Durante o discurso para comemorar os 110 anos da Revolução Xinhai 辛亥 (09), que consolidou a primeira República da China, o presidente chinês Xi Jinping exortou o desejo de que Taiwan fosse completamente reunificado à China continental de forma pacífica. Nessa mesma linha, Xi também expressa que ninguém pode subestimar a força dos chineses em defenderem sua soberania.

O Ministro da Defesa de Taiwan, no que lhe concerne, classificou isso como uma clara ameaça e que a relação entre Pequim e Taipei está em sua pior fase em 40 anos. Já a presidente, Tai Ing-wen, respondeu que a ilha não será forçada a se render à China continental e reiterou o comprometimento com o status quo.

Embora Taiwan, um país que tem 25 milhões de habitantes, esteja feliz de ser uma democracia independente e disposta a lutar por sua liberdade, Pequim insiste que seja uma “província rebelde” e território chinês “inviolado”. China continua ameaçando repetidas vezes que se for necessário adotará a força militar para trazer a ilha de volta ao controle da China.

Fato é que o status quo vem sofrendo uma escalada de tensões desde o início de outubro por razão que 150 aviões de guerra chinesa fizeram incursões na chamada zona de identificação aérea de Taipei, incluindo drones, aviões de vigilância e bombardeiros nucleares H-6.

À medida que as tensões entre os dois países seguem aumentando, o Ministro de Defesa taiwanês, Chi KuoCheng, estipulou que até 2025 a China estaria preparada para avançar em um ataque de larga escala com perdas mínimas contra a ilha. De acordo com Chiu, o “menor descuido” ou “erro de cálculo” pode acarretar uma “crise” no Estreito de Taiwan, a faixa de água de apenas 180 km de largura que separa os dois países.

De acordo com reportagem do WSJ sobre o temor dos EUA de um possível conflito militar, oficiais americanos e especialistas em segurança acreditam que Taiwan necessitaria assegurar que teria capacidade de aguentar ou ao menos desencorajar uma invasão de força, ou aguardar até a chegada de assistência provável dos EUA.

Após anos de aumentos de gastos militares, a China atualmente possui 100 vezes mais efetivo de força terrestre do que Taiwan e um orçamento 25 vezes maior, segundo as informações do Pentágono.

Dada à repercussão internacional, o presidente americano Joe Biden prometeu reunir-se com a contraparte Xi Jinping virtualmente antes do fim do ano. Afirma que “há um princípio de acordo”. Em 1947, os EUA e diversos países, entre eles o Brasil, assinaram um acordo em que reconheciam diplomaticamente a China Continental, em vez de Taiwan. Consequentemente, Taiwan perdeu todo o reconhecimento que tinha, inclusive com o fechamento de embaixadas na capital Taipei.

No entanto, Washington prosseguiu apoiando a autonomia e inclusive vem fornecendo armamento há anos de maneira não oficial e não diplomática. Nesse ponto, os EUA reconheceram apenas a China e fornecem ajuda direta a Taiwan — que vem se estendendo há quarenta anos, mas continua tendo focos de tensão entre Pequim e Washington.

Em 2020, 380 aviões de guerras chineses fizeram manobras militares na zona de defesa de Taiwan. Desde o início do ano, o número ultrapassa 600, ao passo que, Taiwan desenvolve programas de modernização militar para fortalecer seu exército e estar preparado militarmente caso for preciso, enfrentar o dragão asiático.

Conclusão

Apesar da troca de farpas entre os países, no entanto, não quer dizer que uma guerra seja iminente. Tudo indica que não haverá uma guerra agora.Os taiwaneses assumiramque essas incursões chinesas poderiam ser parte de uma encenação de um ataque e já têm capacidade militar para invadir a ilha, podemos considerar outros fatores que levariam Pequim ao tensionamento atual.

Num momento de queda do crescimento econômico, Pequim tem se mobilizado em exaltar o nacionalismo chinês para ganhar mais adesão popular ao governo central. Sendo assim, a intenção não é encarar a situação, mas buscar o engajamento da população com uma causa mobilizadora de caráter nacionalista e desviar a atenção de assuntos realmente preocupantes do país, por exemplo, a crise energética e bolha imobiliária chinesa.

Porém, se tratando da China, não podemos nos esquecer da conjuntura da política internacional. As disputas de soberania no mar do sul da China, o anúncio do pacto militar (ANKUS), a posição dos EUA sob Biden para restabelecer parcerias na região, são alguns assuntos de temor à China.

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