A polêmica sobre a denúncia de assédio sexual contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, trouxe uma série de questões à tona, como o uso do vitimismo como blindagem e rachaduras dentro da esquerda política. Além disso, também mostra o quão perigoso é o movimento Me Too.

A acusação de assédio contra Silvio Almeida

Na última quinta-feira (05), a ONG Me Too havia recebido denúncias de assédio sexual contra o até então ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. Dentre as vítimas de assédio sexual, estaria a vereadora Anielle Franco, irmã da falecida deputada Marielle Franco.

O Instituto Luiz Gama, associação civil fundada por Silvio Almeida, como era de se esperar, alegou que as acusações de assédio sexual contra o ex-ministro eram falsas e motivadas por “racismo” e que visavam derrubá-lo de seu cargo.

Temendo que as acusações contra Silvio Almeida prejudicassem a imagem do seu governo, o presidente Lula se manifestou sobre o caso, afirmando que ninguém acusado de assédio sexual ocuparia um cargo em seu governo. Na última sexta-feira, o presidente Lula tomou a decisão de demitir Silvio Almeida de seu cargo como ministro dos Direitos Humanos.

Reação da esquerda

O caso polêmico envolvendo Silvio Almeida repercutiu rapidamente todo o Brasil, se tornando um dos assuntos mais comentados, principalmente na internet, onde gerou diversos memes. A oposição viu o caso como um sinal de vulnerabilidade no governo Lula.

Já para a esquerda, mais precisamente a esquerda progressista, a acusação de assédio acabou sendo um duro golpe, já que tal segmento político sempre se apresentou como monopólio da defesa de grupos considerados oprimidos, como mulheres e negros. Diante disso, a esquerda se viu dividida diante do caso, com alguns do lado das supostas vítimas acreditando em suas denúncias, e outros do lado de Silvio Almeida, afirmando que ele é inocente, e que tudo não passa de um complô “racista” para retirá-lo do poder.

Entre os que defenderam Silvio Almeida, está a jornalista Elisa Veeck, apresentadora do CNN Brasil Notícias. Abaixo, um vídeo de Veeck defendendo o ex-ministro:

A fala de Elisa Veeck representa muito bem o modus operandi de muitos esquerdistas de utilizar o fato de um determinado indivíduo que é companheiro ideológico fazer parte de uma determinada minoria, como uma blindagem contra qualquer crítica. Independente de se tal crítica tem fundamento ou não.

E, como já foi mostrado, essa foi a abordagem adotada pelo Instituto Luiz Gama, fundado pelo próprio Silvio Almeida. Também não seria nenhuma surpresa se tal fala fosse de fato da autoria dele.

Como se deve proceder judicialmente

Independente das posições políticas de Silvio Almeida, que do ponto de vista libertário são em sua maioria indefensáveis, com poucas exceções, o ideal seria uma abordagem justa e idônea do caso do ex-ministro. Negar a ele o direito de se defender das acusações ou até mesmo puni-lo de forma antecipada iria contra o devido processo legal, abrindo precedentes para que o sistema judiciário se tornasse uma mera ferramenta para punir qualquer pessoa com base apenas em acusações sem provas.

Bom, infelizmente é este o cenário onde nos encontramos hoje, onde indivíduos são presos enquanto ainda são suspeitos, mesmo sem nenhuma prova conclusiva de sua culpabilidade. Acima, abordei apenas qual deveria ser o procedimento correto em uma sociedade libertária. O que infelizmente não é o caso.

Como já dito, no momento somos reféns de um sistema judiciário injusto, que chega a prender alguém por apenas suspeita, às vezes apenas acusação, sem prova alguma. A menos que você tenha fortes conexões políticas. O que é o caso de Silvio Almeida, que provável ainda mantém relações com Lula, mesmo que nos bastidores.

Os perigos do Mee Too

Como já dito, foi uma ONG brasileira do movimento Me Too que apresentou as denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida. O movimento Me Too (Eu Também) surgiu como uma iniciativa para incentivar mulheres vítimas de assédio sexual a denunciar os assediadores.

O problema é que o movimento acabou se tornando ferramenta nas mãos de mulheres mal intencionadas que utilizaram da alegação de assédio como arma contra homens a quem queriam chantagear ou dos quais queriam se vingar.

A coisa tomou uma proporção tão absurda que vários chefes de companhia passaram a evitar conversas com funcionárias sem ninguém por perto ou em salas fechadas, com receio de evitarem ser acusados de assédio sexual, já que muitas denúncias falsas se derem em tais situações.

E não é difícil imaginar como tantas falsas denúncias explodiram com o movimento Me Too. O movimento surgiu dentro do feminismo de segunda onda, que, como todo movimento da esquerda progressista, parte da ideia de interseccionalidade, onde a sociedade é dividida entre “oprimidos” e “opressores”.

Para adeptas do movimento Me Too, mulheres são oprimidas pelos homens em geral, e dada a disparidade nas relações de poder, nada que uma mulher faça contra um homem se compara ao que um homem pode fazer com uma mulher. Dado que para o movimento Me Too a mulher é sempre a vítima e sempre o agressor, toda denúncia de qualquer mulher contra qualquer homem deve ser assumida como verdade.

Com isso, o princípio ético-jurídico de “todo indivíduo é inocente até que se prove o contrário” é transformado em “todo homem é culpado até que se prove o contrário”. Uma flagrante desonestidade e injustiça.

E não poderia ser diferente, já que a visão coletivista da esquerda progressista nega indivíduos em prol de uma abordagem coletivista. Dentro de tal perspectiva, você é culpado ou inocente, oprimido ou opressor, dependendo de qual sua cor de pele, sexo ou classe social.

Se você for homem, branco, heterossexual, cis e rico, do ponto de vista da esquerda progressista, todas as probabilidades de ser um opressor ou culpado estarão contra você.

Mesmo a esquerda pró-Governo Lula percebeu que o Me Too, quando não controlado por eles, é uma ameaça e já fizeram apresentações de casos controversos envolvendo o movimento. E é quase certo que a ala progressista da esquerda, insatisfeita por Lula não atender as suas exigências, tenha maquinado contra o ex-ministro Sílvio Almeida, que também não é nenhum santo, como já comentei neste artigo.

Conclusão

Provavelmente as denúncias contra Sílvio Almeida são falsas e muito provavelmente possuem motivações políticas, visando retirá-lo do cargo e colocar uma mulher, de preferência negra. O que conseguiram.

Também existe a possibilidade de Silvio Almeida ser realmente culpado das acusações. Isso é algo que somente o devido processo legal poderia revelar. Mas, uma vez que ele é praticamente ausente na sociedade estatal atual, fica difícil saber se ele é culpado ou inocente. E caso seja inocentado, não saberemos se será devido à sua inocência de fato ou às suas conexões com o governo Lula.

De toda forma, é inegável que a esquerda progressista se beneficiou do caso.

Como se pode ver, a frente ampla da esquerda só durou até elegerem Lula, o presidente mais próximo dos seus interesses. Mas uma vez com um governo de esquerda no poder, a pressão para arrastá-lo ainda mais para a esquerda irá aumentar.


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