Não obstante, os preços não são afetados apenas por essas valorizações de compradores e vendedores. São afetados também pelo meio monetário e suas diferenciações de circulação, entre outras coisas que não se apresentam tão maléficas.
Para explicar isso, devemos voltar para os princípios básicos praxeologicos. No caso, a utilidade marginal e a lei da utilidade marginal decrescente. Ambos os conceitos se aplicam a qualquer mercadoria. Um dos méritos do economista austríaco Ludwig Heinrich Edler von Mises foi justamente conseguir aplicar esses conceitos à moeda que é, acima de tudo, uma mercadoria como qualquer outra.
Mises usou o que ele chamava de teorema da regressão para explicar como o marginalismo se aplicava à moeda. Não nos cabe aqui explicar detalhadamente tal teorema tão complexo. Porém, em suma, se diz que a demanda de uma moeda, isto é, sua utilidade marginal, é definida em uma mistura da expectativa futura de seu poder aquisitivo e seu uso como bem liquido.
Já a lei da utilidade marginal decrescente diz que a cada nova unidade de um meio diminui sua utilidade marginal devido a essa nova unidade ser aplicada num ramo de ação menos valorizado que a unidade anterior seria aplicada.
A utilidade marginal define a razão de troca de qualquer mercadoria que passe nos critérios para existir alguma utilidade. Isso não seria diferente com o dinheiro devido ao fato já aqui exposto de que se trata, além de qualquer coisa, de uma mercadoria.
Por exemplo, uma pessoa quando resolve comprar um carro julga o que ela renuncia e o que ela ganha com esse ramo de ação. Vamos supor, hipoteticamente, que esse carro tenha o preço de 100 mil unidades monetárias. Essa pessoa, por obvio, irá considerar tudo que ela pode comprar com essas 100 mil unidades monetárias, limitando ao seu conhecimento, e julgará se vale a pena ou não o comprar o dito carro.
Isso irá depende de como ela valoriza a moeda, sendo isso diferente para cada indivíduo. Para simplificar, chamaremos essa valorização de demanda por encaixe.
Essa valorização é afetada também pela lei da utilidade marginal decrescente, onde, caso ela receba mais unidades monetárias, a unidade monetária marginal será menos valorizada.
Juntando esses dois conceitos, se cria a oferta e demanda para a moeda. Onde, ceteris paribus, uma maior demanda por encaixe irá aumentar seu poder aquisitivo marginal e vice-versa. Assim como uma menor oferta monetária diminui o poder aquisitivo marginal e vice-versa.
É importante ressaltar que a demanda e a oferta monetária só influenciam o poder aquisitivo na media em que a quantidade em circulação de uma moeda é mudada devido a esses fatores.
Como as pessoas valorizam menos a moeda, gastam mais nominalmente, o que aumenta as demandas dos produtos, aumentando seus preços. É importante ressaltar que isso não implica numa mudança da preferencia temporal. Por mais que se consuma mais, não necessariamente a poupança não acompanha essa mudança. Só se pode afirmar que a valorização marginal da moeda diminuiu. Nada além disto.