Na última segunda-feira, o Plano Real junto fez 30 anos. A iniciativa visava combater a hiperinflação que arruinava o país, chegando a ultrapassar os 2.500% ao ano. Mesmo tendo evitado um cenário pior a longo prazo, o Real foi incapaz de proteger os brasileiros totalmente da inflação, que já acumula uma desvalorização de 87% desde seu lançamento em 1° de julho de 1994.

Remédio contra a hiperinflação?

A hiperinflação, que vinha avançando no Brasil desde a década de 1950, e aumentado ainda mais durante as décadas de 1970, 1980 e 1990, já era reconhecida como um problema crônico do país. Várias moedas foram sendo criadas e substituídas durante esse longo e sofrido período do país, sendo elas o Cruzeiro Novo e o Cruzeiro Real. No entanto, todas elas não passaram de soluções provisórias.

Foi então que a equipe econômica do então presidente interino Itamar Franco, liderada pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, resolveu colocar em prática um plano, que, segundo eles, acabaria de vez com a hiperinflação do país: o Plano Real.

Em primeiro lugar, o Cruzeiro Real seria substituído pela nova moeda, o Real, que seria pareado 1:1 com o dólar. Em seguida, o governo federal iria impor a contenção de gastos e evitar corte de juros, bem como controlar a emissão de moedas.

O plano foi colocado em prática e, a partir de 1° de julho, a nova moeda, o Real, começou a circular no país.

Nos primeiros anos, os efeitos positivos do Plano Real foram sentidos de imediato, com um aumento do poder de compra e queda nos preços. Ao mesmo tempo, uma política fiscal e monetária mais estável permitiu a entrada de capital estrangeiro no país.

Apesar destes aspectos positivos, o Plano Real não poderia se desvencilhar de natureza estatista e de tudo que isso implicava. Ainda havia emissão de moeda sem lastro, bem como cortes ocasionais da taxa de juros e aumento de déficits públicos.

É verdade, se não fosse o Plano Real, hoje o Brasil estaria pior do que a Venezuela. Mas também é verdade que se usássemos uma moeda forte e livre do estado, como o ouro, o Bitcoin, estaríamos muito melhor.

Dividindo opniões

O Plano Real, apesar de ter superado temporariamente alguns problemas econômicos que atormentavam o Brasil por décadas, segue dividindo opiniões. E nem todas elas são razoáveis.

Dentre os críticos do Plano Real, estão os desenvolvimentistas, que acusam a iniciativa de ter sido responsável pelas altas taxas de juros e pela desindustrialização do país. O argumento é de que o controle de gastos, o câmbio flutuante e a redução relativa de impostos tenham contribuído para desacelerar o desenvolvimento da indústria no país.

O que os desenvolvimentistas não comentam é que a industrialização que vinham ocorrendo no Brasil desde Getúlio Vargas era algo economicamente insustentável e mantido artificialmente, sem refletir o desenvolvimento econômico real do país. Tal industrialização foi efetuada à base de impressão descontrolada da moeda, além de gastos e endividamento e subsídios a certas empresas próximas ao estado.

Como resultado, os brasileiros herdaram desta industrialização mantida artificialmente, um legado de dívida pública absurdo e uma hiperinflação galopante que atormentou brasileiros por décadas.

Os defensores do Plano Real, por sua vez, apontam corretamente para o fato de que a falta de mais liberalização da economia e de mais contenção nos gastos afastou o país de um possível cenário melhor.

No entanto, mesmo estes ainda erram ao se limitarem ao Plano Real como suficiente e se apegarem a alguns estatismos, como metas de inflação. Não existe “inflação tolerável”, nem cabe ao estado determinar qual a meta da inflação. Também não deve sequer haver expansão da moeda por parte do estado, por mínima que seja.

Mesmo longe de uma perda do poder de compra em mais de 5000% ao ano, os brasileiros ainda continuam tendo seus rendimentos roubados pela inflação gerada pelo estado.

O Plano Real está longe do ideal

Como já dito, por mais que o Plano Real tenha evitado um cenário ainda pior, ele continua muito longe de garantir uma economia saudável de fato. Somente a total abolição do monopólio estatal sobre a moeda e sua emissão, bem como uma adesão voluntária a uma moeda forte, podem permiti-lo.

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