O controle de preços nunca atinge seu objetivo, mas o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, decidiu utilizá-los de qualquer maneira.

O primeiro-ministro anunciou esta semana um plano para colocar controles de preços em vários itens comuns de mercearia antes de uma eleição nacional e em resposta ao aumento da inflação.

A partir de 1º de fevereiro, os preços do leite, açúcar, farinha, óleo de girassol, perna de porco e peito de frango serão revertidos para os níveis de 15 de outubro do ano passado. A Hungria sofreu uma inflação recorde em todos os setores desde o final de outubro.

Gergely Gulyás, o chefe do gabinete do primeiro-ministro, anunciou que as medidas estão previstas para durar três meses. Entretanto, esse prazo poderia ser estendido se Orbán assim desejar. Quem esta política beneficiaria é certamente discutível.

De acordo com uma análise econômica fornecida pelo portal de notícias húngaro Portfolio, as grandes redes multinacionais e de desconto são as menos propensas a sofrer com o mandato de controle de preços, pois seus preços já são baixos. A análise sugere que as pequenas mercearias familiares tendem a cobrar valores significativamente mais altos e, portanto, são mais propensas a serem afetadas negativamente pelos preços controlados.

Isso é de se esperar, como escreveu em dezembro Michael Munger, cientista político da Duke University, para o The Wall Street Journal sobre os progressistas americanos que desejam por controle de preços para combater a inflação. “”Economistas de todo o espectro ideológico concordam que os planos do governo para administrar os preços não funcionaram”, observou Munger. “Nos anos 70, quando um conselho federal foi organizado para administrar aumentos de preços, os resultados foram lucros maciços para algumas corporações e a perda de empregos e opções de consumo para a classe média.”

Se a inflação húngara continuar a piorar, o controle de preços não vai parar o deslize. Em 2003, a Venezuela estabeleceu rígidos controles de preços em alimentos básicos com a intenção de ajudar as famílias a colocar mais facilmente comida na mesa. Mas uma enorme escassez de alimentos ocorreu devido aos atacadistas e fornecedores parando as entregas. O país adicionou novos controles em 2020. A inflação disparou entre esses dois períodos, e os controles de preços não fizeram nada para aumentar o acesso aos produtos básicos.

Em 2013, a Índia ampliou o controle de preço de 652 medicamentos farmacêuticos considerados essenciais. Assim como a Venezuela, o governo indiano pretendia ajudar os pobres, muitos dos quais lutavam para ter acesso aos medicamentos. Resultado? O efeito contrário. A oferta de medicamentos reduziu, pois as margens de lucro mais baixas levaram muitos fabricantes a trocarem sua produção para medicamentos não essenciais ou a fecharem completamente.

Ludwig von Mises, economista de livre mercado austríaco, via o controle de preços como uma política econômica desastrosa que resulta em escassez e corrupção.

“Aqueles que chegam primeiro podem comprar; outros chegam tarde demais no campo. O resultado visível desse estado de coisas é a visão de donas de casa e crianças em longas filas diante das mercearias, um espetáculo familiar a todos que visitaram a Europa neste era do controle de preços. Mas os tetos de preços não só não aumentam a oferta, como a reduzem. Assim, eles não atingem os fins que as autoridades desejam.”

escreveu Mises em Omnipotent Government (1944). 

Texto por Corey Walker. Traduzido e adaptado por Gazeta Libertária.

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