Há quase dez anos iniciava na cidade de São Paulo os atos que ficariam conhecidos como as jornadas de junho.

Um protesto aparentemente inofensivo contra o aumento de vinte centavos nas tarifas de ônibus acabou desencadeando uma onda de caos na capital paulista, e logo se expandiu por outras cidades Brasil afora.

Não Era Pelos Vinte Centavos

Após a reclamação sobre o aumento da passagem – e sugestões ousadas como a tarifa zero nos transportes públicos, incentivada pelo Movimento Passe Livre – foram surgindo pedidos aleatórios, influenciando outras pessoas a irem às ruas.

Alguns diziam estar na rua pela educação, outros pela saúde, tinham aqueles que afirmavam estar se manifestando a favor da segurança, e os mais diferenciados acreditavam que deviam participar dos atos mesmo sem saberem o motivo.

Rapidamente as manifestações tornaram-se contra tudo e contra todos, e a expressão o gigante acordou” tornou-se a frase propaganda das pessoas a favor dos atos.

A Favor do Caos

A situação começou a sair do controle quando a esquerda incendiária começou a mostrar sua face.

Depredações de lojas e agências bancárias viraram rotina. Rojões foram usados como armas. Arremesso de objetos em direção a qualquer um que aparentava ser inimigo virou algo comum.

Junto com as depredações das lojas, iniciaram os furtos e saques das mesmas. Até bancas de jornais foram atacadas.

Viaturas policiais foram tombadas e queimadas. Um veículo de uma emissora de TV foi incendiado.

Os black blocs, uma seita legitimada pela esquerda, ganharam projeção nacional. Até um livro realçando suas qualidades na luta política foi escrito tempos após as manifestações acabarem.

As pessoas pacíficas que haviam se juntado ao grupo por empolgação nos primeiros dias dos movimentos, e agiam sem violência, deixaram as ruas.

Poucas semanas após os atos serem iniciados, apenas a esquerda raivosa continuava nas ruas atacando os policiais e dizendo que estava sendo reprimida covardemente.

O Evidente Desequilíbrio

Fazendo um paralelo com os atos ocorridos em Brasília no dia 08 de janeiro de 2023, vemos que neste houve uma proporção consideravelmente menor de bagunça e violência, tanto em quantidade como em qualidade.

Considere os fatos descritos abaixo sobre os atos de 2023.

Exatamente uma semana após Lula assumir a presidência do Brasil – de um jeito bem peculiar – a capital federal foi invadida. Os edifícios que representam Os Três Poderes foram vandalizados.

A Câmara dos Deputados, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal tiveram seus edifícios e objetos internos avariados.

Um dia de fúria contra um mês de caos social. Assim vemos os atos de janeiro de 2023 e os atos de junho de 2013, respectivamente.

OBS. É importante separarmos os bloqueios de estradas e os acampamentos na frente dos quartéis dos atos restritos aos Três Poderes, pois eles possuem sinalizações distintas.

Proporcionalidade Confusa

Terroristas, criminosos, bandidos, antidemocráticos e golpistas seriam apenas os manifestantes de direita nos atos de 2023?

Os manifestantes de esquerda seriam ativistas políticos, lutando contra a opressão, e a favor dos menos favorecidos nos atos de 2013?

As jornadas de junho geraram confusão e perdas expressivas para os comerciantes que tiveram suas lojas saqueadas e vandalizadas.

Policiais foram atacados e filmados pela mídia ninja, como se eles fossem os responsáveis pelo caos gerado.

No entanto, nenhum desses “manifestantes do bem” foi levado para um “campo de concentração”, deixados sem água e sem comida, enquanto aguardavam um kit de higiene.

O então ministro do STF, Ayres Britto, não mandou prender governadores, nem o ministro da justiça sob a acusação de consentirem com o vandalismo das jornadas de junho.

A Mídia Sempre Escolhe Um Lado

Mesmo com tais diferenças, os atos de 2023 continuam sendo tratados como perversos, enquanto o caos social em junho de 2013 são vistos como ações legítimas.

Para a mídia tradicional, formadores de opinião e influencers, vandalizar os edifícios dos Três Poderes, num único dia e numa região praticamente desabitada, é pior do que destruir estabelecimentos comerciais, saquear lojas, atear fogo em veículos de imprensa e atacar policiais.

O Mundo das Aparências

A forma descarada como têm sido tratado os atos de 2023, consideravelmente menos danosos se comparados aos atos de 2013, busca esconder a necessidade de discutir as motivações de ambos.

A aparência de algo pode não ser o reflexo de sua essência. Existe elementos mais profundos a serem entendidos nas ações humanas que aparentam ser apenas histeria coletiva. O culto à democracia é uma delas. Falaremos sobre isso numa outra oportunidade.

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