O lamentável massacre que aconteceu em uma escola no Texas (EUA) nesta terça-feira reascendeu o debate sobre armamento civil. Muitos vem usando este caso como um exemplo do que ocorre se deixarmos as armas serem acessíveis ao público. Afinal, o problema é o armamento em si?
A tragédia
Às 11:30 da manhã desta terça feira, o jovem de 18 anos chamado chamado Salvador Ramos, começou um massacre em uma escola no Texas, vitimando cerca de 19 crianças. O assassino só foi detido quase 1 hora depois, após ser alvejado por um policial.
Até agora não se sabe quais as motivações do autor do massacre. Segundo investigadores, o autor do crime havia atirado em sua vó antes de ir a escola começar o massacre.
Culpa das armas?
Como em outros casos anteriores, defensores do desarmamento não tardaram em culpar o acesso às armas pela tragédia. Pelo fato do estado do Texas permitir o uso de armas e seu acesso ser livre, muitos apontaram isso como um facilitador de casos como esse.
Esse “argumento” vai por terra, quando levamos em conta que a maioria dos massacres em escolas ocorreram em estados com fortes restrições sobre o uso e acesso às armas, bem como pelo fato de casos como esse serem bem raros, sendo homicídios pontuais e suicídios a maioria dos casos de mortes por armas de fogo.
O quê possibilitou o massacre?
Por mais que desarmamentistas apontem o simples fato do fácil acesso às armas como principal fator facilitador do crime, fato é que apenas pessoas armadas poderiam ter detido o criminoso. E foi o que aconteceu.
No entanto, além da falha da escola em não ter conseguido impedir que um criminoso entrasse e começasse o massacre, há o total despreparo da polícia neste tipo de situação. Segundo testemunhas e registros gravados pelas testemunhas, os próprios pais que tentavam entrar no local para salvarem os seus filhos não só eram impedidos, como detidos com violência.
Apesar da insistência dos pais para fazerem alguma coisa, os policiais permaneceram do lado de fora com a justificativa de que estavam esperando a SWAT (um esquadrão de forças especiais).
O que fica evidente nisso tudo, é que os policiais estavam mais preocupados em se protegerem suas vidas do que enfrentar o criminoso e salvar as crianças.
Como bem observou o redator Ryan McMaken em um artigo do Mises Institute:
…não se deve esperar que a polícia enfrente quaisquer conseqüências ou seja responsabilizada. É agora um princípio jurídico bem estabelecido nos tribunais federais que, apesar do lema de marketing “Proteger e Servir”, a polícia na verdade não tem obrigação de proteger o público contra danos.
Controle de armas não é a solução
Ao contrário do que desarmamentistas tentam fazer crer, aumentar o controle sobre armas não garantirá que mais tragédias como estas aconteçam. Como já dito, maioria dos massacres ocorreram justamente em locais onde havia muito mais restrições sobre o uso de armas.
Como Ryan McMaken apontou muito bem, aumentar o controle de armas não apenas não irá evitar casos como este, como trará outras consequências igualmente ruins.
Como ele mesmo diz no mesmo artigo já citado do Mises Institute:
Esta é, afinal de contas, a equação básica por trás do controle de armas. Mais controle de armas significa a centralização do poder coercitivo (e defensivo) nas mãos da polícia. Isto significa que quando o controle de armas é introduzido, a polícia se torna relativamente poderosa, enquanto cidadãos privados cumpridores da lei se tornam relativamente impotentes. Mas o controle de armas também concentra o poder coercitivo nas mãos de cidadãos não cumpridores da lei. Um dos efeitos disto – entre outros – é que o público então tem que olhar ainda mais para a polícia para se defender contra criminosos violentos, que estão cada vez mais armados do que os cidadãos cumpridores da lei.
Em outras palavras, uma equação importante para levar as pessoas a aceitarem o controle de armas é convencê-las de que não precisam de armas. Mas qual é a realidade? Os policiais passarão enormes quantidades de tempo assediando os suburbanos pacíficos suspeitos de fumar maconha. Eles quebrarão o braço de uma pequena senhora idosa por “roubo”. Eles atirarão numa mulher em sua própria sala de estar sem aviso prévio porque o oficial “temia por sua vida”.
As pessoas tem total direito de decidirem se irão querer se armar ou não, e assumir cada um os riscos disso. O que não é aceitável é tentar impor restrições do que é permitido ou não cada pessoa adquirir.
Sobre os casos de massacre em escolas, é interessante notar que ocorrem quase exclusivamente em escolas públicas. Isso nos chama a atenção do quanto as escolas estatais são incapazes de proteger as crianças contra esse tipo de tragédia. É evidente e previsível que em escolas privadas com profissionais garantindo a segurança delas ou sob a educação domiciliar, estariam bem mais protegidas.