1 .Introdução

1.2 O que são as criptomoedas? Uma breve história do dinheiro e o porquê de criptomoedas serem dinheiro, e não investimentos ou pirâmides.

1.3 Qual a relevância das Criptomoedas? Sobre propriedade e escassez digital.

1.4 Bônus: Liberdade e sustentabilidade.

2. Como comprar criptomoedas?

3. Exemplos de uso – Criptomoedas, blockchain e smart contracts.

1. Introdução

1.1 Overview e disclaimer

Este é o guia sobre criptomoedas da Gazeta Libertária. O objetivo é expor o que são as criptomoedas, como adquiri-las, seus principais usos e principalmente, o porquê de usá-las. Foi feito para ser sucinto e objetivo, e por isso, são citados vários links e fontes externas para possibilitar que os interessados se aprofundem nos assuntos, sem comprometer a completude, tampouco, a sua intenção sinóptica.

Sendo assim, todo o conteúdo aqui exposto possui caráter informativo e não envolve nenhuma forma de recomendação a respeito do que você deveria fazer com o seu dinheiro (afinal, só o estado julga que tem esse direito).

1.2 O que são as criptomoedas? Uma breve história do dinheiro e o porquê de criptomoedas serem dinheiro, e não investimentos ou pirâmides.

Em primeiro momento, é relevante comentar brevemente sobre o que é o dinheiro. O dinheiro é a forma com que a civilização encontrou de trocar bens, uma alternativa prática ao escambo. As pessoas precisam trocar seus bens, sobretudo na civilização moderna em que a produção se dá por imensas cadeias horizontais ao invés de verticalizadas, e uma forma de fazer isso é reconhecendo algum outro bem com valor aceito por todos aqueles que participam das transações. Na história, já foram utilizados dos mais diversos itens como formas de dinheiro, dentre eles, rum, açúcar, metais em geral, e os principais deles, prata e ouro; todos com a mesma finalidade: precificar itens e permitir a troca deles de forma indireta. Um camponês troca seu saco de trigo por uma moeda de prata e então troca essa moeda de prata por um saco de arroz, ou seja, um saco de trigo foi trocado por um saco de arroz e o dinheiro cumpriu seu papel. 

Durante essa história, várias instituições e ideias apareceram, dentre elas, os papéis moeda, os governos, os bancos centrais, o acordo de Bretton Woods, a quebra do acordo de Bretton Woods, e as criptomoedas. Hoje, as pessoas possuem como principal forma de dinheiro o que chamamos de moedas fiduciárias. Exemplos são o Real e o Dólar. Caso queira se aprofundar sobre a história do dinheiro, recomendo este artigo.

Sendo assim, com a finalidade de oferecer às pessoas um bem reconhecido pelo mercado em que elas pudessem precificar suas propriedades, uma forma de ouro digital, as criptomoedas vêm a vida com Satoshi Nakamoto, o criador do Bitcoin. De forma abstrata e sem nos aprofundarmos em detalhes técnicos, podemos definir as criptomoedas, da etimologia, como nada mais que moedas criptografadas. São essencialmente um meio de troca que se utilizam de tecnologias de blockchain (ou alguma base de dados distribuída semelhante) e criptografia para validar transações. Existe um limite de moedas “criadas” e essas moedas possuem suas transações registradas em uma estrutura de dados imutável, conferindo uma forma de dinheiro como qualquer outra.

Com um pouquinho mais de detalhes aos entusiastas, mas apenas informação adicional e não fundamental:

  • Blockchain é um tipo de base de dados distribuída que armazena registros imutáveis (que nesse contexto, pode ser entendido como “permanente”). Foi criada por Nakamoto, e por isso, está tão associada à tecnologia das criptomoedas. Porém, é essencialmente uma tecnologia e pode ser usada sem necessariamente envolver criptomoedas e vice-versa. Existem criptomoedas que utilizam o sistema de blockchain de forma diferente do bitcoin, como a Nano, que possui Block-Lattice (várias blockchains diferentes na rede).
  • Centralização se refere à forma de “controle” da moeda. Existem moedas centralizadas, como as moedas fiduciárias (também conhecido como dinheiro “normal”, moedas como o dólar americano e o real brasileiro), em que uma instituição é responsável por autenticar, garantir e gerenciar o seu funcionamento e valor. No caso das moedas fiduciárias, essas instituições são os governos e os bancos centrais. E existem moedas descentralizadas, em que há uma tecnologia e/ou valor reconhecida pelas pessoas, independentemente de intermediários, como o ouro (ainda que as formas de adquirir ouro quase sempre envolvem governos, o seu valor é reconhecido independente de governos e bancos centrais. Indivíduos o utilizam desde sempre como moeda de troca).

Deste modo, via de regra, criptomoedas são, apenas, dinheiro. Seu objetivo de existência é prover uma forma prática e confiável de precificar bens existentes em um ativo aceito por todos participantes do mercado e permitir a troca entre eles.

Consequentemente, quero quebrar alguns mitos aqui, deixando claro que: Criptomoedas não são investimentos e não são pirâmides, como se ouve falar em mídias duvidosas e canais de comunicação pouco profissionais.

(Obviamente, existem aproveitadores e mentirosos em qualquer lugar. Não é porque alguém ou alguma empresa diz vender criptomoedas que essas criptomoedas são seguras ou essas pessoas são confiáveis).

Mais uma vez: Criptomoedas são meios de troca, ou seja, uma forma de dinheiro.

Comentário sobre como “ganhar dinheiro” com elas:

Por consequência direta do fato “ser um meio de troca”, é possível “ganhar dinheiro” com a sua flutuação. Em qualquer contexto saudável da economia, existe flutuação de preço sobre bens negociáveis (qualquer um) devido à dinâmica de oferta e demanda desses bens.

A partir disso, existem duas formas principais de conseguir patrimônio com criptomoedas, que são trading e holding. A primeira delas (trading) trata-se de aproveitar da flutuação para fazer compras e vendas rápidas com lucro, semelhante ao day trading da bolsa de valores, porém, com uma moeda ao invés de participações em empresas. A segunda delas trata-se de comprar criptomoedas a partir de fundamentos tecnológicos e esperar pela sua adoção em massa e consequente aumento da demanda para aumentar seu preço. 

Esse guia não tem a mínima intenção de comentar em detalhes como se aproveitar de criptomoedas para enriquecimento porque como já dito, essa utilização é um desvio da funcionalidade principal delas, que é ser um meio de troca – ainda que trading e holding sejam formas de utilização totalmente válidas (aquele que comprou as moedas que decida a forma de utilizá-las, é exatamente para proteger a ideia da propriedade privada e dar às pessoas controle sobre o que é delas que essa tecnologia existe).

Porém, um aspecto importante das criptomoedas nesse sentido, que incentiva a prática do holding, e que também é um dos motivos pelos quais elas são totalmente relevantes como uma alternativa às moedas fiduciárias, é sua garantia tecnológica de escassez. Comentaremos sobre com mais detalhes no próximo tópico.

1.3 Qual a relevância das Criptomoedas? Sobre propriedade e escassez digital.

Quanto ao motivo pelo qual ter e usar criptomoedas (sobretudo, moedas descentralizadas), é bem simples e trata-se de uma única ideia norte: 

Para ter o seu dinheiro na sua mão, independentemente de governos, bancos centrais e quaisquer medidas econômicas arbitrárias feitas por eles. Criptomoedas são a melhor forma da tecnologia aplicada ao mundo das finanças no sentido de dar liberdade às pessoas sobre o próprio patrimônio, única e exclusivamente por serem descentralizadas. São o ouro digital, possuem o valor reconhecido pelas pessoas que a utilizam, diferentemente das moedas fiduciárias.

E por que essa independência é importante e precisamos de uma alternativa às moedas tradicionais e livrar as pessoas dos problemas que elas possuem? 

As principais respostas são: pela arbitrariedade governamental e o princípio da escassez.

A arbitrariedade é a mais simples de explicar e podemos nos utilizar de um exemplo bem prático: Em moedas fiduciárias, existe uma instituição responsável por forçar o uso dessa moeda (sim, as moedas oficiais dos países possuem curso forçado e as pessoas são obrigadas a utilizá-las – Mais detalhes nesse link) e essa instituição pode fazer com que o poder de compra toda uma população seja dizimado com decisões econômicas ruins, o que aconteceu com a moeda da Venezuela, da Argentina, e, pasmem, com o Brasil. 

Entre vários fatores, as decisões contra o livre mercado, a instabilidade política, a redução forçada da taxa de juros e o afugentamento de investimento externo foram responsáveis pela desvalorização imensa que vimos no real e é o motivo pelo qual perdemos tanto poder de compra nos últimos anos, sobretudo em 2020. Vide o aumento dos preços em quase qualquer bem de consumo, que a mídia costuma chamar  “aumento do dólar”, mas com um pouquinho de conhecimento e pesquisa, vê-se que o Real performou pior que todas as outras moedas do mundo em 2020 e consequentemente, as outras moedas “subiram” perante a ele.

O outro ponto, que também envolve a arbitrariedade governamental e é igualmente responsável pela perda de valor do Real , isso se não for O FATOR mais relevante, é a não-escassez da moeda. Moedas fiduciárias não possuem lastro desde o fim do acordo de Bretton Woods em 1971 — em que o padrão ouro foi abandonado e as moedas correntes deixaram de ter conversibilidade real com algum material de natureza escassa, permitindo que as instituições controladores das moedas tivessem total poder para controlar a quantia de moeda em circulação — e sendo assim, vê-se medidas econômicas deploráveis por parte do banco central, sobretudo no que diz respeito à expansão da base monetária, que a miúdos, trata-se de: impressão de dinheiro. 

Mas por que isso é um problema e como isso se relaciona com criptomoedas?

Em um mundo com propriedade privada, o princípio que rege o valor dos bens é a escassez, de forma simples e clara como isso: quanto mais escasso e necessário um bem for, maior valor as pessoas verão nele e consequentemente estarão dispostas a pagar mais por tal. Ao aumentar a oferta de determinado bem, a mais óbvia consequência é a redução de seu valor, e esse é o motivo pelo qual moedas não lastreadas são problemáticas.

Sem convertibilidade em um material de natureza escassa, as instituições responsáveis pela moeda possuem o poder de expandir a quantia de moedas em circulação – por quaisquer motivos que sejam, pagar dívidas públicas ou cobrar impostos de maneira sorrateira, por exemplo. A consequência disso é a perda de valor absurdo na moeda corrente e a população que lute. Para deixar um pouco mais claro, saiba que desde a implementação do Real brasileiro, acumulamos uma inflação de míseros 438%, ou seja, uma nota de 100 reais em 1994 hoje vale 18,59. Uma perda do poder de compra de 81,41% (fonte aqui). Ter dinheiro fiduciário é literalmente deixar o banco central corroer o seu patrimônio com inflação.

A forma com que criptomoedas resolvem esse problema é: oferta limitada e natureza deflacionária (escassez digital). Em geral, as criptomoedas possuem quantias limitadas de tokens (entenda como cédulas, se preferir) em circulação, de forma que nada nem ninguém consiga aumentar essa quantia e destruir o seu valor.

Como conclusão deste tópico, temos que: 

Não é sobre ganhar dinheiro. Não é sobre ser inovador, ou sobre entusiasmo tecnológico. É sobre liberdade, o que nos leva ao próximo assunto.

Mais detalhes sobre a relação direta — compatibilidade semântica — entre inflação e expansão da base monetária, recomendo este artigo.

1.4 Bônus: Liberdade e sustentabilidade.

Já que falamos de liberdade, gostaríamos de apenas induzir algumas reflexões sobre o tipo de risco que corremos confiando tudo que possuímos em moedas centralizadas e o que esse controle está causando não apenas ao nosso dinheiro e nosso patrimônio, mas ao mundo, citando algumas discussões interessantes sobre o tema, ainda que não tenhamos nenhuma relação com esses canais.

Artigo do mises Brasil sobre a hiperinflação do Brasil e a perda de valor da nossa moeda

Artigo do mises Brasil sobre o confisco de dinheiro na argentina devido à desconfiança das pessoas no banco central, semelhante ao ocorrido com o confisco da poupança brasileira em março de 1990

Artigo da revista Exame sobre a sustentabilidade do Bitcoin (que é, uma das criptomoedas que mais consome energia para mineração e manutenção da blockchain e não é a única criptomoeda existente) em relação ao sistema financeiro tradicional, a qual as criptomoedas oferecem uma alternativa.

Vídeo do economista Fernando Ulrich sobre o impacto ambiental do Bitcoin no mundo.

2. Como comprar criptomoedas?

Entendidas todas as motivações por trás das criptomoedas e o seu porquê de existir, vamos à parte “prática”: como comprar criptomoedas?

Antes de tudo, é válido comentar que criptomoedas são uma categoria de ativos e existem várias delas, com diferentes propósitos e tecnologias. A mais famosa delas é o Bitcoin, e consequentemente uma das de maior valor e confiança, devido ao imenso uso já adotado. 

Porém, existem inúmeras outras criptomoedas (conhecidas como “altcoins”) com objetivos e potenciais de serem bem sucedidas em seu propósito (mais uma vez, o propósito de uma criptomoeda é ser transacionada e servir como moeda de troca, não ganhar dinheiro), como, por exemplo (lembrando, não é uma recomendação) as moedas Ethereum, Nano, Tron, Monero e Cardano Ada. Cada uma delas explica sobre a tecnologia que adotam e o seu principal objetivo em uma relação chamada whitepaper (algumas visam ser negociadas no dia a dia, como a Nano. Já outras, tem enfoque em privacidade, como a Monero. Outras, tem tecnologias versáteis e com grande potencial para o mundo dos negócios, como a Ethereum). É bem relevante conhecer o que você está comprando, sejam criptomoedas ou não.

Sobre a wallet

Após escolher a moeda que atende o que você acha importante em uma moeda e/ou oferece uma boa solução para o uso que você pretende dar a ela, é necessário criar uma “wallet” para essa moeda, que são carteiras digitais para que você manipule as moedas que você tem. 

Importante mencionar também que essas carteiras são ferramentas e não custodiadores. Ou seja, seu acesso às moedas que você tem depende da sua seed (explicado com mais detalhes abaixo) e não possui relação com a wallet utilizada.

Sobre a seed

Sua seed, de forma consideravelmente simplificada, é a sua identificação na rede. Trata-se de uma “chave privada” (na prática, a seed é usada para criar uma ou mais chaves privadas e essa chave é a forma de “assinar” transações na blockchain) utilizada para que usuários registrem transações na rede e também a “senha” para acessar sua carteira. Ou seja, sua seed é a informação mais importante para que você tenha acesso às suas moedas. Uma vez perdida, ninguém mais conseguirá utilizar essas moedas.

Dê uma pesquisada sobre wallets confiáveis para a moeda que você quer e guarde bem a sua seed em um lugar seguro. 

Comprando as criptomoedas

Com a wallet em mãos, existem duas principais formas de consegui-las: 

Comprando-as diretamente em corretoras (exchanges), não vamos dar nenhuma recomendação porque uma busca de 2 minutos no google lhe apresentará as opções mais confiáveis. Exchanges são “casas de trocas online”, com mecanismos semelhantes à bolsa de valores: são um sistema onde as pessoas colocam suas moedas a venda por determinado preço e outras compram por determinado preço; 

E há o que chamamos “peer-to-peer”, pessoas físicas trocando as suas moedas por outras moedas, da mesma forma com que você troca o seu dinheiro em real por qualquer produto ou moeda que você queira com qualquer pessoa, em mercados, aeroportos, na rua. Esses profissionais costumam cobrar taxas maiores que as corretoras devido à comodidade de — normalmente — não pedirem informações pessoais e oferecerem formas de pagamento mais práticas. Podem ser encontrados em grupos em redes sociais, ou em sites na internet voltados a esse tipo de transação. 

MAIS UMA VEZ, lembrando ser necessário pesquisar sobre o tipo de empresa ou pessoa com quem você está negociando, procurar recomendações e lembrar que cada compra é voluntária e sob sua própria responsabilidade.

3. Exemplos de uso – Criptomoedas, blockchain e smart contracts

Por fim, gostaríamos de mostrar exemplos de uso práticos de criptomoedas no dia a dia das pessoas, permitindo que elas negociem o que elas têm entre si, sem prestar contas à nenhuma instituição, sem serem rastreadas ou cobradas por fazerem negociações voluntárias.

Exemplos de empresas que utilizam criptomoedas em seu negócio do dia-a-dia são várias, desde Tesla e SpaceX ao McDonald ‘s, em que, por exemplo, o consumidor pode fazer seu pedido de um combo cheeseburguer e coca-cola, pagando-os em bitcoin. Entre outras coisas, a pessoa pode pagar seu aluguel, carro, estadia e viajar para o país pagando em criptomoeda, desde que a empresa contratada aceite a forma de pagamento e essa é a forma mais comum feita para ser. 

Também existem formas mais “sofisticadas”: empresas estão desenvolvendo sistemas notariais, sistemas semelhantes aos cartórios brasileiros, registrando informações na blockchain do bitcoin, por exemplo, e em outras criptomoedas. Outro caso de uso semelhante ocorre em empresas utilizando blockchain para registro de informações, garantindo que notas ou cotas de determinado fundos existiram e foram da empresa. Ainda nesse mercado, existem formas como Open Timestamps (OTS). Com a OTS, foi possível registrar todo o Internet Archive em um bloco de bitcoin. Portanto, você consegue provar que tudo aquilo que existiu em certo momento da história de fato existiu, em um bloco de bitcoin. 

Há também pessoas que usam como moeda, a Binance. A Binance é uma exchange, ela criou a BNB (Binance token) e vendeu o BNB às pessoas, com o intuito de arrecadar dinheiro e criar a Binance. Assim, aqueles que possuem a Binance Coin conseguem usá-lo para pagar com desconto a taxa do “trading” na plataforma. 

Igualmente válido ressaltar é que, tudo que é pensável quanto a milhas aéreas, pontos, dots… é possível fazer com criptomoedas. As possibilidades do modelo financeiro descentralizado e aberto por onde você consegue negociar em qualquer lado do mundo são ilimitadas.

Outro exemplo do potencial dessa tecnologia, são os NFTs, em alta hodiernamente, sendo criptomoedas não fungíveis (literalmente, significa token não fungível). Se caracterizam pelo fato de que cada “token” difere um do outro. Exemplificando, se você tem vários apartamentos, cada apartamento por mais que sejam parecidos, eles diferem um do outro, eles não são intercaláveis, cada um está em uma posição, um está em andar diferente ou pega sol e o outro não. Nesse sentido, os títulos de propriedades de apartamentos podem ser associados à NFTs e serem vendidos, divididos ou comprados. É uma tecnologia crescente no mercado de obras de arte e jogos online.

Por outro lado, há criptomoedas que principalmente trabalham com smart contracts – contratos inteligentes. A Tron, a Cardano ADA e a Ethereum são exemplos de moedas que possuem a função de gerar contratos inteligentes em suas redes. Em contraste com o Bitcoin, que opera “somente” para armazenar valor e ser uma ferramenta de troca. Um exemplo de smart contract é a tecnologia defy, presente em bancos autônomos. Como caso hipotético, imagine: determinada pessoa quer um empréstimo de um amigo e empresta para o defy e dá algo de garantia. Caso não pague o que foi estabelecido, automaticamente, o que foi deixado de garantia é vendido sendo utilizado para pagar sua parte de juros de porcentagem.

Conceitualmente, os smart contracts se caracterizam por ser um contrato digital autoexecutável que utiliza tecnologia para assegurar que os acordos pactuados serão cumpridos. Antes da emissão desse documento, as regras, ou seja, as cláusulas e resultados — sejam de benefícios ou penalidades —  são programadas. Visto que as partes fecham o acordo com um clique, as obrigações são acionadas automaticamente, propiciando a cobrança e o monitoramento dos processos. 

A autenticação das regras contratuais é acordado via uma tecnologia que registra os dados compartilhados de alguma ou ambas as partes do acordo, são as  blockchains. São base de dados que proporcionam uma comunicação direta, criptografada e que dispõem de maior privacidade e segurança no processo. Os dados atualizados ocorrem automaticamente no acordo, as determinadas ações são efetivadas sem o perigo de adulteração ou fraude. Trata-se de um documento imutável a qualquer alteração, até mesmo a um erro de digitação, notificando o administrador a criar um contrato.

Assim, as empresas não ficam dependentes de terceiros e têm maior liberdade de gerir suas ações de forma transparente e eficiente com seu fornecedor e cliente, de forma que as criptomoedas possam oferecer não só alternativas ao sistema financeiro, mas também para acordos e contratos entre as pessoas, como alternativa ao sistema cartorial.

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