Não Olhe para Cima, o novo filme da Netflix, com grandes atores como Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence e Meryl Streep, tem feito muito barulho nas redes sociais e recebido com reações muito diversas.

O time da mídia tradicional asssistiu e não gostou. Dizem que não gostaram do humor. Na verdade parece mais que se identificaram demais com os vilões. A carapuça serviu.

Já a Beautiful People, do time do “fique em casa” e do não questione a “ciência” assistiu ao filme Não Olhe para Cima e não entendeu nada.

Para eles, os protagonistas são os cientistas que falavam sobre como a COVID seria o fim do mundo e a imprensa retratada no filme são os negacionistas que não acreditam nas vacinas ou que não acreditam que Lockdown é a solução para a pandemia.

Alguns ainda na ânsia de lacrar, foram ainda mais distante, dizendo que o filme retrata como as mulheres não são ouvidas na sociedade. Só esquecem que no filme a maior liderança dos políticos é a presidente dos Estados Unidos, no filme uma mulher – ótima escolha dos roteiristas para justamente mostrar que o filme não é sobre “minorias”, esquerda ou direita, atinge todo mundo.

Também parecem não entender o motivo da personagem de Jennifer Lawrence ser ignorada: não é porque ela é mulher e existe uma conspiração contra as mulheres falarem, mas sim porque, diferente do seu colega e professor, ela se nega a se sujeitar a mensagem oficial.

Na realidade, o filme não é sobre antivacinas/antivaxxers ou o coitadismo da mulher no mundo. Ele é uma crítica à postura dos políticos e da grande mídia em relação às mudanças climáticas.

O filme mostra através da sátira como os políticos só se interessam em ganhar a próxima eleição e usam situações de calamidade pública para seus próprios objetivos. Negam se não interessa, e depois se fingem os mais preocupados do mundo sem tomar nenhuma atitude efetiva, ignorando completamente o que tinham dito antes.

Além disso, a sátira é certeira ao mostrar o relacionamento dos políticos com os empresários corporativistas e com a imprensa. Mostra claramente a realpolitik, que muitos relutam em aceitar que existe.

Entretanto, isso não quer dizer que não existem semelhanças entre o filme e a crise do corona vírus.

As ações do políticos são similares, fingem que estão resolvendo os problemas ao mesmo tempo que não resolvem nada e engordam seus bolsos.

Para quem assistiu esse filme com atenção, é impossível não ver a semelhança entre o slogan “Não Olhe para Cima” com o slogan “Fique em Casa”. Só não vê quem está justamente iludido pelo tipo de campanha criticada no filme, aqueles que idolatram políticos e os veêm como solução para tudo.

Outro exemplo relacionado à pandemia são os especialistas que concordam com qualquer coisa que a Casa Branca decidir (Harvard, MIT, entre outras universidades citadas). Os protagonistas são desconsiderados porque vieram de um universidade menor, que não é Ivy League, sem nem mesmo passar por peer review (e nenhuma intenção de fazê-lo).

O grande sucesso do filme se dá não só pelas coincidências com a pandemia, em ótima hora, mas também porque é muito fácil identificar nos vilões da história os políticos, empresários corporativistas e jornalistas famosos que vemos todos os dias nas notícias e na televisão.

Ele reflete um sentimento geral que a população tem sobre esses três tipos de pessoas mas que não se pode falar em voz alta para não ser cancelado ou ridicularizado, como a personagem Kate Diabiasky (Jennifer Lawrence) foi.

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