O Dia do Trabalhador, comemorado em vários países todo o dia 1° de maio, é lembrado como um símbolo da luta dos trabalhadores por melhorias salariais e de condições de trabalho. Também é uma forma de reconhecimento do trabalho como responsável pelo progresso e desenvolvimento que temos hoje.
Ao menos é isso o que a grande mídia, propaganda política, sindicatos e escolas e universidades – todos regulamentados pelo estado – nos dizem e ensinam. Mas o quanto disto é verdade?
Origem do dia do trabalhador
O Dia do Trabalhador foi escolhido como homenagem ao dia 1° de maio de 1884, quando se iniciou uma série de greves de trabalhadores nos EUA. A data havia sido escolhida como início da campanha de vários sindicatos para pressionar os empregadores a reduzirem a jornada de trabalho para 8 horas.
A escolha da data foi devido ao fato de muitas empresas iniciarem seu ano contábil nesse dia e também de demitirem muitos funcionários. Por incentivo de ativistas anarquistas (mais precisamente, anarcosindicalistas) mais de 340 mil trabalhadores entraram em greve em todo o país naquele ano.
Durante um confronto entre policiais e grevistas na Haymarket Square, algumas bombas foram explodidas, matando alguns policiais. Após isso houve uma verdadeira caçada contra os responsáveis pelas explosões.
No fim, os anarcosindicalistas anarquistas Albert Parsons, Adolph Fischer, George Engel, August Spies e Louis Lingg foram apontados pela polícia como autores do crime e enforcados. A prisão e punição dos ativistas ocorreu mesmo não havendo nenhuma prova do envolvimento deles no ataque.
Em 1895, o tribunal de justiça de Chicago inocentou os sobreviventes após provas de que o chefe de polícia responsável pelo combate às greves havia armado as bombas. Os ativistas punidos injustamente ficaram conhecidos como “Mártires de Chicago” e possuem um monumento em sua homenagem.
Após esse evento, governos de vários países adotaram o dia 1° de maio com feriado nacional, sendo a França o primeiro sendo seguido pela União Soviética.
Algumas verdades não contadas
É verdade que todas as provas indicam que os quatro ativistas executados foram punidos injustamente. No entanto, a falsa imagem de que todas as greves eram pacíficas e que não houve crimes por parte de muitos sindicalistas é totalmente falsa.
É verdade que a prática sindical, bem como a greve, não são em si práticas que deveriam ser criminalizadas. Toda atividade que respeita os direitos de autopropriedade e propriedade dos indivíduos são legítimas e devem ser respeitadas.
No entanto, é inegável que muitas ações sindicais foram violentas e muitas vezes tiveram como alvo trabalhadores que não queriam colaborar. Muitos trabalhadores que agiam como fura-greve (que continuavam a trabalhar e não participar de nenhuma greve) foram perseguidos e agredidos violentamente por vários sindicalistas.
Óbvio que o estado é a violência institucionalizada e deve ser repudiado. No entanto, a ideia de que empresários usavam a polícia estatal para agredir pessoas fazendo greves pacíficas é difícil de assimilar quando alguns dados históricos revelam detalhes geralmente ocultados.
O principal deles é que os empregadores mais ricos geralmente recorriam à agências privadas de segurança. E na maioria dos casos essas agências eram convocadas para conter confusões causadas pelos próprios sindicalistas. E isso incluía ataques à fura-greves e tentativas de tomadas das empresas.
Quando as empresas de segurança não conseguiam dar conta dos ataques sindicalistas, as empresas acabavam recorrendo às forças estatais para garantir a segurança das fábricas e dps fura-greve. É bom lembrar que devido ao estado manter monopólio da segurança, os serviços deste tipo eram altamente regularizados e consequentemente escassos.
Apesar de muitos sindicatos terem como pauta aumentos salariais e redução da jornada de trabalho, muitos deles não tinham isso como meta, mas como meio. Maioria dos sindicalistas sempre estiveram associados ao socialismo e a Internacional Socialista. Inclusive a maioria dos sindicalistas envolvidos nos eventos que culminaram no 1° de maio.
Muitos deles tinham como meta a tomada de fábricas e com isso a instauração do socialismo nos moldes sindicalistas. E não era incomum sindicalistas pegando em armas e organizando ataques.
Um outro detalhe na história do caso Haymarket, que mesmo sendo falso acabou sendo tomado como verdade, foi a afirmação de que a bomba foi um plano de um oficial de polícia ou dos agentes de segurança Pikerton. No entanto, tal hipótese entrava em conflito com depoimentos de várias testemunhas do evento. A maioria deles sindicalistas.
O consenso entre a maioria dos sindicalistas é que o responsável pela explosão fosse um deles. Dentre os apontados como responsáveis, estavam os sindicalistas Rudolph Schnaubelt, George Schwab, George Meng, Klemana Schuetz, Reinold “Big” Krueger, dentre outros.
No entanto a versão de que algum agente policial tivesse tramado o ataque pode ter sido aceita pelo tribunal como forma de encerrar o caso e evitar maiores tumultos.
Um outro detalhe geralmente ignorado sobre o 1° de maio é que antes que qualquer país instituísse a data como feriado nacional, a Internacional Socialista e várias outras organizações de cunho socialista já defendiam ela como Dia do Trabalhador.
Com a crescente força dos sindicatos e uma aparelhamento estatal cada vez maior sobre eles como forma de expandir o poder do estado, símbolos, discursos e leis de cunho sindicalista e socialista foram se tornando cada vez mais comuns a ponto de permearem as políticas de todos os países ocidentais hoje.
Há motivos para se comemorar o dia do Trabalhador?
Como dito no início do texto, somos ensinados que o Dia do Trabalhador representa as lutas e conquistas de todos os trabalhadores. Mas será isso verdade? Nos é ensinado que os sindicatos sempre lutaram pela melhoria das condições dos trabalhadores. Mas o máximo que conseguiram com o estabelecimento das leis trabalhistas foi a manutenção dos empregos e estabilização dos ganhos dos trabalhadores mais qualificados já ingressos no mercado, às custas dos menos qualificados.
Uma vez que estes últimos não compensam os custos trabalhistas impostos pelo estado, eles acabam desempregados. Ou os sindicalistas sempre ignoraram ou isso, ou simplesmente não se importavam com tais consequências. Contanto que não fossem eles os prejudicados.
E não é difícil de imaginar que estes são alguns dos fatores responsáveis pelo desemprego em vários países. Principalmente nos menos desenvolvidos.
Por outro lado, mesmo para os trabalhadores “protegidos” pelas leis trabalhistas não há muito a se comemorar. Cada vez mais os impostos e a inflação pesa sobre o bolso destes.
Os ajustes salariais anuais impostos pelo estado são meras correções ajustadas à inflação que não compensam toda a perda de poder de compra que o estado lhe causou por meio da impressão massiva de dinheiro.
Além do imposto de renda (que pesa principalmente sobre a tão injustamente odiada classe média) e da inflação, ainda há o protecionismo estatal, que protege suas empresas favoritas, mantendo os trabalhadores longe de produtos importados mais acessíveis.
Olhando o panorama geral, com os trabalhadores se vendo esmagados pelo desemprego, impostos, inflação e aumento do custo de vida (a maioria destes fatores causados pelo estado), não resta muito a se comemorar no Dia do Trabalho.
Se é que resta.