No último sábado (18), a Suprema Corte dos EUA havia banido o aplicativo de vídeos curtos TikTok do país. No entanto, na última segunda-feira (20), o atual presidente Donald Trump decidiu pelo retorno do aplicativo chinês e pelo adiamento do seu bloqueio por mais 3 meses.

O bloqueio do TikTok feito no último sábado foi baseado em uma lei aprovada pelo Congresso e sancionada pelo presidente anterior, Joe Biden, em abril de 2024. A medida visava forçar a plataforma a vender sua operação no país até este domingo (19). Com a recusa do TikTok em vender sua operação nos EUA, a Suprema Corte decidiu pelo seu banimento no país.

Argumentos em defesa do banimento

Como argumento em defesa do banimento do TikTok, o governo dos EUA alegou que o aplicativo estaria sendo usado para espionar os cerca de 170 milhões de americanos que acessam a plataforma. O governo argumentou que apenas queria “resguardar a segurança nacional” e prevenir que uma empresa com origem em outro país pudesse coletar grandes volumes de dados de dezenas de milhões de americanos.

Muitas pessoas simpáticas ao governo dos EUA e que o tomam como “polícia do mundo”, apoiaram a decisão do governo do país, alegando que tal medida é uma questão de “soberania nacional”, e que visaria a “proteção” dos cidadãos americanos contra a “espionagem chinesa”.

Houve até mesmo aqueles que simpatizaram a medida por ela supostamente “proteger” as crianças da exposição a conteúdo inapropriado e também acabaria com a “idiotização” dos jovens que consomem conteúdo na plataforma.

O verdadeiro motivo do banimento

É até provável que o governo chinês realmente possa estar usando o TikTok para espionar cidadãos americanos. No entanto, também é provável que o próprio governo dos EUA esteja interessado em utilizar o aplicativo para espionar seus próprios cidadãos.

Importante lembrar: já é de conhecimento público que o governo americano espiona seus cidadãos por meio do FBI, e um aplicativo utilizado por mais da metade da população do país que se estende por várias horas ao dia seria um verdadeiro prato cheio para o governo dos EUA. Isso explicaria seu verdadeiro interesse em fazer com que a operação do TikTok no país fosse vendida a uma empresa americana (ligada ao governo, claro).

Nada justifica a censura

Embora o governo americano acuse o governo chinês de usar o TikTok para espionar cidadãos americanos, ele mesmo não está isento da suspeita de querer fazer o mesmo. De todo modo, nada justificaria banir o aplicativo do país, interferindo na livre escolha de milhões de americanos.

E isso se aplica mesmo no caso da exposição de crianças a conteúdo inapropriado. Afinal, este tipo de conteúdo também existe nas demais redes sociais que muitos dos defensores do banimento do TikTok defenderam quando estavam sob ameaça de banimento. Cabe aos pais terem cuidado com o tipo de conteúdo que seus filhos consomem.

E caso o governo chinês espione os cidadãos por meio do TikTok, cabe a eles deixarem de acessar o aplicativo. Em um cenário ideal, com um sistema jurídico livre e efetivo, a punição da empresa em casos de espionagem não consentida seria o adequado. Na ausência deste cenário, o melhor seria deixar de utilizar o aplicativo. E caso não se incomodem com isso, será um problema todo deles.


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