A expectativa negativa do mercado frente ao tímido corte de gastos do governo Lula fez com que o dólar chegasse aos temidos R$ 6,00 e os superasse nos últimos 3 dias, algo inédito desde sua criação em 1994. Com a tímida contenção de gastos de Haddad e uma iminente crise fiscal, o dólar segue acima dos R$ 6,00, enquanto a IBOVESPA amarga em queda.
Corte de gastos abaixo do esperado
Com os cortes de gastos anunciados por Haddad, a expectativa é de que haja uma economia de R$ 70 bilhões até 2026. O valor, no entanto, é considerado muito baixo, mesmo para apenas dois anos. Com isso, a preocupação com uma iminente crise fiscal mantém o mercado financeiro apreensivo.
Para piorar, há ainda a possibilidade as medidas de Haddad serem alteradas enquanto são analisadas pelo Congresso, o que pode levar a uma retirada de alguns gastos do pacote apresentado por Haddad.
Culpa da redução do IR?
Outro motivo da apreensão do mercado, apontado em vários jornais, foi a isenção do Imposto de Renda para pessoas que ganham até R$ 5 mil, uma promessa feita por Lula em sua campanha presidencial em 2022. No entanto, esse não é exatamente o motivo.
A questão é que o corte de gastos apresentado por Haddad ficou muito abaixo do esperado pelo mercado, e o aumento de isenção do IR para um grupo amplo trouxe preocupações quanto a possibilidade do governo ter que se endividar para manter seus gastos ante a expectativa de uma menor arrecadação.
Dólar rumo aos R$ 7,00?
A preocupação do mercado é que, ao manter altos gastos enquanto há a expectativa de uma menor arrecadação, leve a uma crise fiscal no país que impactará profundamente sua economia. O resultado não pode ser outro: uma menor demanda por real e investimentos no Brasil e uma maior demanda por dólar e preferência por investir em países com menor risco.
Caso o risco de investir no Brasil suba ainda mais (isso não será muito improvável se tratando do governo Lula), o dólar não irá demorar muito a chegar aos R$ 7,00.
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