Após a inclusão da carne bovina entre os alimentos isentos de impostos ser aprovada no Congresso, Haddad se manifestou afirmando que a decisão seria uma vitória do presidente Lula. No entanto, falas anteriores de Lula sobre tributar carnes nobres mostram que isso não era uma pretensão do petista.

Carne isenta de impostos

Na última quarta-feira (10), foi aprovada no Congresso a isenção de impostos sobre a carne bovina. Com essa decisão, a carne bovina fará parte da cesta de produtos isentos de impostos prevista no projeto de regularização da Reforma Tributária, proposta pela equipe econômica do Governo Lula.

A isenção dos impostos sobre carnes foi sugerida por meio de um destaque (sugestão de mudança no projeto) apresentado pelo Partido Liberal (PL). O pedido foi aprovado pelo plenário por 477 votos a favor e três contra; houve duas abstenções.

Sendo políticos, é de se esperar que a defesa do PL à isenção do imposto sobre a carne bovina não se deva à boa vontade, mas como uma forma de se venderem como preocupados com o bem-estar da população brasileira. Eles sabem que isso pode pesar como ponto positivo nas próximas eleições.

Vitória de Lula?

Após a decisão de incluir a carne bovina entre os itens isentos de impostos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se apressou em apresentar a medida como “vitória de Lula”. Além de Haddad, o relator da Reforma Tributária, Reginaldo Lopes (PT-MG), alegou que Lula apoiava a isenção da carne bovina.

As falas de Haddad e de Lopes são uma tentativa de fazer Lula parecer favorável à proposta, que evidentemente tem apoio popular. No entanto, falas anteriores de Lula mostram que a isenção de impostos sobre a carne não era sua posição oficial.

Mudança de última hora

Em entrevistas anteriores, Lula já havia afirmado que defendia a taxação de ao menos as carnes mais nobres. Isso contrastava com seu discurso eleitoral em 2022, onde ele prometia que em seu governo o povo comeria que picanha, que é um corte nobre.

Se vendo em um impasse com o Congresso contra a tributação de carne e o risco de reduzir sua popularidade apoiando uma medida tão impopular como imposto sobre a carne, Lula não apenas cede à pressão pela isenção, mas resolve também vendê-la como uma conquista de seu governo.


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