Tempo estimado de leitura: 4 minutos
O ataque à uma pintura acusada de retratar pedofilia no museu Palais de Tokyo em Paris (França), vem gerando bastante alvoroço nas redes sociais. Na ocasião, um idoso havia jogado uma lata de tinta em uma pintura que ele identificou como uma cena de uma criança com as mãos amarradas para trás sendo obrigada a fazer sexo oral em um adulto.
A atitude do idoso foi vista por pessoas mais conservadoras como um ato legítimo. Por sua vez, o presidente da França, Emanuel Macron e outros políticos se indignaram com o ato, acusando-o de “vandalismo” e de atacar os valores franceses. E ele ainda disse que “na França, a arte é sempre gratuita e o respeito pela criação cultural é garantido”.
A obra
A obra que foi atacada se chama Fuck Abstraction!, de autoria da Miriam Cahn. Segundo a pintora, a obra é uma crítica aos abusos sexuais e assassinatos cometidos por soldados russos em Bucha, na Ucrânia, que ocorreu no ano de 2020. Políticos conservadores e grupos de direitos das crianças por sua vez, alegaram que promovia a pedofilia.
Leia também: Libertarianismo implica em tolerância?
Uma solução libertária para esta polêmica do museu
Como já dito, o episódio gerou uma verdadeira guerra discursiva sobre o assunto. De um lado, os mais conservadores defendem a remoção da pintura, por ser uma representação de um ato de pedofilia. Do outro, os mais progressistas afirmam que a retirada da pintura do museu representaria um atentado à liberdade de expressão da artista.
O primeiro passo para resolver essa questão de um ponto de vista correto (ou seja, libertário, já que falamos aqui das decisões de indivíduos sobre seus recursos escassos) é verificar o status de propriedade do museu. O museu em questão é um museu estatal, mais precisamente sob a gestão da prefeitura de Paris.
E isso já facilita bastante a nossa análise da situação. Caso o museu fosse uma propriedade privada de alguém, caberia ao proprietário decidir qual tipo de obra poderá ser exposta nele. E poderia tanto permitir a obra quanto rejeitá-la.
Aqueles que não gostassem da decisão poderiam simplesmente não visitar o museu ou até mesmo boicotá-lo.
Mas se tratando de um museu estatal (na verdade, mantido coercitivamente pelos pagadores de impostos), a situação acaba sendo de um intenso conflito entre os defensores da pintura e seus críticos. Como toda propriedade estatal, o museu em questão é tratado como um “patrimônio público”, aberto a todos. Mas sabemos que na prática não é bem assim.
Os políticos e burocratas irão gerir as empresas estatais como eles julgarem melhor. E sempre tomarão partido de grupos alinhados aos seus interesses. No caso em questão, o Macron tomou partido da autora da obra, defendendo sua “liberdade de expressão”.
Por outro lado isso entra em conflito com os pagadores de impostos mais conservadores, que não querem que uma obra ofensiva permaneça no museu.
Independente das motivações deles, eles possuem sua razão em não quererem financiar algo que não gostam. E esse é o grande problema da negação da propriedade privada e da socialização forçada de qualquer recurso que seja.
A solução efetiva para esse tipo de situação seria a privatização do museu e deixar a cargo do proprietário ou dos proprietários a decisão sobre o que pode ou não ser exposto. Sem falar que apenas as pessoas realmente interessadas no museu iriam pagar para visitá-lo. Ninguém seria obrigado a financiar algo que não quisesse.
Mas se tratando do atual estado de coisas, ainda mais do estado francês, é pouco provável que tal solução venha à tona. De todo modo, fica a análise para mostrar como a privatização de todos os bens é a solução para a alocação dos recursos escassos e os conflitos sobre seu devido uso.
Deixe um comentário