O presidente de Mianmar, ex-general Myint Swe, instituído pelo golpe de 2021, advertiu em uma reunião de emergência que o país arrisca se desintegrar se o governo não conseguir controlar os combates que eclodiram no estado de Shan. Três exércitos insurgentes em Shan, apoiados por outros grupos armados que se opõem ao governo, por meio de uma série de ataques coordenados, infligiram sérias perdas às forças armadas do país. Os combatentes invadiram dezenas de postos militares e capturaram passagens e estradas que transportam a maioria do comércio terrestre com a China.
Mesmo respondendo com ataques aéreos e bombardeios de artilharia, criando milhares de refugiados no processo, as forças do governo não conseguiram recuperar o território perdido. Com vastos recursos adquiridos pelo tráfico de drogas e jogos de azar, os insurgentes possuem armamento vasto e de boa qualidade, o que deve alterar a balança da guerra civil. Os grupos insurgentes na região também provêm abrigo, treinamento militar e armas a dissidentes de outras partes de Mianmar.
As forças combatentes utilizaram o crescente descontentamento da China, país da fronteira, com o atual governo de Mianmar, pois isso reduziu suas chances de interferência, para se unir em combate com o intuito de derrubar a junta e restaurar o regime democrático. Contudo, esses grupos possuem ambições de longa data de expandir o território que controlam, cada um com os seus próprios interesses, o que também provavelmente criará tensões nos futuros esforços para reestabelecer o regime democrático do país.