Na semana passada, a Petrobras (PETR4) (PETR3) anunciou aumento do preço dos combustíveis, em uma sinalização positiva para os investidores tensos com um possível retorno dos subsídios do governo. As ações voltaram a crescer.
A Petrobrás subiu 25% no preço de diesel nas refinarias, a R$4,51 o litro, e uma alta de 19% no preço da gasolina, a R$3,86 o litro. A estatal também apontou reajuste de preços para o gás de cozinha após 57 dias de valores congelados.
Os preços dos combustíveis se tornaram um debate político no país, nos quais tanto o presidente Jair Bolsonaro como seu principal adversário à reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva, criticaram a estatal por cobrar o preço internacional, acompanhando o princípio do PPI, preço de paridade de importação.
Mas por que ocorreu um aumento no preço da gasolina?
Esse aumento pode ser explicado por alguns fatores. Primeiramente, é importante situar que a partir de 2016 a Petrobras passou a praticar o PPI, como política de precificação de seus produtos. Dessa forma, o valor dos combustíveis passou a seguir a cotação internacional e a taxa do dólar.
Atualmente em vista a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a oferta global de petróleo se tornou mais escassa pela Rússia ser um importante produtor de petróleo e gás natural. Sem contar houve um forte aumento do petróleo no mercado internacional para atingir um equilíbrio econômico e a Petrobrás coube elevar o preço da gasolina com o intuito de suprir a demanda doméstica sem riscos de desabastecimento.
Quando o preço de uma commoditie no mercado internacional sobe, há uma subida de gasolina do posto mais próximo da sua casa aqui no Brasil, pois a Petrobrás utiliza uma política de preços acompanhando cerca da cotação do combustível atrelado ao que é aplicado no exterior, em dólar. Nesse raciocínio, quando há um recuo no mercado internacional, o preço sofrerá um reajuste para abaixo no país também?
A resposta é que não necessariamente, apesar da queda do valor do petróleo recentemente, basta remeter que há poucos dias o petróleo do tipo Brent (referência da Petrobrás) era cotado a US$ 139. Não devemos observar queda dos preços no Brasil enquanto há uma defasagem no valor entre os preços internos e fora do país.
Fazendo um paralelo da paridade do barril nos mercados externos e domésticos podem variar segundo a metodologia adotada pela Petrobrás, mas nós concede uma ideia de magnitude.
Ainda assim em outros momentos que o barril de petróleo operava em queda no mercado externo, ocorreu uma redução no preço ao consumidor interno. Mas, no presente, a realidade é outra, a Petrobrás congelou aumentos que houveram após a última alteração de preços, em janeiro.
Diferença entre preços domésticos e externo diminuiu
O barril de petróleo caiu para menos de US$100 esta semana e as últimas subidas feitas no mercado interno praticamente eliminaram a diferença entre o que a Petrobrás praticava pelos produtos nas saídas da refinaria e os preços no mercado externo, provavelmente salvando o CEO da estatal de qualquer pressão a curto-prazo para aumentar de novo os valores.
Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem do preço do diesel passou de uma diferença de 40% em relação ao praticado no Golfo do México (EUA) na última semana, para 2% nesta quinta-feira (17), ao passo que a gasolina reduziu de 30% para 6% na mesma diferença.
Enquanto a Refinaria de Mataripe, na Bahia, vendida pela Petrobrás em dezembro para o fundo de investimentos árabe Mubadala, está quase atrelada com os preços internacionais, com defasagem de somente 1% em relação aos preços internacionais adotados no Golfo do México, conforme dados da Abicom.
Em razão da remoção dessa defasagem que o preço da gasolina deve se tornar mais estável nos meses seguintes e ainda impossibilite uma diminuição no valor das bombas.
Afinal, quanto do aumento do preço do petróleo e subsequente da gasolina poderia impactar a economia do Brasil?
A Petrobrás é uma das maiores empresas do país, adota a paridade dos preços internacionais para definir o preço interno da commoditie, em decorrência do conflito entre a Rússia e Ucrânia, e o risco de dificuldades com a diminuição da oferta, os preços se elevaram. A empresa não repassou o valor total para o consumidor, entretanto, ainda se especula que a gasolina chegará no valor de 10 reais.
Ao contrário dos que muitos pensam o Brasil não é autossuficiente. O país produz e exporta óleo bruto de combustivos, entretanto, importa derivados do petróleo, já mencionado, sendo que não possui a capacidade de atender o mercado brasileiro com suas próprias refinarias.
Esse cenário impacta diretamente sobre a inflação, já que a gasolina é fundamental para quase todos os bens e serviços oferecidos, e com essa alta, a inflação é iminente.
Em relação aos investimentos no país, dado que o Brasil exporta juros altas e commodities, agora é a oportunidade para a entrada de novos investidores, pelo aumento da oferta de commodities, como o petróleo, mas o custo Brasil pode não ser tão benéfico, trazendo dúvidas a captação de capital estrangeiro, que deve acontece, mas com certo receio.
Em suma, internamente, se fala sobre controle de preços ou tabelar o preço da gasolina, reduzindo a carga tributária, por outras medidas discutidas no Congresso Nacional. O próprio governo admitiu que não pretende repassar os custos aos consumidores internos. Entretanto, congelar o valor e não repassar a alta do petróleo aos consumidores diretos, pode gerar prejuízo direto a empresa, e se tratando de uma estatal, pode precisar de ajuda do “governo” para se manter , além de diminuir o investimento da empresa e influenciar no bem-estar da população, e haver uma provável compensação com o aumento de impostos de outros produtos e serviços, inclusive pressionar reajuste da passagem de ônibus.
Outros analistas compreendem que o preço não precisa ser repassado aos consumidores, já que o lucro da Petrobrás foi grande nos últimos anos, o certo seria investimento nas refinarias para que o país parasse de depender da importação desses derivados e os produzisse internamente, com isso, aliviaria o bolso dos brasileiros e não defasaria a estatal. É um momento complicado, qual seria a solução a ser tomada pelo Brasil? A intervenção na política de preços já foi testada no governo Dilma e resultou em bilhões de prejuízo de bilhões a empresa e notórios casos de corrupção.