Desde que começou seu governo, Lula vem usando a crise humanitária do povo indígena Yanomami como palanque político. O petista afirma que todas as calamidades que hoje atingem o povo indígena se devem às negligências do ex-presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, registros de negligência do estado brasileiro com os indígenas mostram uma história diferente. E com uma acentuação maior justamente durante os governos petistas.
Crise humanitária de povos indígenas aumentou durante governos petistas
Segundo reportagem do site O Globo (junho de 2013), durante os dois governos de Lula e os dois primeiros anos do primeiro governo de Dilma Rousseff, 560 índios foram assassinados no país. O número representou um crescimento de 168,3% em relação à média dos oito anos do governo FHC (1995-2002).
Os números fazem parte de um levantamento do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), órgão de proteção aos povos indígenas ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Na mesma reportagem, representantes da causa indígena afirmaram que os governos petistas foram mais lentos que o governo de FHC na demarcação das terras indígenas. Ainda segundo eles, isso levou estes povos a entrar em conflito com latifundiários que as ocupavam.
Lula e Dilma nunca se importaram com a situação dos índios
Reclamações por parte de representantes dos povos indígenas já são de longa data, e o PT desde o primeiro governo Lula é alvo de críticas por negligência.
Em um artigo publicado pela BBC durante o primeiro mandato do governo Lula, a ONG Survival International acusou o então presidente de negligenciar a demarcação das terras indígenas, o que levou a vários conflitos destes com os garimpeiros. Sem falar na contaminação da água por mercúrio, o que prejudicou a saúde dos indígenas.
Como mostrado em um artigo publicado neste site, líderes indígenas já reclamavam da falta de interesse da ex-presidente Dilma pela situação dos índios. Num comunicado do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), os líderes relatam que haviam passado dois anos tentando um encontro com a então presidente para apresentar suas queixas. Porém sem sucesso.
Grande parte da reclamação vem justamente do fato de que tanto Dilma quanto Lula flexibilizaram a ocupação das terras indígenas por parte dos latifundiários e garimpeiros. Provavelmente para ganhar apoio dos responsáveis por duas das atividades que mais geram crescimento econômico no país. Afinal, o PT precisava vender a imagem de que se preocupava com o desenvolvimento econômico no país.
Segue abaixo um trecho do comunicado do CIMI:
Na tarde do dia 18, a ação central dos indígenas foi no Palácio do Planalto. A reivindicação era a de uma reunião com a presidenta Dilma Roussef, que desde que assumiu o mandato, em 2011, nunca se reuniu com o movimento indígena. No entanto, o máximo que o governo federal ofereceu foi uma conversa com o ministro Gilberto Carvalho e um encontro com os demais ministros. Os índios recusaram e em uma nota manifestaram seu repúdio à presidenta: “Não, não queremos mais falar com quem não resolve nada! Há dois anos entregamos, nós povos indígenas, durante o Acampamento Terra Livre 2011, uma pauta de reivindicações para esses ministros e nada foi encaminhado. De lá para cá perdemos as contas de quantas vezes em que Dilma esteve com latifundiários, empreiteiras, mineradores, a turma das hidrelétricas. Fez portarias e decretos para beneficiá-los e quase não demarcou e homologou terras tradicionais nossas. Deixou sua base no Congresso Nacional entregar comissões importantes para os ruralistas e seus aliados”.
Pauta indígena como mero instrumento político
A ideia deste artigo não é mostrar que os governos petistas ou quaisquer outros tenham sido incapazes de lidar com os problemas indígenas. Mas sim, mostrar que o próprio estado é incapaz de lidar com esse problema.
Os governos petistas foram apontados neste artigo, para mostrar o quanto a defesa da causa indígena levantada por Lula e pelo PT não passa de propaganda política barata. O próprio histórico da relação dos governos de Lula e Dilma com os índios, já mostra que ambos não foram capazes de resolver o problema, e sequer se importavam com o caso.