu visto humanitário do governo brasileiro e será acolhido com suas famílias na capital federal. No total, 26 pessoas desembarcaram no Brasil desde segunda-feira (18).
São sete magistradas e três magistrados, além de seus filhos e outros familiares. Os vôos que trouxeram as famílias ao Brasil vieram da Turquia, da Macedônia do Norte e da Grécia.
A ação está sendo coordenada por entidades como a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), após informações de que 270 juízas estavam em situação de vulnerabilidade, em risco por desempenharem a função e, eventualmente, por terem julgado e condenado integrantes do regime Talibã, que assumiu o poder no Afeganistão. Os magistrados afegãos vêm recebendo guarida do governo brasileiro e das associações de juízes.
O grupo receberá aulas de português, com professores da Universidade de Brasília (UnB), três vezes por semana, na ESD. Além disso, a AMB preparou um plano de atendimento aos recém-chegados, que inclui parcerias com planos de saúde, escolas, atendimento psicológico, entre outros serviços de assistência.
O Comandante da Escola Superior de Defesa, Vice-Almirante Paulo Renato Rohwer Santos, contou que o AMB informou sobre a possível chegada do grupo há um mês. Desde então, eles prepararam instalações para receber os estrangeiros. São dez quartos mobiliados, com televisão e acesso à internet.
É um apoio humanitário que faremos da melhor maneira possível. Essas famílias, sem dúvida, precisam desse conforto, em todos os aspectos. Tenho certeza de que vão se sentir muito amparados
afirmou o Vice-Almirante. Os acolhidos poderão utilizar as instalações esportivas da ESD, que dispõe de quadras de esporte e piscina.
No início de setembro, os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública regulamentaram a concessão do visto temporário e de autorização de residência para acolhida humanitária de afegãos, apátridas e pessoas afetadas pela situação no Afeganistão.
Receberão especial atenção as solicitações de mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência e seus grupos familiares, inclusive a situação particular das magistradas afegãs trazida ao conhecimento do Governo brasileiro
informou o Itamaraty à Época.
A movimentação das associações brasileiras atende a um apelo da União Internacional de Magistrados (UIM), que na semana passada emitiu comunicado pedindo proteção às juízas afegãs. O Talibã é conhecido como grupo fundamentalista que, em uma primeira passagem como governantes do Afeganistão, nos anos 1990, relegaram um espaço restrito na sociedade às mulheres, excluídas de cargos públicos, somente podiam aparecer em público na presença dos maridos.
Com a volta do regime dos talibãs ao poder, o temor da comunidade internacional é que haja nova perseguição a mulheres que ocuparam posições de poder nos últimos anos, como é o caso das magistradas afegãs. Os magistrados afegãos têm buscado apoio das associações de juízes brasileiros que tem dado todo apoio.